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Até onde chegar para ajudar alguém

Marilene Volpatti

Quem é mais solidário entre si: o homem ou a mulher? Acredita-se que a mulher. Mas, na hora do apoio, ela confunde seus problemas com os dos outros.

Terapeutas afirmam que as mulheres possuem mais capacidade do que os homens para dar força umas às outras. Mas, ressalvam que é necessário agir sem impulsividade, não confundindo seus problemas com os dos outros. E cuidado: quantas vezes no envolvemos demais com assuntos de um amigo e perdemos sua amizade?

Namoro

Débora descobriu que seu namorado saía com outra. Questionado sobre o fato, ele negou jurando que jamais a trairia. Um tanto quanto insegura, procurou apoio em duas amigas. Tânia foi categórica: “Deixe-o imediatamente”. Verônica: “Desculpe-o. O que ele fez está errado, mas possui grandes qualidades”.

O conselho de cada uma refletia suas próprias experiências. Tânia havia acabado, recentemente, um relacionamento por motivo de traição. Ainda estava muito magoada. Verônica sempre teve dificuldade em manter um namorado e sempre seguia a máxima: “Ruim com, pior sem.” Na realidade nenhuma das duas foi capaz de analisar o problema de Débora. Era um caso específico que merecia luz própria.

Regras

Muitas vezes a raiva impede de ver os fatos claramente. O perigo é permitir que a conversa fique presa no patamar os homens são todos falsos. Esse tipo de generalização serve para intensificar sentimentos negativos. Para que isso não seja uma constante existem algumas regrinhas que podem e devem ser seguidas:

– Ouça. Não subestime jamais o valor de um ouvido atento. Na maioria das vezes é somente isso que o amigo necessita. Em qualquer circunstância, não fale mal da pessoa de quem está sendo feita a queixa. A queixosa pode fazê-lo, você não. Se o fizer, conseguirá pôr lenha na fogueira. Caso eles fiquem numa boa, quem ficará em maus lençois será você.

– Objetividade. Provavelmente o amigo espera lealdade absoluta. Mas, por que não tentar ver o lado do outro também? Procure mostrar o ponto de vista dele. Se mesmo assim a pessoa resistir, não insista. O importante é não concordar com o amigo só para agradá-lo. Podemos apoiar sem ter que afirmar: “Você está coberto de razões, o errado é o outro”.

– Não se imponha. Mais do que saídas, o amigo pode estar procurando a oportunidade para exprimir sentimentos. Quando se sentir compreendido estará pronto para a etapa seguinte. Saberá como lidar com o problema, pois, ao expor sua situação estará se organizando e encontrando resposta para si mesmo. Nunca force com colocações tipo: “Se eu fosse você.. “Você não é…”. O que é bom para um pode não o ser para outro.

O máximo que se pode fazer é listar as saídas dos prós e contras. Tente fazê-lo cercado de todas as alternativas possíveis. A decisão tem que sair única e exclusivamente da cabeça do amigo.

– Fim de casamento. Ela chora, não quer sair de casa. Como ajudá-la: mostre que você está disponível e sempre por perto, aberta a qualquer conversa. Fale que o tempo é o melhor remédio, que outros laços virão, que admira sua coragem. Não coloque limites para o “luto”, pois, algumas pessoas se recuperam rapidamente, enquanto outras levam até anos. Não cotuque a amiga. Falar será bom para ela, mas, não significa que você deverá ficar questionando-a o tempo todo. Deixe o papo rolar. Sua presença já será de grande utilidade. Leve-a para jantar, dê um bom livro, apresente um amigo descompromissado (se ela o quiser), e por fim, caso tenha criança no jogo, ofereça-se para ajudá-la nessa tarefa.

– Demitido do emprego. Qualquer pessoa fica desorientada ao perder o serviço. Nesse caso, a sua cabeça tem que ser fria para ser útil. Ajude o amigo a pensar nas opções, desde a caça de um novo emprego, voltar a estudar, mudar de profissão e dar algum tempo para se colocar e pensar. Incentive-o a considerar qualquer alternativa. Esse pode ser um momento ideal da vida para uma reavaliação. Quantas pessoas, ao perder um emprego, não mudam totalmente de vida para melhor. Poderá ser o caso do amigo.

Use de seus relacionamentos para apresentá-lo. Ajude-o a fazer seu currículo e tente fazê-lo recuperar a auto-estima. Afinal… amanhã será outro dia.

– Na morte e na saúde. Quando a genitora de Otávio faleceu, ele estava em exames de final de ano na faculdade. Seu melhor amigo tomou a iniciativa de levar suas lições para casa, fez cópias das anotações de aula e conseguiu adiar suas provas.

– Ana Laura vive com o pai que é viúvo e está numa cadeira de rodas. Uma amiga percebeu que ela estava à beira de um colapso. “Pense um pouco em você e suas necessidades”. Sempre que podia usava dessa frase. Finalmente Ana Laura conseguiu ver o estado em que se encontrava. Ligou para a irmã e pediu ajuda. Não fosse o empurrão da amiga teria entrado em parafuso.

Em ambos os casos as amigas seguiram o mesmo padrão. Avaliaram o que era preciso fazer e responderam da melhor forma possível. A coisa complica quando a pessoa não pede ajuda, ou acha que não precisa. Como agir quando ela está bebendo demais, usando drogas ou fazendo regimes perigosos? Nesses casos, não existem respostas fáceis ou seguras. Mas, mesmo assim, é melhor tentar intervir do que ficar assistindo à queda de um amigo querido.

– Julgamentos, não! Nunca diga: “Você está destruindo sua vida.” Esse tipo de comentário costuma ser recebido com resistência. Tente explicar que se interessa pelo seu bem-estar e que gostaria de manter uma conversa de amigos sobre seus problemas.

– Cuidado. Existem momentos em que é preciso limitar a quantidade de ajuda. Recuar e estimular um amigo a pensar por si mesmo pode até ser mais útil. Para quem possui muita sensibilidade, não é fácil cruzar os braços. Essas pessoas sentem-se culpadas e com dó. Gostariam de ser prestativas, e de ficar orgulhosas de si mesmo. Mas, é necessário ter em mente que, às vezes, não dá.

Se em alguma situação estiver confuso para ajudar um amigo, diga-o. Lembre-se que não é possível ter respostas para tudo. Não importa a seriedade do problema, tente não se envolver demais. Mesmo que você sofra, lembre-se sempre: a crise é do amigo, não sua. Conservando esse comportamento, você será mais objetivo e mais útil. Em qualquer situação, tente decidir até onde pode ir para poder entrar em ação.

Lembre-se: nem sempre um gesto seu de amor será entendido como tal. A outra pessoa poderá pegá-lo como intromissão.

Serviço

Consultoria: Drº Tereza P. Mendes – Psicoterapeuta Corporal – Fone:- 236-9225.

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