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Vera Botta (*)

Entre o primeiro voto e o primeiro emprego: os dilemas vividos pelos jovens

O primeiro voto ninguém esquece. Esta frase utilizada na campanha que incentivava os adolescentes a comparecer às urnas em 1989, primeira eleição que permitiu o voto aos 16 anos tem de ser substituída. Ao primeiro voto, cada vez menos gente dá atenção. Na eleição da novidade, os eleitores de 16 anos foram mais de 2 milhões. Hoje, eles não chegam a 650 mil. Por que? Estaria comprovado o desinteresse dos jovens pela política? O problema estaria na crescente desconfiança pública face aos políticos? Estaria consagrada a descrença no processo político e institucional?

Não votar é transgredir?

A Coluna se reserva o direito de não tirar conclusões apressadas nem se prender a pesquisas que muitas vezes se apresentam, erradamente, como porta vozes de certezas absolutas. A juventude, como outras fases da vida, nunca foi e nem será homogênea. Até os anos 70, o momento estudantil aparentava representar a toda a juventude, o que não era profundamente verdade. Os jovens de periferia ficavam de fora…Talvez fizessem parte de outras “tribos”, como os punks e darks que também queriam construir sua identidade. A vontade de ter voz ativa, ouvir seu tipo de música, discutir sua visão de mundo não precisa necessariamente ter eco na decisão de votar…

Talvez o ato de votar não mexa com as emoções profundas dos jovens…ou eles não queiram se contaminar com uma certa competitividade selvagem que muitas vezes impregna o reino da política…Mas não devemos nos deixar levar pelo equívoco da desistência precoce!!! Por que não pensar em ações positivas dirigidas aos jovens?

O lugar dos jovens em nossa Morada…

Na área cultural e do esporte a vitalidade dos projetos dirigidos aos jovens, a sensibilidade e harmonia por eles demonstrados não deixam dúvidas… Não é porque há problemas como a violência e o narcotráfico que os programas na área da cultura têm representado uma teia de ganhos…É por que tem havido vontade política de reconhecer que os jovens têm direitos como cidadãos.

Não é porque os índices têm mostrado que nem todos jovens querem votar, que se pode dizer que eles não pensam, não querem decidir, não podem plantar nosso futuro… Não adiantam decretos relativos ao voto e tentativas forçadas de mudar suas escolhas…É por isso que é importante o espaço para o diálogo, a solidariedade, a sensibilidade, mesmo que ele se dê em outros espaços políticos, não necessariamente o da via institucional… O importante é existir nos programas dirigidos aos jovens, liberdade e respeito com seus desejos, sem ser por concessão à opinião alheia.

O primeiro emprego: uma pedra no caminho.

Os jovens podem querer precisar trabalhar…mas, de vez em sempre, enfrentam no momento da seleção, no preenchimento do cadastro, um lacônico NÃO, Depois da tímida pergunta: Tem experiência profissional? Quais são suas referências anteriores? Como conciliar construção da cidadania com a real necessidade de trabalho dos jovens? Sem dúvida, ampliando as frentes de capacitação profissional. Levando as empresas a terem, de fato, projetos para inclusão dos jovens no mercado de trabalho. Propondo aos governos, perspectivas concretas de se por em prática o Primeiro Emprego.

Um momento de reflexão

Conhecer e reconhecer, seminário de qualificação da Guarda Municipal, Polícia Militar e Civil que aconteceu no Sesc neste final de abril discutiu a necessidade de conhecer e dar mais atenção às minorias, visando os idosos, adolescentes, mulheres e negros.Com relação aos jovens, cabe destacar o convite a se integrarem na campanha pela maior segurança de nossa cidade, com o intuito de combater a violência e construir uma sociedade mais pacífica e fraterna.

Um momento de emoção

Jovens estudantes da escola técnica “Paula Souza” nos mostraram, na última quinta-feira, que a cidadania pode ser construída em uma comunidade escolar. Em um clima de intensa emoção, os jovens demonstraram nos gestos, nas falas, na divulgação das informações contidas no Itinerário da Cidadania que podem estar empenhados na construção do futuro de nossa cidade e de nosso país. De parabéns a educadora Léa que lá plantou muitas sementes de cidadania.

A Coluna fica por aqui! Que este Dia do Trabalho traga, além dos folguedos e das festas, o compromisso de defendermos o direito de homens e mulheres, independente da idade e da cor de trabalharem dignamente. Boa semana a todos e até a próxima!

(*) É pesquisadora da Uniara e vereadora pelo PT.

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