Viva a tipuana

José Renato Nalini (*)

Tenho ouvido com frequência que a tipuana, originária do norte da Argentina e sul da Bolívia, é uma espécie exótica e não deveria estar nas cidades brasileiras.

Como são árvores frondosas e bonitas, sempre hesitei em condená-las. Deram-se tão bem com a capital, onde ainda são abundantes. Fico muito confortado quando leio que ela é muito importante para auxiliar as conurbações enfrentarem as emergências climáticas.

Um grupo de pesquisa do Centro de Energia Nuclear na Agricultura – CENA, da USP, comprovou que a tipuana demonstrou alta tolerância ao estresse e pode auxiliar a promover a resiliência de São Paulo, diante do aquecimento global incontrolável.

O estudo examinou os anéis de crescimento da tipuana, que permitem acompanhar o seu desenvolvimento. Nos anos de 2013 e 2024, período de seca extrema e racionamento de água, não houve atraso no crescimento. Ao contrário: ela cresceu mais do que outras árvores.

O propósito do biólogo Giuliano Locosselli acredita que a tipuana é adequada a compor as florestas urbanas de que a capital e outras cidades paulistas necessitam, para que a resiliência seja levada a sério. E isso porque a tipuana passou pelo teste da fotossíntese, o processo de produção de energia necessária à sobrevivência das plantas.

O trabalho de Giuliano trouxe informações muito importantes para os projetos de arborização de São Paulo. É a conclusão do Professor Marcos Buckeridge, do Instituto de Biocências da USP e orientador do estudo. A resistência maior pelo plantio de tipuanas vem da concessionária de energia elétrica, alegando que sua considerável altura prejudica a fiação aérea. Só que em cidades contemporâneas essa fiação é subterrânea. Como realmente deve ser. O que importa é fazer com que a cidade tenha temperatura adequada à sobrevivência humana e sua flora sequestre carbono, que está matando precocemente todas as criaturas vivas.

Esse estudo reabilita a tipuana e é de se esperar que ela seja reintroduzida, já que se adaptou tão bem a São Paulo e a outros municípios paulistas. Aliás, em relação à sua altura, um software foi desenvolvido para prever quantos metros ela crescerá. É a USP colaborando com o futuro saudável da gente paulista. Que venham novamente as tipuanas!

(*) É Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.

Foto Ilustrativa Internet

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