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A transição impossível no poder regional

Em Gavião Peixoto a expectativa diante de ação visando a anulação de votos e, quem sabe, da eleição. Em Boa Esperança do Sul a informação de que Antonio Nelson pediu e o prefeito Marelo não aceitou os termos. Em Américo Brasiliense o clima de guerra porque o casal Neusa-Octávio Dótoli pretende passar a limpo a prefeitura comandada por Cleide Berti durante 8 anos. Em Santa Lúcia, Trentim quer estar presente na visita do Júnior da Farmácia e não acha correto o prefeito eleito falar só com os funcionários. Enfim, nestas localidades de dimensão relativamente pequena, a transição não deve ser encarada como essencial para se determinar os destinos administrativos da cidade. Haverá muito tempo, a partir da posse, eis que é indiscutível o resquício, os arranhões da recente campanha eleitoral. O fundamental é que o povo não seja prejudicado, nunca!

Júnior da Farmácia finca o pé: não adianta conversar com o prefeito se não tiver elementos colhidos junto aos diretores.

Santa Lúcia pode não ter transição

O Júnior da Farmácia sai das urnas com números fortes que dirimem qualquer dúvida: a população queria trocar o prefeito.

Mas, pelo que consta dos bastidores, a transição está difícil (quase impossível) por causa de um simples detalhe: a presença de Trentim na hora da primeira conversa do Júnior e sua equipe (destaque para o respeitável pilar de sua campanha, o ex-vereador Zizo que a lei não permitiu disputar o pleito sucessório).

Neste momento, torna-se interessante a entrevista com o prefeito Trentim, a fim de esclarecer as indagações da população.

JA – Prefeito, como vai a transição em Santa Lúcia?

Trentim – Para a transição nós já tivemos um primeiro contato com o prefeito-eleito, o Júnior, mas, a forma de como faremos a primeira reunião ainda não foi definida. Quero neste início de dezembro tentar entrar num acordo com ele para a gente ver como iremos fazer a primeira reunião. Ainda não houve um consenso.

O que impossibilita essa transição?

Eu quero fazer uma reunião, junto com meus funcionários e com a equipe dele. Ele quer fazer uma reunião só ele com os meus funcionários. Eu não achei justo, acho que eu tenho que participar da reunião. Afinal de contas eu estou passando o cargo para ele.

A diferença portanto é a sua presença na reunião?

Isso, a minha presença. É que o Júnior queria fazer uma reunião só com os meus funcionários. Não vejo motivo porque para ficar ausente desse encontro.

E por que o Júnior não quer a sua presença?

Não sei, ainda não consegui saber. Mas, vou ter um novo contato nos próximos dias para a gente poder entrar num acordo e fazer a primeira reunião.

Qual a problema maior que existe na sua administração?

Não tem problema nenhum, estou com as minhas contas aprovadas até 2003. Vou entregar a Prefeitura com restos a pagar, idênticos ao que eu herdei. São dívidas perfeitamente sanáveis num mês de arrecadação. É o que vamos deixar para o sucessor. Quer dizer, o que ele assumir em janeiro são coisas do mês de dezembro e ele pode, no começo do ano, já que a arrecadação é muito boa. Tem entrada de IPVA, IPTU e tem o reflexo do ICMS das vendas do final de ano.

Quero deixar claro que estou deixando a Prefeitura exatamente como a peguei. É importante salientar que nesses 4 anos que eu fui prefeito consegui 2 milhões de recursos para obras que vieram do Governo Estadual e Federal. Estou aumentando o patrimônio imobiliário da Prefeitura em quase 1 milhão de reais. E estou aumentando o patrimônio móvel em 700 mil reais.

Vale dizer que o sr. encara sua administração como positiva?

Super positiva, nós construímos obras importantes que melhoraram o nível de vida da nossa população. Como a creche-berçário que abriga crianças de 0 a 3 anos. Santa Lúcia não dispunha desse melhoramento à população carente, à classe trabalhadora. Construímos mais um Posto de Saúde no bairro Nova Santa Lúcia, de 300 metros de construção que desafogou o antigo Posto de Saúde do Centro. Estamos entregando agora neste mês de dezembro o Ginásio de Esportes, construímos o Núcleo de Promoção Social que inclui Salão de Festas e quadras poliesportivas; concluímos 70% de asfalto do Bairro Novênio Pavan Filho; concluímos a adutora de água de dois quilômetros de extensão; reformamos a Delegacia e o Posto Policial, ampliamos a creche, a Escola Tânios Zbeidi e reformamos totalmente a Escola Padre Gregório.

Deixando restos a pagar, o sr. não estaria infringindo as normas da Lei de Responsabilidade Fiscal?

Olha, o importante para o Tribunal de Contas é você terminar a Prefeitura com superávit. Eu acho que o prefeito tem que mostrar que ele gastou menos do que arrecadou e isso é importante para o Tribunal e cumprir aquelas regras básicas da Lei de Responsabilidade Fiscal que é entregar com menos de 54% com o funcionalismo, gastar 25% com educação, gastar o dinheiro do Fundef (60% para o magistério e os 40% restantes em construções e transporte de alunos), gastar 13% com a saúde (nós estamos gastando hoje 26% com a saúde).

Então, a gente vê que as regras básicas da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Constituição Federal nós estamos cumprindo.

Todos os fundamentos do Tribunal de Contas estão sendo cumpridos?

O que não está sendo cumprido é aquilo que você pegou como se fosse um déficit, o resto a pagar da administração anterior. Isso, você continua passando para a próxima.

