Oito de Março: outro Dia Internacional da Mulher

A alma

da Mulher

Nada mais contraditório do que “ser Mulher”…

Mulher que pensa com o coração, age pela emoção e vence pelo amor.

Vive milhões de emoções num só dia e…

…Transmite cada uma dela, num único olhar.

Cobra de si mesma a perfeição e vive arrumando desculpas para os erros, daqueles a quem ama.

Hospeda no ventre outras almas, dá à luz e, depois, fica cega diante da beleza dos filhos que gerou.

Dá as asas, ensina a voar, mas não eur ver partir os pássaros, mesmo sabendo que eles não lhes pertence.

Se enfeita toda e perfuma o leito, ainda que seu amor nem perceba tais detalhes…

Como uma feiticeira, transforma em luz e sorriso as dores que sente na alma, só pra ninguém notar.

E ainda tem que ser forte, pra dar os ombros para quem neles precise chorar.

Feliz do homem

que, por um dia,

souber entender…

…a alma da mulher!

(Autor Desconhecido)

Deus há de ajudar…

Rosa Godoy (*)

Como sempre, ela chega cedo ao trabalho, repassa as tarefas a serem feitas, respira profundamente como para adquirir forças e vai fundo. Durante o dia, entretida pela rotina, quase esquece da vida dura de mulher favelada. No final da tarde, no entanto, nada consegue desviar sua atenção do que lhe espera em casa: quatro filhos, com todas as suas demandas, problemas e situações as mais diversas. E o que é pior, com fome: de comida, de afeto, de atenção, de carinho. Como suprir tudo isso com salário mínimo, jornada de trabalho de 10 horas por dia, 2 horas de condução lotada, cansaço, desesperança? E sozinha… (os dois primeiros maridos se mandaram e o terceiro continua azucrinando sua vida toda vez que pega uma bebedeira).

Os filhos mais velhos, de 16 e de 20, sem eira nem beira, ainda por cima, roubam-lhe o sono, reféns que são do canto da sereia do dinheiro fácil do crime a lhes seduzir. Não dorme enquanto não chegam, o que não raro perdura por toda a noite. Das filhas, de 6 e 10, chega a lamentar a beleza pois conhece o destino do corpinho bem feito a encher de gulodice os olhos dos homens. Afinal, fora vítima do padrasto aos 8 e do tio aos 14. Sente um arrepio na espinha cada vez que pensa no que pode acontecer quando não está em casa. Mazelas da vida ou destino? Quem sabe…

Quantas vezes ouviu ôse não tinha como criar, por que teve?õ como se isso acalmasse a consciência dos que lhe colocam sobre os ombros toda culpa do mundo por ter sido mãe 5 vezes. Sim, porque o mais velho, nascido quando tinha 15 anos (filho do tio?) há muito não dá sinal de vida. Bem que soube que ele andou metido com quem não devia.

O drama de Luzinete é o mesmo de tantas mulheres, fadadas a criar filhos sozinhas e, ainda por cima, receber críticas por terem extrapolado o ideal de família que no caso dela, diga-se de passagem, foge por completo do padrão “pai, mãe e dois filhos (um menino e uma menina)”, brancos, ricos, jovens e bem sucedidos, bem ao gosto de propaganda de margarina – vigente no ideário de praticamente toda a nossa sociedade. No caso dela, ao contrário, trata-se de uma mulher negra, sozinha, pobre, mal-sucedida, que teve a audácia de colocar 5 filhos no mundo. Tem que pagar por isso, pensarão alguns.

A última PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio-2001) mostrou que 25% das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres e este número cresce para 30 a 35% nas classes mais desfavorecidas. O fenômeno, conhecido como feminização da pobreza, por vincular a miséria à chefia feminina da família, muitas vezes acompanhada do grande número de filhos, tem sido observado em quase todas as sociedades terceiromundistas. Não é também à toa que nessas sociedades, ainda por cima, constata-se precariedade de equipamentos sociais e de medidas coletivas para conter ou minimizar os problemas das mulheres.

Soluções individuais aparecem de todos os lados, em especial, o acesso à informação e aos meios anticoncepcionais como forma de controlar a natalidade e assim conter a pobreza (e, por extensão, o subdesenvolvimento do país, de acordo com a Teoria Neomalthusiana). A realidade, no entanto, mostra que as mulheres têm acesso a tais meios e que, portanto, o buraco é bem mais embaixo: nas condições globais de vida que não permitem que as pobres optem com o mesmo cabedal que as das classes mais altas por uma família que consigam dar conta. Até porque, nada nem ninguém (a não ser elas próprias), é capaz de supor o tamanho da dor de ter que arcar sozinha com todas as crises e problemas dos filhos, sejam eles poucos ou muitos. É de solidão diante da vida que se está falando e isto não muda, com dinheiro ou sem ele, com um filho ou com meia dúzia.

Luzinete reza fervorosamente todos os dias, esperando uma solução mágica para suas agruras, repetindo sem parar: “No mês que vem as coisas vão melhorar, se Deus quiser, vão melhorar…”. E assim vai, de tombo em tombo, se erguendo aqui para cair acolá. “Deus há de ajudar…”

(*)É Enfermeira e colaboradora do JA

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