Prof.ª Dr.ª Terezinha de Jesus Bellote Chaman (*)
PROFESSORES… PARA QUEM OU PARA QUÊ?
Considerações finais:
Também assim, podemos compreender melhor, no alvorecer do século XXI, com seu sabor de imediatismo, com sua diminuição de espaço – tempo, com seu gosto ao bem-estar individual, reiteramos, podemos compreender melhor o valor do sujeito ético e o valor do debate educativo na tríade: Estado/docência/discência.
As escolas e universidades são os locais onde se efetivam as políticas educacionais e as políticas refletem as ideologias de prioridades, estabelecidas pelo Estado, que claramente adota políticas neoliberais. Para a lógica que impera no neoliberalismo, não interessa a individualidade, a igualdade social é nociva e visa-se provocar uma padronização e uma uniformização entre as pessoas. Neste sentido, o impacto do regime neoliberal na educação foram as estratégias de descentralização, privatização e focalização do ensino, gerando inúmeros problemas de desorganização, favorecimento da corrupção, aumento da diferença de qualidade de ensino, oferecida nas instituições públicas e privadas. A focalização consiste em oferecer ensino apenas às camadas marginalizadas, repletas de vulnerabilidades sociais e incapazes de pagar às escolas particulares. Descentralização é passar a responsabilidade do ensino aos municípios, com a desculpa de que regionalmente se conhece melhor as demandas, mas sem oferecer condições materiais e culturais para isto. (PALMA FILHO, 2007).
Neste sentido, já que são regidas por políticas neoliberais, as escolas, tal como defende Bourdieu (apud NOGUEIRA, NOGUEIRA, 2002), vêm funcionando como reprodutoras das estruturas sociais, ou seja, da desigualdade. Reforçam alunos que já trazem de casa uma “bagagem” cultural, comportamental conforme se espera socialmente, mas aqueles que têm histórias e expressões diferentes são rechaçados.
A cultura da globalização caminha no sentido da massificação, extinguindo as individualidades. Como é possível, partindo deste capital cultural haver uma transformação da postura de alienação e “adestramento” sociopolitico? Os docentes, sabemos, estão dispostos a lidar com os diferentes, com dificuldades inúmeras? A escola é para todos? Tais discussões são levantadas por Nogueira, Nogueira (2002).
Parece que viver o presente seja a regra dos nossos tempos, finda é a época de sonhar, de contemplar. O mundo contemporâneo descobre o tempo como dimensão determinativa da existência humana e isso faz com que toda a problemática humanista passe a se colocar em termos de evolução, processo e progresso histórico.
Surge então uma profunda sensibilização pela temporalidade do homem no mundo. Vigora, em linhas gerais, uma experiência, que se traduz em termos de dinamismo e de unidade. E o homem, centro e plenitude do universo, se revela como uma grande atividade, um esforço, uma procura, uma tensão presente, endereçada ao futuro. E eis que ele se lança angustiosa e corajosamente à procura de seu próprio sentido no mundo.
Homens que somos, seres sedentos de novas vivências, um dia buscamos a Universidade:
• na tentativa de obter respostas às nossas interrogações mais profundas;
• na tentativa de encontrá-la, encarnada no diálogo fecundo entre professores e alunos, em busca da verdade, acima de toda a vaidade, ambição ou medo;
• na tentativa de um cultivo sério e desinteressado da ciência, e não de um imediatismo pragmático e medíocre de uma simples profissão;
• na tentativa de um contato vivo da cultura, reflexo da consciência da comunidade a que pertence.
Testemunhamos, no mundo atual, o nascimento de um novo humanismo, no qual o homem se define por uma responsabilidade perante os outros homens e a história.
Temos, diante dos olhos, a unificação do universo e a tarefa de edificar um mundo melhor, na verdade e na justiça. Modificaram-se tão profundamente as condições de vida do homem moderno, tanto sociais como culturais, que é lícito falar de uma idade nova da história humana. Outros cominhos se abrem para o aperfeiçoamento e a difusão mais ampla da cultura.
Mas, como reagir, como lutar, para não cair em um humanismo acomodado e egoísta, meramente terrestre e mesmo adversário da própria formação integral do homem? Sim, da própria formação integral do homem, porque é a ele que cabe a tarefa de dar sentido às coisas, de criar, através do trabalho, uma história que tende a libertar sempre mais os valores pessoais e comunitários. E a cultura, subordinada à perfeição integral da pessoa humana, ao bem da comunidade, da humanidade inteira, grita bem alto que o homem não pode ser um solitário e, se insistir em sê-lo, será sempre um frustrado, um corpo de membros mutilados.
