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A histórica turma de 1950

Olhem para o céu! Vejam que lua bonita!

Olhem para o céu, sem medo!

O Infinito já invadiu o tempo.

Alguns já foram ao encontro do futuro.

A eternidade é um abraço, como o abraço do céu na lua.

Mas o homem é muito mais importante que a lua. Mais que ela, merece o abraço do céu e das estrelas.

Anjos “peintres”, que em vida já sentiam a presença divina, no trivial das coisas…

Anjos “peintres”, vocês “farejaram” a eternidade, já na terra! Valeu a pena!

Astir Jorge

Astir Jorge: 91 anos bem vividos!

Cheia de vida, lucidíssima, “gastando-se” em prol do irmão, na APAE, há 21 anos. Que lição de vida!

“A alegria de dar e receber, o gosto de ser gente e de viver!”

Ternura é seu nome, Astir Jorge!

Astir Jorge, seu nome é Ternura!

“É preciso fazer alguma coisa,

livrar o homem dessa sedução voraz

da engrenagem organizada e fria

que devora a todos a ternura.”

“O problema do homem, hoje, está na necessidade de reconstruir para si um Eu íntegro, libertando-o das tendências do ego, ou seja, de todo o tipo de ambição e de ganância, uma vez que possui o Eu íntegro aquele que sabe se esvaziar, se despojar, para se enriquecer na comunhão com os outros.”

“Ao contrário do que diz Vieira, o ‘non’ não é ‘terrível’. É uma palavra inteira, acabada, por qualquer lado que se tome. Mais brilhante que a afirmação é sempre a negação. Porque a negação é a afirmação que pára no limite dos riscos.”

Astir, viveu cada momento presente com toda a carga de maturidade que a vida lhe impôs: artista, professora-educadora, doadora de vida-arte.

Não deixou para amanhã

o seu sorriso,

o seu abraço,

o seu carinho,

o seu trabalho,

o seu sonho,

a sua AJUDA…

Não deixou para amanhã!

O momento presente é tão grande. Não nos afastemos, vamos de mãos dadas.

Ernesto Lia

“O meu olhar é nítido como um girassol.

Tenho o costume de andar pelas estradas

Olhando para a direita e para a esquerda,

E de vez em quando olhando para trás…

E o que vejo a cada momento

É aquilo que nunca antes eu tinha visto,

E eu sei dar por isso muito bem…

Sei ter o pasmo essencial

Que tem uma criança se, ao nascer,

Reparasse que nascera deveras…

Sinto-me nascido a cada momento

Para a eterna novidade do Mundo.”

(Alberto Caeiro)

“O artista é aquele que fixa e torna acessível aos demais humanos o espetáculo de que participam sem perceber.”

Quantos jovens desperdiçam e esbanjam todos os dons que lhe foram outorgados e ainda assim acreditam estar vivendo: não lutam pela vida.

Parabéns, Ernesto, que conhecendo suas qualidades, como a águia da lenda de Castilla, aprendeu a voar alto.

DEUS o abençoe, querido artista, por usar suas faculdades e talentos, por acreditar na vida, por abrir a asas, voar pelos céus e alcançar, como aquela águia, seu próprio lugar, o cimo da montanha.

Quando tudo se torna descartável: produtos, bens da natureza e até as pessoas, que paradigmas deixaremos para os olhos e os corações sedentos de nossos jovens ?

“Araraquara tem condição de auto-referência.”

“Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.”

(Ricardo Reis)

“M. Ernesto Lia, peintre moderne des Beaux-Arts brésiliens.”

(Vernissage – le 30 novembre 2000)

Francisco Amêndola

Amêndola, uma só é a certeza: “a vitória final é das flores e não dos espinhos.”

“Amêndola: Aqui em Araraquara , poderíamos fazer alguma coisa. Agitar? Encontraria eco ?

Lafayette: Sabe ? Hoje não me interessa mais lutar com isso. Lutei demais, e com bons princípios. Agora, cansei.

