Rosa Godoy (*)
O pronunciamento da Dra. Clara Peckmman Mendonça à Câmara dos Vereadores de Araraquara ressaltou pontos importantes do enfrentamento da Aids. Além de tratar-se de grave problema de saúde pública, as medidas de controle e prevenção da doença devem levar em conta a mudança do seu perfil epidemiológico nos últimos tempos. De agravo que no passado privilegiava o sexo masculino, hoje, encontra-se disseminada igualmente entre as mulheres, numa relação de 1 homem para 1 mulher infectados pelo vírus HIV, segundo as últimas pesquisas americanas. No Brasil, os dados ainda não confirmam o fato, no entanto, estima-se que não seja difícil constata-lo, pois, o número de mulheres infectadas tem crescido assustadoramente, em especial, as contaminadas por parceiros fixos como maridos ou companheiros de uniões estáveis. Além disso, tem crescido também o número de adolescentes contaminadas, fato este concomitante com as gestações nesta faixa etária e que requer medidas preventivas específicas, lastreadas em intensa educação para a saúde.
Outro fato importante e que deve ser levado em conta são as mudanças do vírus HIV que, através de mutações (transformações que ocorrem na sua estrutura básica), tem adquirido formas e características diferentes das anteriores, já bastante conhecidas. Explicando melhor: até o momento, o vírus causador da Aids mais encontrado no Brasil tem sido o HIV 1-subtipo B. No entanto, recentemente, têm sido descobertos outros subtipos como F e C, além da ocorrência de recombinações genéticas entre os vários subtipos que levam a infecções diferenciadas e resistência ao tratamento utilizado para o subtipo B. É quase como se estivessem sendo descobertas novas formas de Aids, diferentes da anterior, que requerem novas formas de tratamento e controle.
Por essas e outras razões, é de suma urgência que Araraquara reassuma sua posição de liderança, como município pioneiro no enfrentamento da Aids, com políticas claras e precisas, advindas da experiência adquirida através de entidades como o GASPA. Vale lembrar que os feitos gaspeanos foram estimuladores de vários programas implementados em localidades da região e que, a partir de fevereiro de 2003 será desenvolvido na Universidade de São Paulo (capital), um programa inédito de educação para a saúde dirigido a trabalhadores da Coseas (Coordenadoria de Assistência Social) incluindo o tema em tela. Contará com a assessoria de Clara Peckmman Mendonça, fundadora do GASPA, e de Vera Lucy De Santi Alvarenga, docente da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara que, rompendo fronteiras, deixarão marcada sua importante contribuição à coletividade universitária tupiniquim. A gente de São Paulo agradece!
(*)Professora Titular – Escola Enfermagem da USP – Coordenadora da Coseas
E-mail: rmgsfon@usp.br