Daí, então, a necessidade sempre premente que cada homem tem de cultivar-se, de tal modo, que seja capaz de olhar toda a ciência e a verdade por ela revelada com olhos do corpo e olhos da alma. E, só então, temos o desenvolvimento exterior caminhando pari passu com o desenvolvimento interior. Somente assim, o homem pode investigar livremente a verdade, manifestar e divulgar a própria opinião e cultivar a arte que desejar. O homem é livre, pois que a liberdade é uma condição de sua própria natureza humana. Conhecendo-a, ele faz uso inteligente do saber, patrimônio do passado, que se renova no encontro com o presente, que se endereça às gerações futuras. Sim, o saber se endereça às gerações futuras.
Reflitamos!
Desde tenra idade, fomos confinados a uma plêiade de mestres, com mais ou menos profundidade de intenções, com mais ou menos decantação de propósitos. E cada um deles em nós deixou uma marca. A marca de algo profundo em busca da verdade, a marca da amizade sincera em busca da complementação da pessoa humana, a solene marca do respeito pela dignidade que há em cada um de nós.
Então, nos perguntamos, como devolver à comunidade o que ela nos propiciou em tantos anos de estudo? E não se trata de devolução em decréscimo, porém em acréscimo. Avançar e não recuar, eis a questão. Trata-se, pois, de deflagrar esforços, para não sermos especialistas de uma só especialidade. O homem de estudo e o homem de ação não se opõem: deve-se ser, ao mesmo tempo, um e outro.
Centradas no homem, a cultura e a especialização vão a par. Quem se especializar nos problemas do homem material, sem atentar ao homem em sua plenitude, está a diminuir horizontes, está a cercear possibilidades, está a podar a esmo. Viver encolhido sobre si mesmo ou debruçado sobre os maiores problemas de qualquer área do saber e ignorar o homem real, o homem de seu tempo, eis um humanismo requintado e variado que devemos refutar.
O presente artigo foi elaborado durante o doutorado orientado por Prof. Dr. Pe. Mário José Filho. Escrito a duas mãos por Maria Cherubina de Lima Alves e Terezinha de J. Bellote Chaman.
Teste o seu Português:
01 – Na maior _, o camarada entrou na festa, sem convite.
a ( ) desfaçatez;
b ( ) desfassates;
c ( ) desfaçates;
d ( ) desfassatez.
02 – Estou tentando chegar a um objetivo, mas tenho encontrado alguns obstáculos. Obstáculo significa:
a ( ) empescilio;
b ( ) empecilho;
c ( ) empesilho;
d ( ) empessilio.
03 – O que significa camajojo, no contexto?
Nunca vi um animal tão camajojo!
a ( ) feio;
b ( ) violento;
c ( ) enorme;
d ( ) pequeno.
04 – No meu aniversário, o Carlos deu-me uma _ de flores.
a ( ) corbeia;
b ( ) corbelha;
c ( ) corbelia;
d ( ) corbelhia.
05 – O que significa muchacho, no contexto?
Ele é apenas um muchacho. Você deve perdoá-lo.
a ( ) pobre coitado;
b ( ) um mexicano;
c ( ) moço;
d ( ) aprendiz.
(*) É Pesquisadora do GEPEFA – Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Famílias – UNESP/Franca. (até março de 2024).
RESPOSTAS
Resp 1.: a – Na maior desfaçatez, o camarada entrou na festa, sem convite.
Desfaçatez (= atrevimento, cinismo).
Resp 2.: b – Estou tentando chegar a um objetivo, mas tenho encontrado alguns obstáculos. Obstáculo significa empecilho, impedimento.
Resp 3.: Nunca vi um animal tão camajojo!
c – No contexto, camajojo significa: enorme, gigantesco.
Resp 4.: b – No meu aniversário, o Carlos deu-me uma corbelha de flores.
Corbelha (= pequena cesta para flores, frutas ou brindes).
Resp 5.: Ele é apenas um muchacho. Você deve perdoá-lo.
c – No contexto, muchacho significa: moço, rapaz, pessoa jovem.
OBS.: Colunista semanal dos jornais Diário do Grande ABC (SP) e Jornal de Araraquara (SP), Jornal Independente – Dois Córregos (SP), Tribuna do Norte – Natal (RN), Jornal de Nova Odessa (SP), Diário da Franca – Franca (SP) – Jornal de Itatiba – Itatiba (SP) – O Liberal Regional – Araçatuba (SP) – Diário da Serra – Tangara da Serra (MT) – Gazeta Penhense – Penha/SP – Gazeta do Ipiranga/SP.