Vera Botta (*)
Por que a guerra contra a Câmara? Vamos por os pingos nos iis?
Barulho na Câmara na última sessão. Sinais de insatisfação e mesmo de um certo desencantamento. Os funcionários estão preocupados. A reforma administrativa sai ou não sai? Discutiam-se manchetes de alguns jornais : “Os vereadores querem mais mordomias…” E elas existem? No que consistem? Em querer trabalhar melhor?
A aprovação do orçamento 2002. “Um cheque em branco de R$ 149 milhões”.., segundo editorial de um jornal da cidade, aparecia associada ao não cumprimento do papel do vereador e, ainda mais, à frustração das expectativas dos cidadãos de nossa querida Morada que demonstraram, nas urnas, vontade de modificar a Câmara e a história política da cidade.
Antes de me lançar de peito aberto na defesa do Legislativo do qual faço parte, resolvi aconselhar-me com nossa Velha Senhora. E ao lhe contar os últimos acontecimentos, ela começou a expressar sua indignação, primeiro baixinho, depois em alto e bom tom: “Mas, não foi essa Câmara que implantou para valer a Tribuna Popular, a hora e a vez da população falar, depois de uma luta de quase 20 anos? Não foram os vereadores dessa legislatura que quebraram um tabu cristalizado em nossa classe política, reduzindo o recesso de 90 para 30 dias?” E aos meus sinais afirmativos, ela me atropelava de perguntas. “Antes desse século, ninguém discutia os números do orçamento com a população. E os vereadores agora eleitos não fizeram emendas à L.D.O? E a L.D.O não é a linha mestra das diretrizes da peça orçamentária?” Diante da minha afirmativa, nossa Velha Senhora balançou a cabeça e, entre pensativa e solidária, disse-me: “Minha filha, tudo isso é muito estranho… Está me parecendo armação ou comentário de gente que está usando desculpas para simular um “imbróglio”… Vá em frente e diga aos seus companheiros de Câmara que assim como “nem tudo que reluz é ouro”, nem tudo que se diz no jornal é verdade”. E seu abraço acalentador deu-me a paz necessária para mais uma vez falar de números, pessoas, mudanças … e especialmente de uma história mal contada sobre a estrutura física e humana da Câmara Municipal…
Vamos pôr os pingos nos iis?
Dizem que nosso salário é um absurdo e que temos mordomias de deixar os marajás com as barbas de molho! Recebemos R$ 3.000,00 como salário bruto e R$ 2.534,00 de salário líquido, sem dúvidas, um bom salário se considerarmos o grau de miserabilidade da população brasileira… Não temos nenhuma verba de representação. Nosso trabalho é feito com nossa vontade, erros e também acertos. Temos um assessor legislativo que recebe muito abaixo do piso da categoria e trabalhamos em condições quase insalubres. A Câmara está aberta à população e, infelizmente, a maior demanda que temos vem de uma cultura enraizada de que o vereador é o grande quebra-galhos que pode arrumar empregos, mudar o zoneamento da cidade, conseguir “jeitinhos” para tudo, até mesmo para não cumprir ordens que vêm do Tribunal de Contas…
É por isso que estamos investindo em um Itinerário da Cidadania que coloque lugares, direitos e política em rota de sintonia…
Bem, voltemos ao nosso palácio de mordomias. No gabinete que ocupo, uma verdadeira caixa de fósforo, não tem nem janela do meu lado e se mais de duas pessoas quiserem falar comigo, corremos o risco de passar mal por falta de ar… E o lamento não é só meu, nem vem de um conto de ficção. É a mais pura e cristalina realidade. A falta de espaço não nos impede de atender, na medida do possível, de fazer seriamente o trabalho das comissões permanentes e de procurar bem representar a Câmara nos Conselhos Municipais e grupos de trabalho. E por falar nisso, estão todos convidados para, no dia 14, às 16hs, participar de uma audiência na Câmara de prestação de contas dos vereadores. Queremos sim, você e toda a imprensa, nesta audiência!!!!!!
Prestação de contas que dedicamos à população e que não faremos por um ato de constrangimento, mas de vontade… Queremos sim ser cobrados!!!!! Não para responder aos truques e tramas das manchetes, mas porque ser vereador é, acima de tudo, defender direitos da população, acompanhar, passo a passo atos do Executivo, fiscalizar a qualidade dos serviços públicos e lutar por uma Morada cada vez mais cidadã.
A Coluna destaca:
* Encontro de Educação Especial: estudos, debates e vivências, realização do curso de Pedagogia da FCL, Unesp. Começa no dia 3 – Dia Internacional das Pessoas com Deficiência – no Campus, Anfiteatro A.
* A firme decisão do Sindicato dos Servidores Municipais em relação à proposta de emenda do vereador Turquinho. Equivalências de jornada de trabalho e salário profissional devem ser defendidas para o conjunto do funcionalismo.
* Ampliação do vale-transporte para deficientes mentais, de comprovada necessidade e com diagnóstico clínico. Projeto de minha autoria a ser votado na próxima semana.
* Programa inter-disciplinar e de participação comunitária para prevenção à violência nas escolas da rede pública de ensino. Deodata na linha de frente!!!
* Balanço positivo das 28 Oficinas Culturais da Secretaria Municipal da Cultura. Com participação de cerca de 2000 jovens. Nossa mais jovem Secretaria vai muito bem, obrigada.
A Coluna lamenta profundamente a iniciativa do Governo Federal de extinguir conquistas históricas da CLT. Absurdo disfarçado que causa indignação !!!!!!!!!!!
Entre ruídos inoportunos e o som harmonioso do Natal que se aproxima, fico com o último. Que possamos construir muitos pactos de paz e solidariedade. Alimentados por sonhos, pela ética e pela vontade de mudar Araraquara. Boa semana a todos. Até a próxima!