Jornalista e radialista Wagner Luiz fala sobre sua trajetória ao “Canal Direto com a Prefeitura”

Na terça-feira (16) foi comemorado o Dia Mundial da Voz. Para falar sobre o assunto, o “Canal Direto com a Prefeitura”, programa produzido pela Secretaria Municipal de Comunicação, convidou o dono de uma das vozes mais marcantes de Araraquara: o jornalista e radialista Wagner Luiz.

Wagner relembrou o início de sua trajetória. “Eu trabalho com a voz há 41 anos. Era um bebê na época, olha só. Eu sou da cidade de Bauru, sou de uma família pobre e comecei a trabalhar muito cedo, com 12 anos de idade. Aos 14 anos, fui trabalhar em uma fábrica de brinquedos e o rádio ficava do meu lado. Eu ouvia rádio o dia todo, ouvia muita música e conheço muita música, mais do que a maioria das pessoas por conta disso, porque tive uma convivência diária com o rádio, isso antes de qualquer coisa com a voz. E todo mundo dizia para eu ir trabalhar no rádio, que eu tinha uma voz de radialista. E eu dizia que não, que iria tirar o emprego de alguém. Lógico que era uma brincadeira”, contou.

Ele relatou que, na época, abriu uma nova rádio em Bauru, a Cidade FM, e um amigo que tinha um conhecido dentro da emissora o chamou para fazer um teste, mas no meio do caminho surgiu uma outra oportunidade. “No Centro da cidade, encontramos com um outro amigo dele. Os dois começaram a conversar e esse amigo dele disse que estava precisando de um locutor na rádio. O meu amigo respondeu que tinha achado, apontando para mim. O rapaz perguntou se eu era locutor e eu disse que não, que nunca tinha nem visto um microfone. Ele disse pra eu falar de novo e gostou da minha voz. Disse para eu subir e fazer um teste. Ele pediu para eu ir até o 17º andar, onde ficava a FM 94. Eu subi, fiz o teste. E tem até uma história legal que, quando eu entrei, eles estavam fazendo uma reforma e estavam apenas com um estúdio, não estavam com o estúdio de gravação. Ele pediu para deixar o contato que ligaria em 20 dias. Passou o tempo, não ligou, e depois de um mês eu fui lá e a moça da recepção ficou feliz que eu tinha chegado porque ela tinha perdido meu telefone. Fiz o teste, entrei e fui devagarinho na rádio, mas já como locutor. Comecei com um programa chamado Night People, a hora maldita do rock. A primeira música que toquei foi ‘Worried About You’, dos Rolling Stones, em 1984”, relembrou.

Desde então, Wagner Luiz nunca mais deixou de trabalhar no rádio. “Trabalhei na 94 de Bauru. De lá eu vim para a Morada e trabalhei uns dois anos. Fui para a Morada FM e trabalhei por mais de 20 anos, inclusive fui diretor artístico durante todo esse período. Também trabalhei alguns anos na Rádio Cultura, também como diretor artístico, e hoje estou na Brasil FM, onde sou diretor artístico e trabalho como jornalista”, mencionou.

Por conta dessa experiência, ele começou a ministrar aulas de rádio no Senac. “Fiquei no Senac por 26 anos. Essa meninada que tem hoje no rádio aí, todos passaram pelo Senac e tivemos a honra de apresentar essas pessoas para a legião de fãs do rádio”, observou.

Wagner também deixou algumas dicas para manter uma boa voz. “A voz é característica de cada pessoa e as cordas vocais são músculos. Por exemplo, se você está em um carro, você não precisa estar com o som ligado, com o vento batendo, e conversando com outra pessoa. Certamente, quando você chegar ao seu destino, a voz vai estar destroçada. Isso porque você está fazendo uma competição, gritando, falando alto. Uma coisa que eu nunca faço é gritar. Raramente eu grito, a não ser em caso de necessidade. Tomar muita água faz bem. O pessoal fala que comer cebola faz bem, mas isso não tem nada a ver, vai dar só um bafo. Falam também de fazer um gargarejo com chá de romã, mas o gargarejo fica na parte de cima do pescoço e a corda vocal fica para baixo, então você faz um gargarejo só para garganta e não tem nada a ver com a voz. Uma outra coisa que é fantástica para quando estiver com a voz cansada é ficar em silêncio. O silêncio é o melhor remédio para a voz”, assegurou.

Ele também deu dicas para as pessoas que estão começando no rádio. “No meio do ano passado eu me aposentei do Senac depois de 26 anos e por ali passaram muitas pessoas, por exemplo, o Álvaro Taniguti. O Álvaro veio para Araraquara, se sentou do meu lado e tivemos uma interação tão boa que eu falei para ele trabalhar comigo na rádio, em um programa chamado Programe-se. Ficou comigo durante muito tempo. Ele sempre me perguntava como minha voz é igualzinha do momento em que eu chego até a hora de ir embora. Ele dizia que fazia o programa em um pequeno período e a voz ia embora. Isso acontece quando se fala muito alto, perde muito a voz. Tem que ter uma dosagem. E uma dica que dou é que esse trabalho é um sacerdócio, porque você é locutor o tempo todo, todo o tempo. Outra coisa: valorize o que você faz. Às vezes vemos pessoas falando que gravam por cinco reais. Para você chegar a um nível dos grandes comunicadores, você precisa de treinamento, de trabalho, de tempo e aí você tem que valorizar isso. Como eu sempre dizia para os meus alunos, quem está fazendo curso de rádio é diferenciado, é um artista da voz. É uma pessoa que tem um talento diferente. E aqui aproveito para deixar meus parabéns a todos os radialistas de Araraquara e do Brasil, porque é um dom de Deus”, frisou.

Wagner também comentou sobre as amizades que surgem entre o ouvinte e o locutor, que muitas vezes nem se conhecem pessoalmente. “Temos muitos relatos de pessoas que têm no comunicador uma companhia para todos os momentos. Tem gente que liga no rádio todo dia só pra dizer bom dia, para conversar um pouquinho com aquele amigo que está do outro lado e às vezes nem conhece. Comigo acontece todos os dias, da pessoa começar a conversar comigo e reconhecer a voz, perguntando se eu sou do rádio. Todo mundo fala isso. A gente tem um certo orgulho por isso por ser de uma categoria diferenciada”, completou.