Mais juízo, gente boa!

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José Renato Nalini (*)

Trinta por cento da população brasileira, ou cerca de sessenta e dois milhões de seres humanos, vivem abaixo da linha da pobreza. Desses, dezoito milhões estão na miséria. O que significa um percentual de oito e meio de nacionais em condições de uma existência indigna.

Mais de oitenta milhões estão inadimplentes, ou seja, potenciais candidatos a engrossarem a legião dos desamparados pela sorte.

Diante desse quadro lamentável, é de causar estupefação que as discussões nacionais se restrinjam a aspectos insignificantes da coexistência e não foquem o que é essencial.

Uma Constituição que Ulisses Guimarães chamou “Cidadã”, é instrumento hábil a fazer com que todos os humanos tenham o direito a ter direitos, na clássica observação de Hannah Arendt.

Reduzir essa condição iníqua não é caridade, não é filantropia, mas é responsabilidade comum ao Estado e à sociedade. Até por interesse econômico. A inclusão da faixa excluída representará acréscimo substancial do PIB tupiniquim.

Todos os brasileiros que não perderam residual estoque de consciência precisariam se empenhar nesse combate à desigualdade. Ele começa com uma educação de qualidade e esta não é apenas a escola convencional. Aprender por autodidatismo é uma vocação natural de quem não se conforma com os números desta nação imensa, tão provida de potencialidades, mas carente de ética. A ciência do comportamento moral do homem que vive em sociedade.

Não é impossível reverter essa nefasta tendência de se caminhar sempre para trás, de se antever a piora da situação, o crescimento do que é ruim e perverso. Basta assumir o compromisso de, no limite de sua capacidade, fazer algo que redima um semelhante dessa condenação ao ostracismo social. Alfabetizar um analfabeto, aprimorar a condição intelectual de um desprovido de conhecimento capaz de mudar o seu destino. Incentivar o empreendedorismo, despertar cada semelhante para o caos que se avizinha se não houver sólido investimento em consciência ambiental.

O Brasil dispõe de inúmeros talentos. Somados, formam potencial transformador apto a realizar milagres. Não se subestime a força de pessoas de boa vontade, se estiverem de fato interessadas em vivenciar o grau civilizatório que reside nos discursos e que tão longe se encontra da cruel realidade. Muito juízo, gente boa! O Brasil tem jeito, se você de fato se convencer disso.

(*) É Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral da Academia Paulista de Letras. (Imprensa Renato Nalini – e-mail: [email protected])

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