Pressões internas e sociais tornam a culpa materna um sentimento que afeta a saúde emocional das mulheres e suas relações familiares
A culpa materna surge como um dos sentimentos mais desafiadores para as mães, resultado de pressões sociais e internas que afetam diretamente sua saúde mental. No Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado em 10 de outubro, o tema ganha relevância ao mostrar como esse sentimento prejudica o bem-estar emocional e as relações familiares. Embora comum, especialistas indicam que a culpa, quando bem trabalhada, pode se transformar em uma ferramenta para o crescimento pessoal.
Rafaela Schiavo, psicóloga perinatal, uma das pioneiras de estudo nessa área, e fundadora do Instituto MaterOnline, explica que a maioria das mães já vivenciou esse sentimento em algum momento, seja pela sensação de não fazer o suficiente pelos filhos ou pela dificuldade em equilibrar trabalho e maternidade. No entanto, ela destaca que, quando abordada de maneira construtiva, a culpa materna pode fortalecer o desenvolvimento emocional e melhorar as relações com os filhos.
Por isso, reunimos as dúvidas mais comuns para ajudar a enfrentar esse sentimento da melhor maneira possível.
“O que é a culpa materna e por que acontece tanto?”
A culpa materna é um sentimento que surge por conta das junções sociais, pessoais e a realidade da maternidade. Muitas mães se sentem culpadas por não conseguirem atender a todas as demandas e expectativas que a sociedade e elas mesmas impõem. É quase como se a culpa fosse uma sombra que acompanha a maternidade.
“Como a culpa materna afeta a família?”
Essa culpa não só impacta o bem-estar emocional das mães, mas também a familiar. Faz as mães se sentirem ansiosas e distantes, o que pode prejudicar a convivência com os filhos e o parceiro.
“Como posso lidar com a culpa materna?”
É preciso pensar sobre seus sentimentos e entender o impacto deles na sua vida. Conversar com outras mães, aceitar que ninguém é perfeito, cuidar de si mesma e, se necessário, buscar ajuda de um profissional são maneiras de lidar com isso.
“Quando é hora de buscar ajuda profissional?”
Se a culpa estiver atrapalhando muito sua vida e sua felicidade, é importante falar com alguém que possa ajudar, como um psicólogo. Um espaço de diálogo seguro com um profissional pode abrir caminhos para a superação.
“Por que é importante ter informação e orientação?”
A orientação é fundamental para prevenir a culpa materna. Muitas vezes, esse sentimento surge da falta de conhecimento sobre o que é normal na maternidade. Ter informação, desde antes de ter filhos, pode preparar as mães para os desafios.
“É normal se sentir cansada da maternidade às vezes?”
Com certeza. Todas as mães se sentem cansadas ou frustradas em algum momento. O importante é saber que isso não te faz uma mãe ruim. Aceitar e conversar sobre esses sentimentos ajuda muito.
“Como a sociedade influencia a culpa materna?”
A sociedade tem grandes expectativas sobre as mães. Essa pressão cultural pode fazer com que muitas mulheres se sintam culpadas por quererem trabalhar ou por outras escolhas pessoais. Reconhecer e questionar essas expectativas é um passo importante para se sentir melhor.
Para lidar com a culpa, a psicóloga dá algumas dicas:
1) Falar com outras mães: Contar o que você está sentindo e ouvir as histórias delas pode fazer você se sentir menos sozinha.
2) Ser gentil consigo mesma: Entender que está tudo bem em não ser uma mãe perfeita. Porque mães perfeitas, além de não existirem, poderiam prejudicar o desenvolvimento do filho. Não é esperado que as pessoas tenham mães perfeitas, mas sim mães possíveis, ou suficientemente boas.
3) Cuidar de você: É muito importante reservar um tempo para cuidar da sua mente e do seu corpo.
4) Buscar ajuda se precisar: Se a culpa estiver difícil de manejar, procurar um profissional pode ajudar muito.
Quem é Rafaela Schiavo?
Profª-Dra. Rafaela de Almeida Schiavo é psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline. Desde sua formação inicial, dedica-se à saúde mental materna, sendo autora de centenas de trabalhos científicos com o objetivo de reduzir as elevadas taxas de alterações emocionais maternas no Brasil.
Possui graduação em Licenciatura Plena em Psicologia e em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Além disso, concluiu seu mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem e doutorado em Saúde Coletiva pela mesma instituição. Realizou seu pós-doutorado na UNESP/Bauru, integrando o Programa de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Desenvolvimento Humano, atuando principalmente nos seguintes temas: Desenvolvimento pré-natal e na primeira infância; Psicologia Perinatal e da Parentalidade.
(TG Comunicação)
Crédito: Drazen Zigic