Cleiton R. de Almeida (*)
Todo comportamento humano deve ser pautado pela ética, que vale para todas as categorias profissionais. Ética e moral estão interligadas e devem nortear nossas atitudes para que alcancemos a virtude e sejamos felizes. Como o médico deve atuar diante de um caso de um paciente portador de uma doença neurológica grave, como, por exemplo, esclerose múltipla, numa fase supostamente irreversível, deve ou não manter a sua vida, usando todos os meios de tratamento disponíveis?
O médico, diante de tal situação, deve se lembrar do juramento de Hipócrates: “o médico deve atuar sempre para o bem do paciente e não para o seu mal”. Essa questão envolve a ética, que é um conjunto de valores, a partir dos quais uma pessoa entende o que seja certo ou errado e toma decisões, fazendo escolhas. Hoje, predomina na sociedade moderna o existencialismo que prega que o certo é ter uma experiência é agir, o errado é vegetar, ficar inerte. A ética naturalística tem por base que o certo é o natural, ocorrendo a seleção do mais forte e sobrevivência do mais apto.
O médico, levando em consideração o princípio ético, filosófico e religioso, retirando deliberadamente a vida de um ser humano, estaria agindo moralmente errado, sendo inaceitável. O médico, fundamentado nesses princípios, e nos princípios da preservação da vida (“primum non nocere”) e da dignidade da pessoa humana, que pressupõe que todo ser humano deve ser respeitado como pessoa e não ser prejudicado em sua existência (a vida), diante do quadro exposto, deve dar suporte à vida, utilizando todos os meios ordinários de tratamento a sua disposição. Isto porque, não temos o direito de tirar a vida, direito inalienável do homem, o bem maior a ser preservado, enquanto houver uma mínima esperança de que possa surgir num futuro incerto alguma novidade terapêutica, que melhore a qualidade de vida ou traga a cura. Por outro lado, a eutanásia passiva conduzindo o paciente a uma morte lenta e sofrida, não é humanamente aceitável para o paciente, a família e os profissionais envolvidos e a eutanásia ativa é ilegal.
A vida é o bem maior a ser preservado, assim, o médico tem que preservá-la até o final, dispondo de todos os recursos ao seu alcance.
(*) É médico e colaborador do J.A.