Na entrevista, coordenada pela colaboradora-poetisa Sarah Coelho Silva, mais um exemplo de realização pessoal. Stela Máris Delbon Silva se entusiasma com o momento rico em oportunidades em que as escolas públicas passam a ser, escancaradamente, da família. São abertas aos finais de semana, transformadas em centros comunitários, com o propósito de atrair os jovens, crianças e suas famílias para usufruir dos espaços voltados à prática da cidadania. São desenvolvidas atividades artísticas, culturais e esportivas e, acima der tudo, o encontro de gente para enriquecer a amizade.
JA – Qual é o objetivo do Programa Escola da Família?
SMDS- É a colaboração para a mudança do quadro de violência que rodeia a nossa sociedade.
O programa está proporcionando aos jovens algumas atividades diferenciadas do seu cotidiano. Aprendem sem nenhuma cobrança: atividades de saúde, cultura e qualificação para o trabalho e o esporte.
Como é formada a logística organizacional do programa?
É formado por um Técnico Pedagógico de apoio, um Supervisor de Ensino, um Coordenador de área, um Coordenador da Unidade Escolar, um Educador Profissional, um Educador Universitário e Educadores Voluntários.
Qual a sua função nesse Programa?
É de Educadora Profissional. Tenho a missão de coordenar, organizar, buscar parcerias e trazer voluntários habilitados em diversas áreas.
Tenho que exercitar um ato de cidadania, solidariedade de construção da concepção do ser, conviver, fazer e conhecer para a formação de atitudes positivas que valorizem a vida.
Por que se envolveu nesse programa?
Por acreditar que tudo pode ser transformado, reciclado.
Acredito em novos caminhos, na superação das incertezas, nos nossos jovens e principalmente na mudança da educação para que todos os espaços da vida tendem a se tornar educativos.
Qual é o público-alvo?
São crianças e adolescentes que não têm opção de irem a um clube, ou fazer um passeio com a família.
Para tirar o jovem da rua, que pode ser um local perigoso, hoje as escolas abriram seus portões para oferecer, sem restrições, educadores habilitados para orientar e conduzir de maneira diferente e interessante.
O que representa a “Escola da Família” para as crianças?
Tudo de bom, oportunidades onde os jovens e crianças ocupam lugar de destaque.
Considerando que a adolescência é um período de transição entre a infância e a vida adulta, esse é um momento privilegiado para a incorporação e discussão de valores e atitudes positivas que serão decisivas para o estabelecimento de um convívio social saudável, solidário e ético.
As famílias das crianças participam?
A participação das famílias tem sido pequena, devido ao acúmulo de afazeres domésticos nos finais de semana.
Como participar do Programa “Escola da Família”?
A Escola está 8 horas aberta nos finais de semana.É só vir e participar como um voluntário que deseja doar um pouco dos seus conhecimentos contribuindo para um desenvolvimento melhor dos nossos jovens, menos favorecidos. Ou para usufruir dos espaços escolares: aprender ou praticar esportes. Nós da equipe estaremos recebendo com os braços abertos.
Quais atividades desenvolvidas?
Atividades culturais, de qualificação para o trabalho como: curso básico de língua japonesa e italiana, dança de Jazz clássico, artesanato, desenho de mangá, exibição de fitas de vídeos, atividades de saúde (doenças tropicais, orientação e cuidados com os animais domésticos), atividades esportivas (jogos populares, brincadeiras e esportes coletivos).
Do que as crianças gostam mais?
De futebol e desenho de mangá. O futebol por ser um esporte popular no nosso país, que corre em suas veias. O desenho de mangá, pela influência da televisão em desenhos animados (animes), como Pokémon, Dragon Ball, Yu Gi Oh que são os desenhos japoneses do momento.
Qual a escola que você atua com esse programa?
Na E.E “Antonio Lourenço Corrêa”, localizada na Vila Xavier, com um monte de gente boa: a universitária Raquel Rodrigues Rabello, estudante de Pedagogia da Unip; universitárias da Uniara, que cursam o Normal Superior (Ana Carolina Rodrigues, Lígia Maria Daniel Valério, Lucilene de Oliveira Marçola, Benedita vaz Cristensen e Sarah Coelho Silva); as estudantes Ana carolina Ribeiro e Michele Delbon Silva, a mãe Selma e o professor de Jazz, Edison (ex-aluno dessa escola).
Como tem sido o retorno para educadores e crianças?
Está sendo gratificante para ambas as partes, para quem doa um pouco do seu conhecimento e a alegria de quem recebe.
Isso é uma metodologia alternativa, sem nenhuma cobrança e acaba desenvolvendo a auto-estima e a criatividade.
O Programa também entra em férias?
Não, só vai dar uma pausa para as festas de fim de ano e depois volta com toda a força, dia 10 de janeiro de 2004, das 9 horas às 17 horas, direto.
Quais as propostas para 2004?
A proposta é pintar a escola com as crianças participando e grafitar alguns muros, onde as crianças terão oportunidade de ter conhecimento sobre o muralismo. É a arte da pintura mural que engloba o conjunto de obras pictóricas realizadas sobre parede, levar ao conhecimento que a pintura mural tem raízes no instinto primitivo dos povos de decorar seu ambiente e superfícies das paredes para expressar idéia, emoções e crenças.
Teremos cursos variados de artesanatos e língua estrangeira, e muitas outras atividades no decorrer do ano de 2004.
Deixe um recado…
Ser jovem no mundo, hoje, significa lidar com desafios que nenhuma outra geração precisou lidar. Precisamos de doadores de conhecimentos.
Participe como voluntário nas escolas públicas do seu bairro, no Programa Escola da Família, assim você estará contribuindo para um futuro melhor dessas crianças e fará parte da história delas.
Doe seu conhecimento e receba o carinho das crianças.