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Não destrua o Gaspa

Dra. Clara Pechmann Mendonça (*)

Prezado Geraldo Polezze:

Fiquei deveras emocionada ao ler o Editorial do Jornal de Araraquara, nesse domingo.

Obrigada pelas palavras, pelo seu gesto sempre gentil, pela análise feita. Creia que minha vida foi assim pactuada por uma grande razão – o amor, o grande amor transmitido pelos meus pais e a maneira como sempre demonstraram a necessidade de solidariedade, do carinho para com aqueles que necessitassem de algo.

Logo em seguida li o artigo sobre o GASPA, aquele Gaspa sempre comentado em jornais, programas de Rádio e mesmo de Televisão, aquele Gaspa de praças públicas, de Escolas, de Indústrias, etc. etc. Como num filme, tudo voltou à minha mente e me vi no dia 22 de Agosto de 2001 no pátio da FACIRA, logo após o desfile em homenagem ao aniversário de Araraquara, frente ao Sr. Miranda, hoje Presidente da Entidade.

Como estava Secretária da Saúde e, sentindo as dificuldades em colaborar, como sempre fizera com o Gaspa, solicitei ao “amigo” que me ajudasse. Lembrei que o cargo de Vice-Presidente estava vago e que sobrecarregava, assim, de muitas obrigações a Sra. Tesoureira. Expliquei a necessidade de mais um colaborador e, diante de sua aceitação, solicitei que marcasse um dia e eu convocaria uma reunião da Diretoria e dos Voluntários para as devidas apresentações. E depois passaríamos a pensar numa eleição para preenchimento da vaga.

Os dias passaram e nada de avisar, porém comecei a notar algumas diferenças de trato com pacientes e mesmo da Diretoria.

De repente fui convidada para uma reunião e tomei, assim, conhecimento da formação de uma chapa para eleição. O Sr. Miranda apresentou-se como candidato à Presidência e um outro Sr. como Vice. Alguém da reunião perguntou: e a Dra. Clara? Ao que ele logo respondeu: “ela já cumpriu a sua parte, tem outro serviço. Está fora”.

Senti-me sem poder articular nenhuma palavra, ninguém disse nada, apenas fiquei ouvindo e ainda a custo, quando escolhiam o Tesoureiro, indiquei a Sra. Emiliana. Calada, ferida no meu íntimo ouvi que eu poderia ficar no Conselho Deliberativo ou Fiscal. Não sei, mas agradeci e não aceitei nenhuma função, apenas consegui, de forma autômata, tirar as chaves do Gaspa de minha bolsa e as entreguei.

Procurei, ansiosamente, nos Jornais da Cidade, a divulgação da chapa concorrente, como manda o Estatuto e nada vi. No dia e horário da eleição fui votar. Nova surpresa, ninguém ainda tinha conhecimento da chapa e de repente chega o Sr. Miranda com a lista. Ao tomar conhecimento indaguei-lhe o porquê da escolha e ele, de forma áspera, defendeu-a. Anulei meu voto e sai para não mais voltar.

Meu grande número de amigos me permite saber de muitas coisas. As vezes, até o que não desejaria jamais ter conhecimento. Ao certificar de atos negativos sofridos pelo Gaspa, procurei um dos Diretores, a quem prezo muito pela sua honestidade frente a um grande trabalho, mas ele demonstrou não acreditar em mim.

Assim, continuaram os dias difíceis para o Gaspa, criado e tratado com amor, desvelo, dignidade, honestidade e tudo mais, como se fosse o mais rico presente oferecido por Deus à nossa Araraquara e Região.

E hoje, quantas coisas já se sucederam? Como desejaria dizer a esta Diretoria que não destrua este “cantinho de amor” onde tantas lágrimas foram derramadas, onde tantos corações se animaram e recomeçaram a viver, abençoando o sofrimento e chegando mais perto de Jesus. Não destrua o que foi tão difícil de ser conseguido. O Gaspa não é da Clara Pechmann, não é de ninguém, é de Araraquara, é do nosso irmão sofredor, é para aquele que quer vencer, quer viver e precisa da ajuda de uma mão amiga. Não destrua aquilo que tanto beneficiou a tantos, aquilo que a nossa comunidade de pobres, remediados e ricos, católicos, protestantes, espíritas, judeus, ateus e muitos outros ajudaram a construir, ajudaram a erguer. É preciso lembrar da luta dos Voluntários, das horas que abandonaram seus lares, seu lazer, a sí próprios para servir a ONG.

É necessário uma reflexão profunda, o Grupo de Apoio e Solidariedade ao Portador do Vírus HIV é coisa séria, coisa de DEUS.

Diante deste filme, meu coração suplica a Jesus que ajude o Gaspa a vencer e jamais a se destruir.

Jornalista Geraldo Polezze, obrigada por estas lembranças que precisavam sair do meu coração, pois quero caminhar na paz de Deus.

Sinceramente agradecida.

(*) É uma cidadã araraquarense.

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