Seis horas da manhã, abre-se o Clube Náutico. Lá fora, uma quantidade grande de carros. Sócios esperando para pegar suas cabines onde pescarão. Muita seva, de milho cozido e de quirera ou, ainda, jogando farelo bem distante de onde pescam. Com a certeza de os peixes comerem. Com isso, pegarão também as iscas que estão nas varas, nos molinetes e linhas. Chego bem nessa hora e só vou embora com a madrugada que toma conta desse clube maravilhoso que se chama Náutico, com seus 60 alqueires de represa onde são depositados muitos pacus, tambaquis, piaras e dourados que vão se adaptar e crescer para ser fisgados e dar alegria aos pescadores. Existe no Náutico uma escada que recebe os peixes do Rio Mogi-Guaçú, quando da Piracema. Depois vão para o lago de onde dificilmente voltarão ao Mogi. Eu vou me perdendo na beleza da fazenda, cheia de flores e mato, onde habitam centenas de bichos: pacas, cotias, tamanduás… até lobo-guará se percebe. Há, também, uma variedade grande de pássaros, garças de todos os tamanhos e cores, pintos d’àgua, saracuras, pombas de todas as espécies, beija-flor (feito pelas mãos de Deus), sabiás de todos os tipos desde o laranjeira com seu canto maravilhoso até espécies menos cantantes, bem-te-vís aos bandos, canários-da-terra, coleirinha, papa-capim, corvos, anus de rabo comprido e comum, andorinhas pequenas e grandes, gansos, marrecos e patos selvagens. A gente se perde contando as espécies que habitam o Clube Náutico. Falam, os pescadores noturnos, que lá ainda tem jacarés e sucurís, além de variedades de serpentes com e sem veneno. Da entrada do Clube à barragem, onde vou pescar, são cinco quilômetros que em princípio se vai por ruas calçadas, depois no mato. Aí a gente se derrete de ver tanta beleza num Clube tão perto da nossa cidade. No fundo da estrada se vê o T onde uma maioria gosta de pescar. É lá que eu vou. O T atravessa todo o lago e fica a uns seis metros de uma fazenda vizinha. Lá cabe uns duzentos pescadores acomodados. Durante uma tempestade eu estava no T, e o comentário de alguns engraçadinhos que aquilo parecia o Bateau Mouche, pois, dava a impressão que todos iriam se afogar. Foi uma grande farra, a chuva passou e a pescaria continuou, numa boa.