Amêndola: Tudo isso é o retrato da sociedade pós-moderna que se assemelha a uma massa esponjosa, que se movimenta compacta, mas translúcida, ao mesmo tempo. Absorve tudo, nossos sonhos e nossas intenções. Uma sociedade que se mostra alheia aos fenômenos e aos fatos, alheia à importância do que ocorreu historicamente. Indiferente, ela não nos dá resposta.

Lafayette: O que ocorreu foi uma inversão. E me deixa descontente ver a pouca importância que se dá à tradição. Não no sentido de conservadorismo. Hoje a cultura inferior está influenciando a cultura superior, quando deveria ser o contrário.”

(trecho do catálogo – Exposição Retrospectiva – setembro 1987)

Lazzarini trouxe a sua vivência européia vanguardista, trouxe livros e mais livros sobre os pintores mais incríveis e atualizados. Foi uma descoberta para nós. Comunicava-se com o aluno, procurava o estilo de cada um. Dizia: técnica vem depois, com o tempo, o exercício constante, contrariando a escola antiga, que procurava só o desenvolvimento técnico. Só isso já era uma revolução.

Analisando a carreira de Amêndola, o crítico Pedro Manuel destaca: ‘Amêndola foi o aluno da escola na passagem da década de quarenta para cinqüenta, aprendendo com Almeida e Lazzarini, ou seja, bebeu à fonte da conservação e identidade, tornando-se o herdeiro do primeiro centro artístico interiorano do país e seu maior expoente.’

Amêndola se lembra de uma exposição feita no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 52. Além da boa crítica recebida, ‘badalávamos muito e todos os dias estávamos no barzinho do MAM, um ponto de encontro da intelectualidade.’

Nesta ocasião escreveu, o crítico Sérgio Milliet: ‘Neste ponto de nossa terra (referindo-se a Araraquara) se reuniu, para felicidade das artes, a melhor turma que era possível organizar.’

“Há um imponderável em nosso destino que nunca vamos entender.”

“Bem, sou um livre pensador, observando constantemente a sociedade. Esta se transformou, segundo alguns pensadores, e no que concordo, numa massa gelatinosa que absorve o político e o social e não dá resposta.

Só dá respostas às minorias: raciais, sexuais, culturais. Também o artista tem que tomar certos cuidados, não se dogmatizar, para não se tornar radical. Ele deve ter sua ideologia, desde que a transceda. Claro que não existe obra que não seja engajada, empenhada em alguma coisa. O artista é alguém que sempre vai atrás do novo.

E a transformação contínua do mundo é também este novo. A gente tem que se cuidar, num aspecto, contudo: ou fazer política ou fazer arte.”

Maria Cecília Monteiro de Barros

“Não é a força, mas a perseverança que realiza grandes coisas”.

É preciso resgatar o Outro como imagem e semelhança de DEUS, pessoa digna e amiga. Resgatar o amor.

O AMOR: a mais Bela e a Maior das Artes Humanas.

“Peintre du Printemps”

“Maria Cecília é uma artista completa, desenvolve várias técnicas acadêmicas”.

(Titina Palmieri Brandão)

Na primavera, a vida volta a ser viva. Os nossos olhos se levantam do chão duro e triste do dia-a-dia. Na primavera, olhamos o céu, as cores, e o sonho se torna possível. Um sorriso embeleza, de repente, o nosso rosto.

Na primavera, os olhos, mesmo os menos sensíveis, levantam-se, acolhendo a vida que renasce, à procura do amor.

Maria Cecília mostra seu olhar sensível em retratar a Natureza. Através de tal olhar, surgem flores e paisagens campestres.

“A natureza em toda a sua plenitude aparece nos caminhos de terra roxa, lagoas, riachos, campos e árvores…

Para o artista, a pintura é uma eterna primavera, que ela procura retratar em seus quadros, com harmonia e ritmo.”

