Teste o seu Português (745)

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Autora, Ana Maria Machado, obra infanto-juvenil, Abrindo Caminho.

Prof.ª Dr.ª Terezinha de Jesus Bellote Chaman (*)

UM OLHAR EM TRÍADE: CAMINHOS ABRINDO ESPAÇOS (continuação)

Visão de paraíso: das ilustrações emergem sorrisos, tranquilidade, paz, olhares que se cruzam, mãos que se encontram, promessa de vida, vida que é encontro, exploração do íntimo, olhar dirigido ao coração. E salta aos olhos, nas ilustrações, a intersecção do ontem e do hoje: o dito e o visto na banca do Cristóvão, no bar do Tom, na lavanderia Shangai, na livraria Alighieri, nas mudanças Oriente e no avião de Dumont. E podemos dizer, com Leloup (2001), que não estamos na Terra para manipular objetos, mas para viver encontros. É a explosão metonímica da obra: no destino tecido de cada homem, o destino do Homem.
Benveniste (1989), falando sobre a subjetividade na linguagem, deixa clara a impossibilidade de definir o homem sem ela. Linguagem entendida como atividade, como forma de ação interindividual, dual, finalisticamente orientada. Como diz Geraldi (1985), trata-se de um jogo que se joga na sociedade, na interlocução, e é no interior do seu funcionamento que se pode procurar estabelecer as regras de tal jogo.
Podemos dizer que a atividade linguística envolve: um trabalho de representação, de referenciação e de regulação. Exemplificando, o sujeito constrói suas representações do ponto de vista psicológico, subjetivo, individual, mas ele não pode parar aí: tem de ir além, num processo de socialização (do que pertence ao outro) e tem de seguir avante, na instauração do diálogo criativo entre o eu e o outro. Na busca, confronta-se com as palavras, com as frases, com as orações, com o discurso. Na busca, apela-se para as atividades metalinguísticas: repensa-se a língua, debruça-se sobre ela, reflete-se, analisa-se a estrutura morfossintática. Mas não basta. Não termina aí o investimento. A linguagem é indeterminada. As palavras apenas e simplesmente apontam para “direções grosseiras”, a ambiguidade é constitutiva. É no esforço de encontrar os desencontros das palavras “tão pobres, tão magras, tão vazias”, que se encontra a liberdade, que se lança no abismo aberto pelo surgido sulco. Vai-se! Procura-se na densidade do texto, procura-se na experiência pessoal, vai-se à gênese… para voltar-se ao sintagma, novamente (atividades epilinguísticas). Ao desambiguizar, o sintagma se ilumina, o sentido do texto se aclara. Então é que, verdadeiramente, o processo ativo do sujeito afora. É o dito levando ao visto, porque todo o texto envolve um processo de interlocução, e neste processo nasce a leitura, nesse processo nasce a produção de sentido.
E Iser (1996) vem pontuar muito bem. A escola de Constança (Estética da Recepção) coloca a leitura em seu devido lugar: o leitor é o que interessa, mas… ele não pode ler o que quiser. Porque o texto tem indicativos. E é através destes, que temos de lê-lo.
Deste modo, podemos e devemos estabelecer relações e pontos comuns entre as três atividades: linguística, metalinguística e epilinguística. É o ato de semear que fará a colheita melhor ou… pior. Exemplificando: ao investir no texto Abrindo Caminho, faço uma viagem, um jogo espiralante e/ou espiralado, que me fará sair do mundo da indeterminação das palavras (linguagem), passar pelo mundo visível da gramática do texto (metalinguagem) e direcionar o olhar para a atividade metalinguística inconsciente, para a gênese e aí atingir a linguagem das linguagens, a linguagem dos vasos comunicantes, onde o dito se torna visto. Em síntese, se aceito o jogo espiralante, não simultâneo, mas progressivo, paulatino, faço aflorar o indeterminado das palavras, faço emergir plenamente o esquema de interação.
O leitor implícito de Iser (1996) explica a relação com o sentido e a parte subjetiva da recepção. A leitura, retomando os termos do autor escolhido para tal trabalho, é uma dialética entre protensão e retenção. É um processo de ir e vir. Neste ir e vir dá-se o sentido. O sentido primeiro é questionado, parte-se para a nova leitura. Nasce o outro sentido, mais amplo, enriquecido, mais repleto de possibilidades. E o leitor, caçador de sentidos, lança-se em busca da luz, da energia que emana do texto. Na argumentatividade, inscrita nos enunciados de Abrindo o Caminho, o jogo da linguagem verbal e não verbal. No redizer das histórias componentes das tríades, a tríade “nova”, a nos dizer que o maior desafio é a busca, e, para começar, a grande força é a vontade. Não basta viver, é preciso ousar.
Com Iser (1996), reiteremos: o texto é um potencial de efeitos que se atualiza no processo da leitura e se o sentido pretende ser sentido, precisa ser pregnante. E se a estética do efeito compreende o texto como um processo, privilegia a Literatura num momento social de sua não evidência.