Agora, o importante é o saldo positivo, todas as obras que fizemos nesses quatro anos. Se nós tivéssemos só pensado em liquidar esses 600 mil reais (contas a pagar), nós não teríamos construído nada e a cidade não teria melhorado o nível de vida.

Trentim, qual o “abacaxi” que está sendo passado para o próximo prefeito?

Eu não vejo problema nenhum grave, nós estamos passando a prefeitura com um mês de arrecadação. Você vê por aí que têm muitos problemas chegando a passar com um ano de arrecadação.

Nós estamos passando apenas com um mês. Eu acho que se tiver um “abacaxi” é esse aí. Mas deve-se analisar: nosso quadro de funcionários está enxuto, a cidade está limpa e em ordem e todos os prédios públicos estão praticamente em níveis aceitáveis.

E a saúde como vai indo?

A saúde é um saco sem fundo para todos os prefeitos, mas, nós estamos gastando hoje com a saúde 1/4 de tudo que arrecadamos. Hoje, nós estamos gastando 26% de tudo que a gente arrecada, bem acima do que a Constituição e a Lei de Responsabilidade impõem que são 13%. Nós contratamos vários médicos, construímos o Posto do bairro Nova Santa Lúcia, investimos na consulta com hora marcada, acabamos com as filas de madrugada que existiam no município… então hoje a nossa saúde é constituída de dois Postos de Saúde, perfeitamente funcionando. Mais um Pronto Socorro. Nós adquirimos duas novas ambulâncias, compramos novos aparelhos para o sistema de saúde e a gente tem procurado envidar todos os esforços para que a saúde de Santa Lúcia seja uma das melhores do Estado de São Paulo.

E o remédio para o povo? Não adianta dar só a receita.

Não existe uma cidade no mundo, não vou nem falar no Brasil, que dê remédios para todas as pessoas. Eu tenho ouvido muitas promessas de que não vai faltar remédio para a população… agora, eu até hoje não vi nenhuma administração dar remédio à vontade para todos os munícipes.

Hoje, nós distribuímos o remédio que vem da Furp, que está nos postos de saúde. Além disso, gastamos cerca de três a quatro mil por mês, em remédios para as pessoas carentes. No pronto socorro não falta remédio emergencial, tem abundância. No entanto, remédio para toda a população…

Se tivesse remédio para toda a população, então, precisaria fechar todas as farmácias do município.

Prefeito, por que passar R$ 600 mil mais ou menos. Não teria como ter zerado?

Teria, era só não poderíamos ter feito obra nenhuma. Porque hoje quando o prefeito trabalha muito, ele acaba se complicando. Como nós construímos muitas obras, todas elas tiveram a contrapartida (dinheiro que o município é obrigado a investir para se habilitar ao recebimento da verba).

O governo – tanto estadual quanto federal – nunca dá o dinheiro total para o prefeito construir as obras. Então a prefeitura tem que entrar com a contrapartida e, ainda, com o mobiliário. Tem que mobiliar tudo aquilo para funcionar. E isso fez com que a gente se atrapalhasse um pouco porque tinha as contrapartidas e não poderíamos perder as verbas disponibilizadas.

O outro lado

O Júnior da Farmácia foi procurado para esclarecer sobre a transição administrativa. Após a declaração do prefeito Trentim à reportagem do JA.

Júnior, o que está faltando para a transição administrativa?

A transição pode ser feita, desde que haja um consenso entre as partes. Da seguinte maneira: foi proposto a mim uma reunião com o atual prefeito, eu e ele. Ele me passaria através de gráficos, através de documentos a situação atual da prefeitura. Não aceitei, fiz uma proposta no sentido de que pudesse ter acesso aos departamentos da prefeitura. Para que, assim, pudesse ter noção da situação da prefeitura hoje para, depois, sentar e conversar sobre a administração.

Não se trata de uma simples exigência, como vou conversar se eu não tenho acesso a documentos? Como vou fazer alguma indagação sobre o que o prefeito está me mostrando se eu não tenho uma prévia da situação da prefeitura?

Eu preciso dos documentos na mão para poder conversar com ele, para concordar ou discordar do que está sendo falado. Não basta querer a presença dele, preciso me inteirar da situação da prefeitura. Foi por isso que propus a ele ir primeiramente aos departamentos financeiro e pessoal para que, depois de estudado tudo, pudéssemos conversar.

Trentim diz que aceitaria colocar todos os diretores da prefeitura para a troca de idéias. Foi isso o proposto?

Foi proposto que ele e a tesoureira fizessem uma reunião comigo, ele ia me mostrar a situação da prefeitura. Aí propus que pudesse ter acesso aos departamentos, a fim de me interar da situação para depois poder conversar com ele.

Não poderia se encontrar com o prefeito Trentim agora, já que poderá conversar com todos os funcionários a partir de sua posse?

Como já expliquei, preciso ter acesso aos departamentos para depois conversar com ele a respeito da situação da prefeitura. Antes, eu tenho que ter os documentos de cada departamento na mão.

Prefeito Júnior, essa postura não é decorrente do impasse eleitoral, não é um resquício da campanha?

A eleição passou, foi ganha com uma margem muita boa. Eu não tenho nada nem contra nem a favor, o que importa pra mim é o cidadão de Santa Lúcia.

Conversa não é monólogo quando só um fala e você não tem como argumentar. Nada se compara ao diálogo democrático, como estou defendendo.

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