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Um bom ano político

Antonio Delfim Netto

Final de ano, hora de atender aos pedidos de avaliação do comportamento da economia em 2003 e falar das expectativas para 2004. Este ano que termina viveu uma transição muito difícil na economia, mas foi singularmente feliz sob o aspecto político-institucional. Após a adesão do Partido dos Trabalhadores aos princípios da Constituição de 1988, a forma civilizada da transição política, com a tranqüila passagem do poder entre partidos e pessoas de concepções tão distantes, marca 2003 como um ponto de inflexão importante em nossa história. Uma sucessão sem turbulências, no formato digno das verdadeiras repúblicas regidas pelo sistema democrático.

No que diz respeito à economia, o ano começou de forma dramática, com uma recidiva de inflação que apontava para uma taxa anual de 35% ou 40%, obrigando o governo a tomar medidas extremamente duras: o Ministro Palocci elevou a meta do superávit fiscal para 4.25% do PIB e o Banco Central completou o choque subindo a taxa de juros para 22,5%, o que empurrou o país no caminho da recessão. Medidas necessárias que produziram rapidamente o efeito de derrubar as taxas de inflação, de tal sorte que já no quinto mês de governo ela dera claros sinais de reversão, suficientes para permitir ao governo aliviar a mão pesada da política monetária. Não vou insistir na crítica depois que o futuro virou passado, mas os resultados mostram que o Banco Central exagerou no seu conservadorismo. O preço que estamos pagando é o crescimento do PIB ainda menor do que em 2002, com alta probabilidade de encerrarmos 2003 com crescimento nulo ou até negativo. Significa, renda em queda e desemprego em alta para o povo brasileiro.

Este enorme sacrifício começa a ser compensado com o surgimento de sinais indicando que o Brasil está se preparando para um período de expansão em 2004. O sinal mais importante aferido pelo IBGE é o crescimento dos investimentos no setor produtivo a partir do terceiro trimestre de 2003 . É verdade que se trata de comparação a partir de uma base muito baixa (o terceiro trimestre de 2002), mas é uma inversão altamente positiva, mostrando inclusive a recuperação das importações de bens de capital. Esse aumento dos investimentos, combinado com algum aumento do consumo que certamente vai acontecer pela expansão do crédito, mostra que a economia está criando as condições para se comportar de forma significativamente melhor em 2004, com maior crescimento da produção e finalmente alguma geração dos empregos ardorosamente desejados.

Não tendo mais a ameaça da inflação, o governo Lula não pode deixar perder esse embalo. Uma boa ajuda seria esta semana o Banco Central baixar no mínimo 150 pontos a taxa básica de juros.

(*) E-mail: dep.delfimnetto@camara.gov.br

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