(A Tribuna – Santos – 31/3/95)

Sua sensibilidade ultrapassa os limites do concreto e capta o ser profundo… Aí surgem retratos de personalidades do Brasil, de Portugal e da Índia.

É uma mulher dissolvida na NATUREZA!

Ela floresce em todos os ipês.

Embebeda-se de cores de ipê…

Não a façam voltar ao chão!

Rosalina Marasca

“Sempre vivemos no tempo em que vivemos e não em outro tempo qualquer. Apenas tirando de cada momento presente o completo significado de cada experiência presente, estamos preparados para fazer o mesmo no futuro. É a única preparação que na longa jornada conta para alguma coisa.” (Dewey)

Não basta ser sensato: é também preciso ser sensível.

Ser sensível… eis a questão.

Sidney Rodrigues

“A mesma sensibilidade que conduziu às artes plásticas, levou Sidney à poesia. Do mesmo modo que em desenhos de poucos traços, que exigem do artista pleno domínio, para mim ele fica mais à vontade e denso, quando seus textos são curtos, rápidos, frases disparadas, carregadas de intenções…”

(Ignácio de Loyola Brandão)

O descartável é uma característica do mundo moderno. As pessoas vivem agitadas, correndo de um lado para o outro, em busca de muitas coisas. Poucos se contentam com o que têm e com o que são. A beleza e o valor do trabalho dão sentido à vida. O trabalho é inerente à vida humana, como meio e não fim em si mesmo.

Eu amo!

“Eu amo a terra onde

nasci,

a minha casa,

a rua de minha casa

e todas as outras casas e

ruas

da minha terra.”

(Sidney Rodrigues – 1946)

Sidney poeta! Que explosão de sentimentos! Realmente, o essencial é invisível ao olhos!

Sidney artista plástico! Diferente, irreverente!

“A arte é a liberdade, a independência dos princípios e das idéias, conformidade de pensamento com a realidade; é consciência de criação, história porque é passado e presente, visão porque é futuro, coerência não somente de vontade como de fantasia, porque é única, integral, imutável, harmoniosa e viva.”

(Trecho do discurso do Comendador Hélio Morgante, paraninfo da primeira turma da EBAA, 1950).

Necessário se faz retomar o longo e penoso caminho da reflexão, do compromisso, do diálogo.

Necessário se faz resgatar o que ficou esquecido: valores que traduzem obras e homens.

Necessário se faz resgatar a emoção, emoção que é sentimento e não apenas sensação.

Necessário se faz resgatar a emoção, emoção que é afeto, carinho, diálogo, não apenas evento instantâneo e ilusório.

Qual o caminho?

A via longa, reflexiva, comprometida, dialógica.

“Há no homem o dom perverso da banalização. Estamos condenados a pensar com palavras, a sentir em palavras se queremos pelo menos que outros sintam conosco. Mas as palavras são pedras”.

(Vergílio Ferreira)

Doze vidas: doze destinos…

“Importante é ser estrela.

Marcar presença. Ser luz. Calor. Vida.

Amigos são estrelas. Podem passar os anos, surgir distâncias, mas a marca fica no coração.

Ser cometa não é ser amigo.

É ser companheiro por instantes. Explorar sentimentos.

Aproveitar das pessoas e das situações.

É fazer acreditar e desacreditar ao mesmo tempo.

A solidão é o resultado de uma vida cometa.

Ninguém fica. Todos passam. E a gente também passa pelos outros.

Há necessidade de se criar um mundo de estrelas.

Todos os dias poder vê-las e senti-las.

Todos os dias poder contar com elas.

Todos os dias ver sua luz e seu calor.

Olhando os cometas, é tão bom não se sentir como eles.

Nem desejar prender-se em sua cauda.

Olhando os cometas, é bom sentir-se estrelas.

Marcar presença.

Ter vivido e construído uma história pessoal.

Ter sido luz para muitos amigos.

Ter sido calor para muitos corações.”

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