Teste o seu Português (742)

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“No meio do caminho de Dante tinha uma selva escura”.

Prof.ª Dr.ª Terezinha de Jesus Bellote Chaman (*)

UM OLHAR EM TRÍADE: CAMINHOS ABRINDO ESPAÇOS

O texto estuda na obra infanto-juvenil de Ana Maria Machado – Abrindo Caminho – a relação texto/imagem, enfocando a leitura como energia construtora de sentido.

Para se comunicar, as pessoas utilizam a linguagem verbal e outros sistemas semióticos (como as imagens), com três funções básicas: de mostração, de interação e de sedução. E nós homens, leitores das linguagens que envolvem texto, imagem ou texto/imagem, corremos à caça do sentido escondido, que, parafraseando Dascal (1992 apud KOCH, 2002, p. 09), teimamos em encontrar. Desta forma, o texto verbal e o não verbal tornam-se um complexo ato de recepção, de desvendamento de linguagens, que acompanham nossa experiência cotidiana.

Koch (2002, p. 09), no prólogo de sua obra, Desvendando os Segredos do Texto, revela-nos:
– E o texto tem segredos?
Bem, se você achar que o texto é um artefato linguístico formado pela combinação de letras (ou sons) que formam palavras que rotulam coisas ou estado de coisas do mundo real que formam sentenças que têm um sentido literal que existem textos totalmente explícitos descontextualizados e autônomos que para produzir e compreender textos basta dominar o código etc… etc… é claro que a resposta só poderá ser negativa. MAS… se você pensar o texto como lugar de constituição e de interação de sujeitos sociais, como um evento, portanto, em que convergem ações linguísticas, cognitivas e sociais (BEAUGRANDE, 1997), ações por meio das quais se constroem interativamente os objetos de discurso e as múltiplas propostas de sentidos, como função de escolhas operadas pelos coenunciadores entre as enumeráveis possibilidades de organização textual que cada língua lhes oferece… ENTÃO você compreenderá que o texto é um construto histórico e social, extremamente complexo e multifacetado, cujos segredos (quase ia dizendo mistérios) é preciso desvendar, para compreender melhor esse ‘milagre’ que se repete a cada nova interlocução – a interação pela linguagem, linguagem que, como dizia Carlos Franchi, é atividade constitutiva.

Na leitura da obra infanto-juvenil de Ana Maria Machado, procuramos refletir a relação texto/imagem, apoiando-nos na obra A leitura, de Jouve (2002), que nos abriu caminho para a leitura de Iser (1996). Com ambos, entendemos o leitor e o ato da leitura, cujos objetos são o texto.
Procuramos ler o texto como um todo, tentamos decifrá-lo, tirando-lhe a máscara. Embasados na Estética da Recepção e em autores, como Iser (1996), Jauss (1978), Jouve (2002), Joly (2003), que enfatizam a essência do ver/olhar, buscamos mergulhar na profundidade das palavras e das imagens, conforme os sábios ensinamentos de quem tão bem soube abrir-nos tantos caminhos: Profª. Drª. Nelyse Ap. M. Salzedas (2001). Ancorados na oposição que faz Iser (1996), quanto à obra literária, concentramo-nos no polo estético. Este diz respeito à concretização realizada pelo leitor.
O texto pareceu-nos instigante, desde a primeira leitura. O diálogo com ele foi preenchendo os vazios, a partir das relações feitas. E concretizaram-se as palavras de Iser (1996), em sua obra O ato da leitura: o horizonte de expectativa do leitor cresce mais e mais, à medida em que ele lê. Instaurado o diálogo com o texto, instaurado foi também um processo metalinguístico do abrir caminho no Abrindo Caminho. E fomos redescobrindo que ler é expandir o texto, sem descaracterizá-lo. Ler é produzir sentido, é criar sentido, fomos redescobrindo que ler é ampliar sentido. Evocados no passado Dante Alighieri, Carlos Drummond de Andrade, Tom Jobin, homens da arte do pensar, do criar com as palavras. Evocados no passado Cristóvão Colombo, Marco Pólo e Santos Dumont, homens da arte do agir, do fazer, do desbravar o mar, a terra, o ar. O horizonte de expectativas alargou-se e sentiu-se o homem em sua universalização.
Com Iser (1996, orelha de livro, vol. 2), reaprendemos e abrimos novos caminhos:
Pensar algo no ato da leitura que nos é estranho porque não o experimentamos ainda, significa não só que temos de apreendê-lo; além do mais, significa que esses atos de apreensão são bem-sucedidos na medida em que formulam algo em nós. A constituição de sentido que acontece na leitura, não só significa que criamos o horizonte de sentido, tal como implicado pelos aspectos do texto; ademais, a formulação do não formulado abarca a possibilidade de nos formularmos e de descobrir o que até esse momento parecia subtrair-se à nossa consciência. Neste sentido, a literatura oferece a oportunidade de formularmo-nos a nós mesmos, formulando o não dito.

