Uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Araraquara, a Uniara e a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) possibilitará o retorno do acervo do antigo Museu Ferroviário de Araraquara para a cidade.
O acervo estava em Ibitinga desde maio de 1998, ano em que o Museu foi desativado, e deverá ser instalado no prédio onde funcionou a Escolinha dos Ferroviários, cedido pela Rede Ferroviária Federal.
O coordenador de Negócios, Comércio e Turismo, Manoel de Araújo Sobrinho, explicou que o prédio deverá ser desocupado e passará por reformas. “Acredito que teremos cerca de 60 dias de conversa pela frente. Será preciso desenvolver um projeto para o prédio e só então ele estará pronto para receber o acervo”, disse Manoel.
O reitor da Uniara, Prof. Luiz Felipe Cabral Mauro, destacou o fato da Estrada de Ferro de Araraquara (EFA) ter influenciado a movimentação e crescimento de toda a região. “Se não cuidarmos da preservação da memória, as crianças e a própria juventude de hoje não terão acesso a informações ligadas à história da ferrovia. A presença do Museu será o ponto inicial para recompor a memória e desenvolver projetos nas áreas de Educação, Turismo e Economia”, declarou.
O representante da ABPF em Araraquara, Geraldo Godoy, afirmou que “a EFA foi a ferrovia do Estado de São Paulo que mais perdeu a memória” e que “o museu poderá, até mesmo, ter uma parte itinerante, além de cursos e atividades pedagógicas”.
Em troca do material que retornou para Araraquara, a Uniara e a Associação doaram um acervo com mais de 100 fotos da Companhia Douradense, ramal da Companhia Paulista desativada na década de 60, à prefeitura de Ibitinga.
História
O antigo Museu Ferroviário de Araraquara foi criado no início dos anos 90, por iniciativa da ABPF regional de Araraquara, e funcionava no segundo andar da Estação Ferroviária – local cedido pela Ferrovia Paulista S.A (Fepasa). O objetivo era preservar o material ferroviário que estava em vias de ser sucateado e manter viva a memória das ferrovias.
O acervo do museu é composto por mapas, peças e equipamentos como o aparelho de staff (para controle do tráfego do trem), lustres, poltronas, ferramentas, material de escritório, bilheteria e oficina, além de centenas de fotografias de cenários, locomotivas, vagões e ex-funcionários das ferrovias.
A conhecida locomotiva nº 9 da EFA, construída na Alemanha em 1912 e que ficou exposta durante muitos anos na avenida Espanha, foi levada para Campinas, onde a ABPF mantém uma única oficina especializada na recuperação de locomotivas à vapor e o único Museu Ferroviário Dinâmico do Brasil, onde funciona constantemente em um trecho de linha em local público, podendo ser visitada.