Aprender a brincar de ser feliz é o tema que a professora Toninha desenvolve em sua aula de educação física. Poderia ficar no aquecimento, alongamento e exercícios localizados, mas, com seus alunos realiza um trabalho planejado e realimentado pelo ideal de amar o que faz e a mentalizar resultado que transforme a criança, dando ou aumentando-lhe a auto-estima. É a construção de uma trilha mágica e plenamente palpável que leva à felicidade, hoje e agora, sem traumas e preconceitos. É possível amar, é viável lutar para atingir a meta. “Eu posso e, com a adesão de meus colegas, tudo fica mais fácil e a vitória é democrática e afetivamente compartilhada”. Essa, a filosofia que tem norteado a sua aula de vida no tradicional 1º grupo da Vila Xavier, na EEPG “Antonio Lourenço Corrêa”. Timidez, gagueira e outros problemas de comportamento são diluídos, dando lugar à comunicação direta, sem rodeios. A criança ocupa um lugar privilegiado no mundo do redescobrimento, das interações.
A Profa. Toninha consegue levar seus alunos a se conhecerem a si mesmos, descobrindo o sentido real da vida, descobrindo que somos capazes de tudo a fim de Ser para, ao depois e até como consequência, Ter.
As técnicas e
a boa vontade
Para alcançar esse objetivo, a Profa. Toninha desenvolve técnicas de percepção corporal, isto é, leva o aluno a perceber o próprio corpo que, segundo Gaiarsa, significa em todas as situações reconhecer as intenções, tanto as que vão expressas nas palavras como as que vão incluídas no tom de voz, nos gestos, nos olhares, na expressão da boca, enfim, no jeito do corpo.
Para Rubem Alves, o nosso corpo ao nascer é um caos grávido de possibilidades à espera da palavra que fará emergir, do silêncio, aquilo que ela invocou. É um lugar fantástico onde mora, às vezes adormecido, um universo inteiro de possibilidades.
Artesãos
da beleza
Educadores são todos aqueles que têm o poder de fazer a metamorfose do corpo. O corpo é um produto da educação. Então, infere-se que na mediação linguística do mundo está também a mediação linguística do corpo. “Nunca vi nada que se relacione, ainda que de longe, à educação para o amor. E haverá objetivo mais importante? Amar é coisa que tem a ver com o corpo, corpo que sabe se entregar, que sabe ser brinquedo, sabe brincar. Saber ver, saber ouvir, saber sentir cheiros, saber sentir gostos, saber sentir na pele. Aprender o mundo humano é aprender uma linguagem, porque os limites da minha linguagem denotam os limites do meu mundo. E Paulo Freire diz que Ensinar exige a corporeificação das palavras”, afirma a Profa. Toninha com o entusiasmo de quem prepara uma argila, para ao girar em sua bancada, dar-lhe a forma desejada.
Essa professora da rede pública vibra com o resultado de seu trabalho e, juntamente com as atividades físicas tradicionais, jogos desportivos e recreação – com a máxima e autêntica comunicação na base do olho no olho – leva o aluno a ampliar a capacidade dos seus cinco sentidos para, então, descobrir a importância do sexto que é o diálogo com o seu Deus interior e o Deus do Universo.
“Tudo que está encima está embaixo”, isto é, tudo que contém o Universo, está contido no nosso universo corporal e só percebemos tudo isso através da consciência respiratória. Conseqüentemente, uma boa postura física, mental e espiritual”, assinala.
Um lugar ao sol
A professora objeto de homenagem pelo JA (numa proposta da mãe Adriana Cristina que acompanhou o progresso da filha Bianca e torce para que tal metodologia continue a ser oferecida), a Profa. Toninha consegue devolver a consciência corporal aos seus alunos através de exercícios de atenção, concentração e meditação. Onde o aluno aprende a cuidar de si, assim compreendendo a sua função no seu contexto social.
Aprender a brincar de ser feliz nada mais é do que aprender a não julgar a si mesmo e nem ao próximo. É aprender a tolerar, a perdoar a si mesmo e ao próximo, é aprender a amar inclusivamente e não exclusivamente. Porque o amor INCLUSIVO é um estado do ser. O amor inclusivo é amar a si mesmo, através das pessoas, dos pássaros, das árvores, da natureza, do Universo, é quando e onde você descobre o poder de Deus em si mesmo. Enquanto o amor EXCLUSIVO – ensina ainda a mestra homenageada – é o amor possessivo, é o amor que restringe tanto que acabará matando-o. No amor exclusivo você destrói sua própria infinitude. Estará tentando colocar todo o céu em um espaço mínimo, um espaço tão pequeno que não será capaz de contê-lo. O amor exclusivo é ilusório, passageiro, enganador, destruidor.
Trabalhando o
corpo e a mente
A professora Toninha ensina tanto aos seus alunos como aos seus discípulos (ela é também personal training) que a vida é infinita em si mesmo, que somos seres ilimitados, que somos o que pensamos ser e que temos o que queremos ter.
A mãe Adriana lembra que a Toninha foi eleita “a professora do mês de março de 1999”, pelo EPTV. E que hoje está aposentada na Rede Pública, mas, tem muito a doar para seus alunos, com dedicação e extrema competência.