DESCONSTRUÇÃO DO TEXTO: o dito e o visto
Passemos ao jogo linguístico e imagético, que nos permitirá mergulhar no tempo e atualizar o nosso horizonte de leitor com o horizonte do texto (assimetria).
Analisemos a primeira tríade:

(Continua na próxima edição).

Teste seu Português:

01 – Não mexa com a mulher do Zé Grandão! É uma grande ___________.
a ( ) incençates;
b ( ) incensatez;
c ( ) insensates;
d ( ) insensatez.

02 – “Chef” Allan tem o hábito de ___________ os e-mails ____________ ao programa.
a ( ) manuzear – diressionados;
b ( ) manusear – direcionados;
c ( ) manuziar – direscionados.

03 – Os programas de culinária na TV estão alcançando ____________ junto ao público em geral.
a ( ) progessão;
b ( ) projessão;
c ( ) projeção;
d ( ) progeção.

04 – É bastante _____________ a receita diária apresentada pelo “Chef” Allan. Vocês não acham?
a ( ) exequível;
b ( ) exeqüível;
c ( ) esequível;
d ( ) execuível.

05 – Está em plena _____________ o hábito de fazer cruzeiros marítimos, em nosso país.
a ( ) ascenssão;
b ( ) ascensão;
c ( ) ascenção;
d ( ) acenção;
e ( ) asenção.

06 – Nada de tantas ______________! Mãos à obra, moçada!
a ( ) elucobrações;
b ( ) elocubrações;
c ( ) elucubrações;
d ( ) lucubrações.

(*) Pesquisadora do GEPEFA – Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Famílias – UNESP/Franca. (Até março/2024).

RESPOSTAS

Resp 1.: d – Não mexa com a mulher do Zé Grandão! É uma grande insensatez.
Insensatez (= imprudência).
Resp 2.: b – “Chef” Allan tem o hábito de manusear os e-mails direcionados ao programa.
Manusear (= folhear, pegar).
Direcionados (= encaminhados, dirigidos).
Resp 3.: c – Os programas de culinária na TV, estão alcançando projeção junto ao público em geral.
Projeção (= importância, destaque).
Resp 4.: a – É bastante exequível a receita diária apresentada pelo “Chef” Allan. Vocês não acham?
Exequível (= de fácil realização).
Resp 5.: b – Está em plena ascensão o hábito de fazer cruzeiros marítimos em nosso país.
Ascensão (= desenvolvimento, progresso).
Resp 6.: c – d – Nada de tantas elucubrações ou lucubrações! Mãos à obra, moçada!
Elucubrações (= cogitações, elaborações mentais).
OBS.: Lucubrações é forma variante, menos usual.

OBS.: Colunista semanal dos jornais Diário do Grande ABC (SP) e Jornal de Araraquara (SP), Jornal Independente – Dois Córregos (SP), Tribuna do Norte – Natal (RN), Jornal de Nova Odessa (SP), Diário da Franca – Franca (SP) e Diário de Sorocaba – Sorocaba (SP) – Jornal de Itatiba – Itatiba (SP) – O Liberal Regional – Araçatuba (SP) – Diário da Serra – Tangara da Serra (MT).

 

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