‘A Acácia é um exemplo para o Brasil’, destaca Edinho nos 20 anos da cooperativa

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Criada em 2001, Acácia levou dignidade às famílias que sobreviviam da coleta do lixo e contribui para a preservação do meio ambiente

Um evento na manhã de sábado (4) celebrou os 20 anos de criação da Cooperativa Acácia, na sede da entidade, e o Dia Municipal do Catador de Materiais Recicláveis, instituído por lei de iniciativa do ex-vereador Edio Lopes.
A Cooperativa Acácia possui cerca de 180 cooperados ao todo, sendo 80% de mulheres arrimo de família. São coletadas 500 toneladas de materiais recicláveis por mês, em média. A coleta seletiva abrange 100% de Araraquara desde 2018.
O trabalho realizado pela Acácia contribui para a preservação do meio ambiente, já que são reaproveitados materiais que levariam até 500 anos para se decompor, como latas de alumínio e plásticos.
Em sua fala no evento, o prefeito Edinho recordou memórias de quando era vereador, na década de 1990, e conheceu de perto a realidade de dezenas de famílias que viviam no ‘lixão’ e tiravam dali o seu sustento.
“Em 2001 assumo a Prefeitura e, em novembro, fizemos uma reunião de criação da Associação Acácia. A gente estava criando a associação e realizando um sonho: dar dignidade às trabalhadoras e aos trabalhadores do ‘lixão’. De lá para cá, foi uma longa jornada. Em 2003, a gente cria a coleta seletiva. Nós fomos acabando com a ideia de que catar lixo não era profissão. Fomos enfrentando esse debate e os recicladores começaram a ser reconhecidos como profissionais que ajudam a preservar o meio ambiente”, destacou Edinho.
“Hoje a Acácia é um exemplo para o Brasil, para a América do Sul, e para nós em Araraquara, de que o cooperativismo dá certo. Queremos que a Acácia seja a ‘mãe’ de tantas outras cooperativas que precisamos organizar. Viva a Acácia e viva os 20 anos da Acácia”, complementou o prefeito.
A presidente da Cooperativa Acácia, Helena Francisco da Silva, agradeceu a todos os envolvidos nesse trabalho desde antes da formação da cooperativa. “Em especial, ao prefeito Edinho Silva, que esteve conosco desde o ‘lixão’. Se não fosse esse homem acreditar nesse processo, não estaríamos aqui hoje”, declarou.
Helena ainda lembrou que a coleta de resíduos por parte da Acácia virou uma cultura no município, com as cooperadas e os cooperados trabalhando nas ruas, avenidas, condomínios e bolsões. “Temos catadores de todas as regiões da cidade e de Américo Brasiliense. Temos muito orgulho desse povo que faz esse trabalho.”
A coordenadora do Trabalho e de Economia Criativa e Solidária, Camila Capacle, parabenizou todos os cooperados. “Vocês são guerreiros e honram a coleta seletiva. Mostram que podemos preservar o meio ambiente e tornar o mundo melhor. Tenho muito orgulho de vocês. Contem sempre comigo para o que precisarem. Parabéns pelos 20 anos de história”, disse.
O superintendente do Daae, Donizete Simioni, agradeceu Helena em nome de todos os envolvidos no projeto. “Muita gente apostou e se envolveu na criação da Acácia. A crença em um futuro melhor faz a gente acreditar em projetos como esse. Obrigado, Helena, por ser a protagonista e a pioneira nesse projeto. A luta é de vocês. Cada um de vocês, catadores, é responsável por fazer a gente acreditar que pode transformar a sociedade em uma sociedade mais justa e fraterna.”
O vereador Paulo Landim (PT), representando a Câmara Municipal, também parabenizou Helena e os demais cooperados da Acácia. “O cooperativismo é muito importante, principalmente para as pessoas que mais precisam. A Acácia cresceu muito nesses 20 anos e continua crescendo. Vocês estão de parabéns”, disse o parlamentar.
Também participaram do evento o chefe de gabinete, Alan Silva; a secretária de Governo, Planejamento e Finanças, Juliana Agatte; o coordenador de Participação Popular, Anderson Morfy; além de diretores e gerentes do Daae e de cooperadas e cooperados da Acácia.

