Assistir a noticiários televisivos, ler jornais, revistas e ouvir as ondas do rádio, tornou-se ultimamente um exercício de tortura, diante da avalanche do noticiário negativo que a Mídia em geral nos impõe goela abaixo. Isso passou a ser um programa de índio. Não bastasse a inversão de valores que estamos assistindo onde o Bandido, o mentiroso, o ilusionista e as catástrofes passaram a fazer parte do poder dominador da mídia em conquistar audiência, temos também que engolir o horário político gratuito que é um verdadeiro festival de mentiras e promessas que sabemos irrealizáveis. Mas, é obrigatório por Lei: uma das poucas que são rigorosamente cumpridas neste País.
Chegamos a uma triste conclusão que a própria Mídia (principalmente a televisiva) tem uma grande responsabilidade nesta escalada de violência que estamos vivendo. Dão espaço enorme a bandidos, corruptos, traficantes e sonegadores. As grandes redes deveriam ignorar todo tipo de notícia que coloca em evidencia bandidos do tipo Fernandinho Beira Mar. Como um homem como esse ainda pode comandar de dentro de presídios, ditos de segurança máxima, o crime organizado?
São pouquíssimos os programas exibidos nas grades da televisão aberta que são capazes de levar à população um pouco de cultura e de informação instrutiva. A grande maioria é um incentivo à vida fácil, a violência e ao consumismo. Lembre-se por exemplo da novela da Rede Globo, “O Beijo do Vampiro”. Uma verdadeira contra-cultura, uma violência descabida à imaginação de nossas crianças. Uma novela assim teria algum sentido na Inglaterra onde a lenda dos vampiros foi criada.
Fico pensando, será que em um País de dimensões continentais como o nosso, tão privilegiado em relação a fenômenos catastróficos (Terremotos, Maremotos, Tufões e Vulcões), que é habitado por um povo alegre, criativo e batalhador, não é capaz de produzir notícias boas que possam elevar a auto-estima da população? Existem sim muitas notícias boas a serem veiculadas, o problema é que elas não rendem ibope, não geram polêmica, não causam impacto.
Seria gratificante poder, após um dia de trabalho, sentar com nossos filhos à frente da Televisão e assistir programas que acrescentassem um pouco de cultura, notícias agradáveis que não incentivassem a violência, novelas instrutivas e educativas, propagandas mais fieis com a nossa realidade de consumo.
Enquanto assistimos a luta silenciosa de nossos agricultores, tentando aumentar a cada ano a produção de grãos para saciar milhares de famintos que aumentam diariamente; enquanto presenciamos pacientemente, a cada dia a modernização engolir nossos empregos, enquanto acompanhamos a cada ano a luta de nossos jovens na busca de uma vaga no mercado cada vez mais restrito da Universidade Publica em nosso País para depois de bacharelados ir para as ruas trabalhar de sacoleiro, enquanto vemos a verdadeira alquimia de nossos assalariados e aposentados tentando sobreviver com um salário de fome, assistimos também esse crescente número assustador de bandidos diplomados na universidade do crime que são nossos presídios, criando novos métodos para escravizar a população dentro de seus próprios lares com a suposta omissão de um governo ineficaz na condução da Segurança Pública, de uma mídia ávida por notícias que lhe renda Ibope e por um manto cada vez maior e extenso da tão alardeada impunidade.