Teste o seu Português (746)

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Antoine de Saint-Exupéry autor do livro O Pequeno Príncipe

Prof.ª Dr.ª Terezinha de Jesus Bellote Chaman (*)

O DITO E O VISTO: um jogo dialógico entre o eu e o outro.

Analisando o jogo dialógico entre o eu e o outro, que perpassa a obra “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry, comento, de um lado, como o texto ancora a imagem e pode indicar um nível correto de leitura. A isso Barthes nomeia interação; de outro lado, mostro como a imagem, em função complementar, ilumina o texto, dando-lhe maior vida e expressão. Por derradeiro, quer queiramos, quer não, “as palavras e as imagens revezam-se, interagem, complementam-se e esclarecem-se com uma energia revitalizante” (Joly, 2003, p. 33). Assim, fica claro que quanto mais se trabalha sobre as imagens, mais se gosta das palavras. E nesse jogo texto/imagem, emerge o implícito da obra: a sabedoria do encontro eu versus o outro, numa dimensão tridimensional.

I – Introdução

Definindo texto, assim se pronuncia Ingedore V. Kock: “Trata-se, necessariamente, de um evento dialógico (Bakhtin), de interação entre sujeitos sociais – contemporâneos ou não, co-presentes ou não, do mesmo grupo social ou não, mas em diálogo constante.” Falando sobre palavra e imagem, Godard assim se manifesta: “São como cadeira e mesa: se você quiser se sentar à mesa, precisa de ambas.” Se a contemporaneidade aponta para a civilização da imagem; se a declaração parte de um homem de imagens que reconhece a especificidade e complementaridade de cada uma das linguagens, não há o que temer quanto ao desaparecimento da civilização do escrito.

A leitura é uma atividade multifacetada: é complexa, é plural. Gilles Thérien (1990, p.1-4) “Pour une semiotique de la lecture” [“Por uma semiótica da leitura”] propõe cinco dimensões no processo leitural: neurofisiológico, cognitivo, afetivo, argumentativo e simbólico.

Sabe-se que a argumentatividade permeia todo o uso da linguagem humana e está presente em qualquer tipo de texto, não apenas nos classificados como tal. E é essa dimensão que privilegiaremos na leitura imagístico-textual de O Pequeno Príncipe.

Se a linguagem é constitutivamente dialógica, por natureza (Bakhtin), necessário se faz que se abra o diálogo com o texto; necessário se faz que se desmonte o texto; necessário se faz que se “rompam” as palavras e se desvendem as imagens. O diálogo metalinguístico só se abre ao se levantar o véu do dito e do visto, ao perscrutarmos-lhes os sentidos mais ocultos, ao buscarmos, até sofregamente, o percurso figurativo (isotopias) do texto.

Na desconstrução do texto como produção de sentido, vai-se construindo uma rede de significações, vai-se trançando significados. Vai-se mergulhando na essência das palavras e das imagens. Vai-se penetrando na “pretensa neutralidade” do discurso do texto narrado (no caso fábula, alegoria e/ou parábola) e levantando-se o véu que revela o fortíssimo argumento da tridimensionalidade do homem. Se a leitura naïve, a mais realizada, direciona o livro às crianças, a leitura crítica coloca-a entre as leituras para adultos, ou melhor dizendo, para a criança que deve ou deveria fazer morada nas pessoas grandes. E no ir e vir, entre a desconstrução e o desvelamento, entre a análise detalhada e a síntese, nas sucessivas releituras, surge a clara essência do jogo texto-imagem: o ser humano é um ser da comunicação. E comunicação não apenas no macrodomínio dos seres brutos, dos seres orgânicos, do homem. Mas no macrodomínio do homem em relação triádica: 1º) com o homem (consigo mesmo): 2º) com o outro (sensações, desejos, afetos, pensamentos); 3º) com o mundo (infinito, metafísico e/ou transcendente). É a apologia do grande diálogo, que ultrapassa o sentido individual e proclama seu sentido antropológico (alteridade), a necessidade de ir ao encontro do outro, num processo conscientemente argumentativo: racional/emotivo de busca, de autocultivo, de sofrimento, de aprendizagem, de sabedoria, de autorrealização, de felicidade, de encontro e de espera. Eis a razão pela qual elegemos a dimensão argumentativa como estrela-guia para a desconstrução da obra. Eis porque acreditamos na dimensão tridimensional, que subjaz às palavras e às imagens desta pesquisa. E por nela crermos, afirmamos, com Friedrich Nietzche, ao avançar na tese de que a comunicação guarda uma estreita correlação com o aparecimento da consciência: “a consciência é uma rede de comunicação entre os homens”. E, com Luiz C. Martino, reiteramos: tal formulação indica corretamente a natureza do processo comunicativo como um fenômeno de consciência, fenômeno simultaneamente coletivo e individual. (continua na próxima edição).

