Vera Botta (*) – vbotta@techs.com.br
Nem só de chocolate se faz Páscoa
A Páscoa associada a muitos ovinhos de chocolate, cobiçados por olhos de crianças e adultos tem como elo de união a representação do nascer, do renascer, do vir a ser. Entre os pastores nômades, a Páscoa era festejada para celebrar a abertura da primavera, motivo de festa, de celebração pela mudança.
Entre os hebreus, marca a memória da saída do povo da escravidão no Egito. Entre os cristãos, a ressurreição, depois da lua cheia, da passagem do sol pela linha do Equador é associada a bons presságios! E como no sertão nordestino espera-se pela chegada da chuva! No frescor do vento, na força da chuva, a Páscoa cede espaço à esperança, à solidariedade, à fertilidade, expressa na imagem do coelho, ao convite à vida.
E como são doces nossas lembranças de, enquanto crianças, termos encontrado ovos de chocolate ou “ninhos” cheios de doces nas mesas na manhã da Páscoa. Não importa a marca, se de verdade ou de papel, para as crianças e quem não gosta de ser criança? – os ovos simbolizam o nascimento ou uma maneira diferente de realizar pequenos ou grandes presentes.
Diante de tempos tão difíceis, de violências, de egoísmos exacerbados, de um processo de globalização que parece transformar pessoas e sentimentos em mercadorias intercambiáveis, como seria bom se pudéssemos interiorizar os símbolos da paz e afastar, de vez, o sentido trágico da vida. E comemorarmos, a cada dia, a redescoberta incrível do sentimento de felicidade! De lutar pelas causas que valem a pena e jogar literalmente no rio palavras maldosas e provocadoras vindas daqueles que inventaram seu próprio Olimpo. Aqueles que, através de jogadas de marketing, seduzidos pelo poder, procuram retalhar posições que sejam contrárias, despedaçar posturas construídas e defendidas na base da ética, para, com juízos de valor sustentados pelo poder da comunicação obterem momentos de glórias. E o que são, senão mortais como todos nós? Com o agravante de não se guiarem pelo cultivo de valores éticos e solidários. Quem somos nós? Neste pacto da Semana da Páscoa, mais do que nunca, queremos menos sensasionalismos e mais expressões de solidariedade.
A lição das crianças
Quem diz que não somos, a cada momento, (re)socializados pelas crianças? Fala-se na ambição desmedida, criminosa dos EUA, e no caos crescente semeado 'à lá Hitler’. Desvendam-se histórias; o massacre do Iraque traz embutido, além dos interesses materiais, um fato igualmente assustador: ôo delírio místico do Bush. E em meio à discussões e prognósticos metafísicos, as cartas chegadas à Câmara dirigidas às crianças iraqueanas e norte-americanas nos deram uma incrível demonstração de sensibilidade nas frases pouco elaboradas, o recado era claro; deixem as crianças ter o direito à vida! Foram quase 400 e serão, por decisão do Comitê da Paz, encaminhadas à ONU, para que sejam entregues aos destinatários, ou seja, às crianças do Iraque e às crianças dos Estados Unidos, numa demonstração de que atos de indignação não têm limite de idade. Com linguagem erudita, ou com expressões simples se juntam às vozes sinceras das crianças de clamar pelo caminho da paz!!!
O que dizem nossas crianças
Todas elas pedem a paz, o fim dos conflitos, o respeito aos direitos humanos. Diz uma delas: “Sou um brasileiro e aí o Iraque é muito longe. Mas meu desejo é que a paz chegue logo. Diz outra: “George W. Bush nós pedimos que o senhor cultive a paz, porque se continuar assim com a guerra, as crianças vão morrendo com os bombardeios e também as crianças, um monte de pessoas inocentes. Muito obrigado”. E assim vão se expressando nossas crianças: “Senhor George W. Bush. Estou escrevendo esta carta para dizer pra voceis (sic) parar de guerrear porque está morrendo muita gente inocente que não tem nada aver (sic) com a guerra. Pare de destruir a cidade de Bagdá, Senhor Bush, não roube o petróleo do Iraque porque é uma das coisas das mais importantes dos iraquianos. Agradeço sua atenção!” A simplicidade de nossas crianças e sua enorme sensibilidade, aliadas ao sentimento de solidariedade comovem a quem lê essas correspondências.
A campanha não terminou! O Comitê quer tornar públicas as cartas recebidas e informações sobre a guerra em um painel que será colocado no Terminal de Integração de Ônibus Urbano do Município! Pedimos autorização para a Prefeitura através do Gabinete! Com a palavra, o presidente da CTA, que, com certeza, terá a sensibilidade para dizer sim!
A Unesp mais uma vez disse: Presente
Sede do Congresso Internacional de Direitos Humanos com o tema: “Entre Velhas e- Novas Formas de Escravidão: Formas de Exploração Humanas no 3.o Milênio”, a Unesp, em conjunto com a OAB e o Instituto Brasileiro de Administração Pública (IBAP), promoveu o Congresso Internacional de Direitos Humanos, valorizando na pauta da Semana da Páscoa, a discussão dos caminhos da cidadania; o estado democrático do direito e o ser humano. Mais uma vez, respondeu, sem ser intencionalmente, a todos os que teimam em subestimar sua trajetória de trabalho e de luta.
E a Uniara junta forças para o desenvolvimento
Com apoio das prefeituras de São Carlos, de Araraquara e de Rio Claro, a UNIARA realizou entre os dias 15 e 17 do corrente um Seminário Regional de Desenvolvimento Econômico com um tema bastante significativo: “Os novos tempos exigem união”.
Da abertura de Yves Cabannes, representante da ONU para a América Latina e Caribe que mostrou a todos com a sua discussão sobre desenvolvimento como espaço e lugar da sociabilidade à discussão do papel da iniciativa privada e das universidades no desenvolvimento sustentável, tivemos claramente que as ações públicas e privadas têm que se integrar a partir de práticas solidárias, empenhadas na valorização de conhecimentos locais e regionais. Sem apelos de competitividades mas com a profundidade que o assunto merece, o recado foi dado: desenvolvimento, conhecimento, políticas regionais integradoras têm que andar juntas. Em nome de uma melhor qualidade de vida. Pela esperança de (re) encantamento do mundo.
Boa semana a todos. Que tenhamos, literalmente paz e muito amor em nossos lares. Que o chocolate seja apenas um símbolo da vida! Até a próxima!
(*) É pesquisadora da Uniara e vereadora pelo PT.