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Existe a metade da laranja?

Marilene Volpatti

Tem pessoa que passa a vida inteira procurando a sua metade. Todos possuem defeitos que ela não aprova.

Fabiana não quer muita coisa. O namorado tem que ser inteligente, independente, boa aparência e, de preferência, com dinheiro. Existe gente assim? Evidentemente, sim. Mas não serão esses dados que irão segurar a relação do casal. Fabiana sempre acha que falta alguma coisa. Falta mesmo, ou o problema está com ela?

O desejo de achar a cara-metade perfeita está ligado a um profundo sentimento de inferioridade e à necessidade de compensá-lo. Embora as pessoas envolvidas nessa busca apontem os defeitos nos parceiros, como o motivo principal do relacionamento não dar certo, geralmente são seus próprios defeitos, percebidos por elas mesmas, que as levam a condenar o outro.

Inconscientemente, essas pessoas procuram um “espelho”, alguém que diga quem são. Não têm noção da própria identidade. Quando criança, dependeram dos pais para adquirir-la. Se tudo correu bem recebem muitas mensagens dizendo que são especiais. Mas o processo não para aí. Depois de adultos, à medida em que se relacionam com os outros, dão informações sobre elas mesmas. O certo é que nas melhores situações, dão de ombro nas opiniões dos outros. Com senso de identidade usam dos conhecimentos para avaliar os julgamentos que são feitos a seu respeito, quando pode dizer: “isto faz sentido” ou “Não me conhece realmente, por isso reage dessa forma”.

Se os pais cumprem bem a função de espelho, adquire-se um ego forte. Caso contrário, o senso de individualidade será vulnerável. Serão incompletos e precisarão de alguém para se completar.

Insuficientes

Se passaram três, ou sete parceiros por sua vida, pode-se dizer que o problema não é o ego. É só dar um tempo, pois somente aqueles que encontram muitos parceiros em potencial (e nunca se satisfazem) devem desconfiar de que há algo errado.

Para se descobrir alguém, não precisa ser necessariamente interessante. É provável que, sob a insatisfação, haja muita confusão sobre a intimidade.

A questão não é: “O que o outro deve ter para eu me apaixonar”, mas, “O que estou deixando de desenvolver em mim mesmo”. Ao invés de achar a pessoa certa, é construída passo a passo nossa auto-estima. Em vez de procurar um provedor, seremos ele próprio.

Nas pessoas de forte senso de identidade é que se encontram relacionamentos bons. Não dependem da opinião dos outros para se sentirem bem ou mal, tristes ou alegres.

Mas essa identidade não é adquirida se trancando em casa, dizendo palavras de positivismo para si próprio. O maior aprendizado está no relacionamento. Ele é o nosso verdadeiro espelho.

Mudando

Se nossos pais não nos deram senso de identidade, não adianta chorar o leite derramado. É mais inteligente descobrir o procedimento usado no passado para se adaptar à carência afetiva. Toda pessoa, quando criança, é obrigada a se adaptar para sobreviver.

Descobrir as coisas que desejamos, cultivá-las em nós mesmos e como aprender a fazê-lo leva tempo e exige coragem. Mas será muito mais gratificante do que ficar à procura infindável de um parceiro “certo”.

Chega um momento que paramos de procurar a excitação passageira para nos ligarmos a buscas mais profundas. Ou seja: nós mesmos. Paramos de encarar o outro como responsável pela nossa infelicidade e passamos a enxergá-los como uma pessoa agradável que não precisa ser mais nada além do que já é.

Geralmente a necessidade de se ter um espaço é marca registrada de pessoas que não sabem correr atrás daquilo que quer. De alguém que não tem idéia de como negociar. Só que não se fortalece emocionalmente evitando os conflitos. Bons relacionamentos só sobrevivem com honestidade.

A verdadeira liberdade não significa tempo livre. É a capacidade de conseguirmos ser nós mesmos, sem que para isso dependemos de alguém para sermos felizes.

Serviço

Consultoria: Drª Tereza P. Mendes – Psicoterapeuta Corporal – Fone:- 236-9225.

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