Teste o seu Português:

01 – João, você quer parar de ___________ a sua colega?
a ( ) orissar;
b ( ) oriçar;
c ( ) ourissar;
d ( ) ouriçar.

02 – Era motivo de __________ entre toda a família.
a ( ) regozigeo;
b ( ) regozijo;
c ( ) regozijio;
d ( ) regosijo.

03 – Às vezes, ser __________ é atitude de quem é inteligente.
a ( ) subimiço;
b ( ) submisso;
c ( ) submiço;
d ( ) subimisso.

04 – Usar pneu ____________ não é recomendável.
a ( ) recalxutado;
b ( ) recauxutado;
c ( ) recauchutado;
d ( ) recalchutado.

05 – Ele teve um ___________. Um __________ que não era bom!
a ( ) preçágio – alguriu;
b ( ) pressájio – augurio;
c ( ) presságio – augúrio;
d ( ) preçájio – algúrio.

06 – Sua _______ era tão velha, que perdeu a ________.
a ( ) valize – valides;
b ( ) valise – validez.

07 – Infelizmente, foi uma __________ de erros imperdoáveis.
a ( ) seqüência;
b ( ) sequência;
c ( ) seqüênscia;
d ( ) cequênsia.

08 – Assinale a frase correta.
a – O queixoso pinchou-se na água, livrando-se das abelhas.
b – O queichoso pinxou-se na água, livrando-se das abelhas.
Você sabe qual a correta?

09 – Era um garoto __________. Não gostava de tomar banho.
a ( ) pioiento;
b ( ) pioliento;
c ( ) piolhento;
d ( ) piolhiento.

10 – O produto feito à base de leite chama-se:
a ( ) latissínio;
b ( ) laticínio;
c ( ) latecínio;
d ( ) lacticínio.
e ( ) lactissínio.
Atenção: existem duas respostas corretas.

(*) Pesquisadora do GEPEFA – Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Famílias – UNESP/Franca. (até março de 2024).

RESPOSTAS:

Resp 1.: d – João, você quer parar de ouriçar a sua colega?
Ouriçar (= provocar, enervar).
Resp 2.: b – Era motivo de regozijo entre toda a família.
Regozijo (= contentamento, satisfação).
Resp 3.: b – Às vezes, ser submisso é atitude de quem é inteligente.
Submisso (= obediente, dócil, servil).
Resp 4.: c – Usar pneu recauchutado não é recomendável.
Recauchutado (= recapado, restaurado).
Resp 5.: c – Ele teve um presságio. Um augúrio que não era bom!
Presságio e/ou augúrio (= sinal).
Resp 6.: b – Sua valise era tão velha, que perdeu a validez.
Valise (= mala de mão).
Validez (= validade).
Resp 7.: b – Infelizmente, foi uma sequência de erros imperdoáveis.
Sequência (= série de coisas que se sucedem, sucessão).
Resp 8.: A frase correta é a letra a.
O queixoso pinchou-se na água, livrando-se das abelhas.
Queixoso (= aquele que se queixa).
Pinchou-se (= atirou-se, lançou-se).
Resp 9.: c – Era um garoto piolhento. Não gostava de tomar banho.
Piolhento (= muito sujo, imundo).
Resp 10.: b – d – O produto feito à base de leite chama-se: laticínio / lacticínio.
Obs.: A variante lacticínio é pouco usada. (Borba 2004 – Dic. UNESP Port. Cont.).

OBS.: Colunista semanal dos jornais Diário do Grande ABC (SP) e Jornal de Araraquara (SP), Jornal Independente – Dois Córregos (SP), Tribuna do Norte – Natal (RN), Jornal de Nova Odessa (SP), Diário da Franca – Franca (SP) e Diário de Sorocaba – Sorocaba (SP) – Jornal de Itatiba – Itatiba (SP) – O Liberal Regional – Araçatuba (SP) – Diário da Serra – Tangara da Serra (MT) – Gazeta Penhense – Penha/SP – Gazeta do Ipiranga/SP.

 

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