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Queda Anunciada

Antonio Delfim Netto (*)

Um dos maiores feitos do governo Lula na economia, a redução dramática do constrangimento externo, ameaça tornar-se um fiasco pelo efeito da super valorização do Real, sustentada pela espantosa diferença entre a taxa de juro real interna e a externa. O diferencial que tanta felicidade traz ao sistema financeiro não é a causa única, como bem sabem os agentes do “mercado” e o nosso Banco Central, patrono do espetáculo: o Real tinha mesmo que valorizar-se diante da expansão de nossas exportações e dos saldos comerciais facilitados pela fraqueza das importações, própria de uma economia em baixo crescimento. A valorização excessiva, no entanto, é fruto da insensatez da política monetária que recebeu o beneplácito dos governos para mostrar ao mundo que existe uma economia abaixo do equador que é capaz de sustentar as maiores taxas de juro real do mundo por dez anos seguidos, sem perecer. Uma economia cujo setor produtivo é tão forte que agüenta a dupla espoliação do crédito e da tributação há uma década e … no entanto, “se muove”!

O setor exportador, responsável principal pela redução do constrangimento nos últimos três anos, já não consegue esconder os sinais de fadiga decorrentes da supervalorização cambial. Há mais de um ano temos insistido (sem nenhum sucesso) em mostrar ao governo o quanto a balança comercial é sensível à taxa de câmbio e a insensatez da política monetária que repete, passo a passo, o monumental equívoco que produziu no primeiro quadriênio de FHC o constrangimento externo que bloqueia o crescimento da economia .

É difícil entender porque os governos não aprendem: só agora, depois do Ano Novo de 2006, as autoridades que dizem querer estimular exportações acordaram para a gravidade do problema do câmbio. Mas só depois que o ritmo de crescimento das exportações desabou para 4% em janeiro (já vinha caindo desde novembro de 2005). Estamos assistindo à morte de milhares de pequenas empresas, centenas de médios empresários e empresárias que foram obrigados a desistir de exportar ao longo dos últimos doze meses. São exatamente empresas de maior inventividade, pequenas indústrias onde a inovação é mais ativa, que tinham descoberto novos nichos no mercado externo, à custa de muito trabalho, engenho e arte. Elas tiveram que deixar o campo livre para competidores instalados em países onde os governos não perseguem os exportadores. Foram expulsas pela “originalidade” de uma política monetária que tornou o Real a “commoditie” mais valorizada do mundo e continua sustentando a escandalosa arbitragem de taxas de juro.

(*) E-mail: dep.delfimnetto@camara.gov.br

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