Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves (*)
Se você costuma falar ou mexer no celular enquanto dirige, trafegar sem o uso do cinto de segurança ou conduzir caminhão pela faixa esquerda das rodovias, tome cuidado. A Polícia Rodoviária Federal está utilizando drones para flagrar as infrações e multar seus cometedores. O equipamento já opera nas estradas de Santa Catarina e Minas Gerais, foi testado tempos atrás no Espirito Santo e, em breve, estará no Rio Grande do Sul.
O veículo não tripulado, que conduz a câmera de monitoramento a pontos aleatórios e distantes dos postos fixos e móveis de fiscalização, patrulha preferencialmente os locais onde, por estarem distantes do policial, das viatura e dos radares fixos, os condutores costumam descumprir os limites de velocidade e as normas de circulação e, com isso, arriscam a integridade física própria e de terceiros. Sabendo da possibilidade da fiscalização aérea, a tendência é respeitarem mais as normas e regulamentos. Por ser equipamento tecnológico de baixo custo, o drone substitui com vantagem o helicóptero que também conduz a câmera mas só opera tripulado e com alto custo tanto do equipamento quanto sua manutenção e combustível.
Há pelo menos 30 anos, somos defensores do emprego de câmeras para o monitoramento de vias publicas pois por maior que seja, a força policial não possui recursos e pessoal para estar presente em toda a parte. Desde o tempo em que as câmeras eram tecnologicamente primárias, sua utilidade era grande na medida em que evitavam a circulação de viaturas e mantinham as vias sob vigilância permanente através das centrais de monitoramento para onde os sinais eram transmitidos. Com um bom sistema de câmeras, a viatura e os policiais só irão aos locais mediante a ocorrência do delito ou suspeita de que está para acontecer.
Desde que as câmeras surgiram, muito evoluíram. A resolução e capacidade do aparelho foram ampliadas, adotou-se o reconhecimento facial e outros avanços que as tornam grandes produtores de provas. A internet é cada dia mais veloz e disponível e os aplicativos eficientes permitem acompanhar os veículos num trajeto e, mediante consulta aos arquivos, ter o seu histórico e os embaraços que poderão levar à sua retenção. Com isso, baixa-se a possibilidade e a facilidade do cometimento de crimes.
Todas as forças de segurança – não apenas a Policia Rodoviária Federal – terão um fantástico salto de qualidade em seus resultados no dia que estiverem devidamente equipadas pelo monitoramento de drones e câmeras. Mais ainda quando os sistemas dos diferentes órgãos estiverem trabalhando integrados e absorvendo até, para reforço, imagens produzidas na iniciativa privada, condomínios, shoppings e corporações. A vigilância é o preço da liberdade – diz o dito popular – e, quando é bem executada, com o emprego da melhor tecnologia disponível na época, o grande beneficiado é o povo. Um ponto que poderá ser altamente positivo na vigilância eletrônica é a adoção de um dos métodos do programa “Vizinhança Solidária” da Polícia Militar de São Paulo, destacada criação do coronel Temistocles Telmo, que, entre outros itens, instala a câmera na parte externa do imóvel e, dependendo do contrato, disponibiliza em tempo real para a Polícia Militar e seus órgãos de controle as imagens de quem transitou pelo local. O sistema, bem estruturado, dará condições para solução dos delitos e similares em curtíssimo tempo e com segurança absoluta.
O serviço público é melhor prestado quando não se limita a apenas repetir antigos procedimentos. Estes devem ser acrescidos dos recursos modernos para com eles tornarem-se mais eficientes. E ainda mais: os engenhos tecnológicos, conforme vão se tornando disponíveis, podem ser utilizados por qualquer um do povo. Se a Segurança Pública não absorvê-los, é grande a possibilidade dos esquemas criminosos fazê-lo, tornando mais difícil a solução dos evento antissociais. Há casos já identificados de vendedores de drogas instalarem câmeras para controlar a chegada da polícia e, com isso, ter tempo para esconder sua mercadoria criminosa antes da chegada dos agentes da lei. Quem não utiliza a tecnologia corre o risco de dela tornar-se refém ou vítima.
(*) É dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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