História

O processo de coleta e destinação dos resíduos tem sido desenvolvido em Araraquara desde os anos 1990. Esse trabalho era feito, em um primeiro momento, quase em sua totalidade por trabalhadores autônomos (desorganizados).
Embora a maioria dos catadores de recicláveis tenha continuado a trabalhar de forma autônoma, a partir do final dos anos de 1990 inúmeros catadores passaram a se organizar no sentido de garantir o reconhecimento da importância de sua atividade – tanto em termos econômicos como ambientais.
Esse trabalho começou por iniciativa de Helena Francisco da Silva, catadora de recicláveis do extinto lixão de Araraquara, que buscava levar mais dignidade para as pessoas (a maioria delas mulheres) que também tiravam do lixão o sustento da família (adulta, separada, sem emprego e mãe de 5 filhos, Helena seguiu o conselho de uma amiga e se tornou catadora de recicláveis no extinto ‘lixão’ de Araraquara na década de 1990).
Em 2001, com o apoio da Prefeitura, foi organizado um grupo de 40 catadores independentes que estavam sobrevivendo do lixão nos últimos 10 anos (entre as 60 famílias que trabalhavam no aterro). Esse grupo passou a ocupar a usina de triagem e foi responsável por criar a Associação Acácia dos Trabalhadores de Materiais Reaproveitáveis de Araraquara, juridicamente constituída em 2002, sendo a primeira associação de catadores de Araraquara.
Em 2005, a Acácia foi estatutariamente transformada em cooperativa: Cooperativa Acácia de Catadores, Coleta, Triagem e Beneficiamento de Materiais Recicláveis de Araraquara, formalizada em fevereiro de 2006.
A partir de 2008, a cooperativa passa a realizar convênios com o Governo Federal (BNDES e Funasa), possibilitando a aquisição de novos equipamentos, caminhões, computadores, treinamento de pessoal, prensa, etc. No final daquele ano, a cooperativa incorpora mais catadores que trabalhavam clandestinamente no aterro da cidade, chegando a 144 cooperados.
Em 2013, a Cooperativa Acácia foi declarada de Utilidade Pública pela Câmara Municipal pelos relevantes serviços prestados nas áreas ambientais e sociais.
Em março de 2018, houve a renovação do contrato com a Acácia com acréscimo dos serviços de triagem e retirada de material reciclável dos PEVs (bolsões) e ecoponto do Carmo e seu transporte com caminhão próprio da Cooperativa até a ETRS (Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos). O Daae passou a fornecer 5 caminhões com carroceria tipo baú para o recolhimento dos bags.
Em 2019, a pavimentação e a iluminação da Avenida Gervásio Brito Francisco, que dá acesso à Cooperativa Acácia, foi eleita como prioridade pela Região 7 do Orçamento Participativo. A obra começou em agosto de 2021, num investimento de R$ 1.159.632,17 (via Finisa).
A Acácia mantém diálogo com os setores públicos e privados e já foi eleita uma das dez melhores cooperativas de recicláveis do Brasil. Além de presidente da Acácia, Helena se tornou integrante da Coordenação Nacional do Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis (MNCR), membro do Conselho Gestor da Rede Anastácia, catadora mobilizadora representante da Rede Anastácia no Projeto Cataforte e membro da Comissão Municipal e Nacional dos Direitos Humanos.
Como reconhecimento pelo trabalho desenvolvido na Acácia, Helena recebeu o título de Cidadã Araraquarense em 2012 e o 7º Prêmio Heleieth Saffioti – Mulher Destaque em março de 2018. (Secretaria de Comunicação – Prefeitura de Araraquara)

 

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