Autora, Ana Maria Machado, obra infanto-juvenil, Abrindo Caminho.

Teste seu Português

1 – O que significa matula, no contexto?
Não vou deixar a matula em qualquer lugar.
a ( ) papelada;
b ( ) vestes íntimas;
c ( ) provisão de víveres para viagem;
d ( ) gaiola de pássaros.

2 – O que significa a palavra mátrio no contexto?
O mátrio poder é generosamente grande.
a ( ) arma antiga;
b ( ) referente à mãe;
c ( ) planta comestível;
d ( ) osso do corpo humano.

3 – O que significa obnubilar, no contexto?
Muito barulho vai obnubilar meu pensamento.
a ( ) dificultar;
b ( ) facilitar;
c ( ) inverter;
d ( ) transformar.

4 – O que significa pingue, no contexto?
O terreno tornou-se pingue, após as chuvas.
a ( ) molhado;
b ( ) pedregoso;
c ( ) escorregadio;
d ( ) fértil.

5 – O que significa ripanço, no contexto?
Sr. Manuel acordou com um ripanço danado.
a ( ) dor de cabeça;
b ( ) ressaca;
c ( ) moleza;
d ( ) molhado de suor.

6 – ____________ ao molho branco, que delícia!
Vamos completar adequadamente?
a ( ) Talharim;
b ( ) Talharine;
c ( ) Talharini;
d ( ) Talharin.

7 – É preciso ____________ os menores infratores.
a ( ) reçocializar;
b ( ) ressocialisar;
c ( ) ressocializar;
d ( ) ressosialisar.

8 – O que significa homizio, no contexto?
Era um perfeito homizio! Quem diria!
a ( ) homem pequeno;
b ( ) homem grande;
c ( ) bandido;
d ( ) desclassificado;
e ( ) esconderijo.

(*) Pesquisadora do GEPEFA – Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Famílias – UNESP/Franca. (até março de 2024).

RESPOSTAS

Resp 1.: c – No contexto, matula significa: provisão de víveres para viagem.
Resp 2.: b – A palavra mátrio quer dizer: referente à mãe.
Pátrio refere-se a pai. Ex.: Pátrio poder.
Resp 3.: a – No contexto, obnubilar significa: dificultar, confundir.
Resp 4.: d – No contexto, pingue significa: fértil, fecundo, produtivo.
Resp 5.: c – No contexto, ripanço significa: moleza, preguiça, indolência.
Resp 6.: a – Talharim ao molho branco, que delícia!
Talharim (= massa alimentícia cortada em tiras). O talharim.
Resp 7.: c – É preciso ressocializar os menores infratores.
Ressocializar (= tornar a socializar).
Resp 8.: e – No contexto, homizio significa: esconderijo, valhacouto.

OBS.: Colunista semanal dos jornais Diário do Grande ABC (SP) e Jornal de Araraquara (SP), Jornal Independente – Dois Córregos (SP), Tribuna do Norte – Natal (RN), Jornal de Nova Odessa (SP), Diário da Franca – Franca (SP) e Diário de Sorocaba – Sorocaba (SP) – Jornal de Itatiba – Itatiba (SP) – O Liberal Regional – Araçatuba (SP) – Diário da Serra – Tangara da Serra (MT) – Gazeta Penhense – Penha/SP.

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