Segundo a imprensa especializada, desta semana, o abominável Lupo deve morrer nos próximos dias, vitimado por uma violenta batalha contra as forças do bem.
Já não era sem tempo. O personagem vem causando cenas aterrorizantes ao longo dos últimos meses…
É bem verdade que o fato narrado está nos próximos capítulos de uma obra de ficção, a novela Os Mutantes Caminhos do Coração, veiculada pela Rede Record de televisão. Nela, seus autores atribuem superpoderes aos personagens e os envolve em cenas de lutas viscerais, enredos e efeitos especiais de qualidade duvidosa.
Para Araraquara, chama atenção a coincidência do nome Lupo. Referência a uma tradicional família, (terceira geração) dona de uma das maiores empresas de confecção do País; e, no caso, refere-se a um diabólico personagem de folhetim eletrônico.
Fato é que o telespectador, este sim uma frágil vítima da sangrenta guerra por audiência, recebe em sua casa representações da luta do bem contra o mal, do justo contra o injusto, do Flamengo versus Corinthians, de governo e oposição, da TV Globo e da Record. Como se a vida pudesse ser resumida a um modelo maniqueísta, como se as pessoas fossem simplesmente boas e más e, conseqüentemente, seus atos e relações carregassem uma espécie de etiqueta identificadora com o código de barras.
Falta criatividade aos autores de novela, que diga-se de passagem vai de mal a pior, mas, não apenas na escolha do nomes de seus personagens e elaboração de suas tramas como também falta de respeito à população. Os telespectadores merecem uma programação que estimule a procurar novas e melhores formas de convivência, que os disponham tolerantemente a encontrar amigos nas ruas e não adversários. A novela poderia ser um instrumento didático, interessante para a transformação desse nosso mundo. (Da redação do J.A.)
