Temos esperança de crescer

Antonio Delfim Netto (*)

A transição vem sendo conduzida de forma razoavelmente civilizada nos planos administrativo e político, destoando apenas em dois aspectos: na pressão exercida na mídia pelos “agentes do mercado”, exigindo “nomeações já” para os setores mais sensíveis da área econômica; e na insistência com que líderes tucanos colocam dúvidas sobre a “competência” de seus sucessores para enfrentar os problemas que vão herdar do governo.

Não são problemas nada triviais, como reconheceu o atual

Presidente, advertindo que o próximo governo vai ter que demonstrar “muita competência” para não se deixar abater. Na verdade, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva vai herdar uma economia em situação bastante delicada, com a dívida interna líquida alcançando 60% do PIB, a dívida externa correspondendo a 4 anos de nossas exportações, crescimento per capita próximo de zero, níveis recordes de desemprego e uma taxa anual de inflação 4 vezes superior à média da inflação mundial. Não se pode considerar virtuosa (ou competente) uma política econômica que deixa um grave problema de crédito externo para o outro resolver e que foi obrigada a buscar 86 bilhões de dólares em empréstimos do FMI no curto espaço de 48 meses para poder fechar as contas do último ano de administração. E é no mínimo curioso proclamar-se competente um governo que, depois de abandonar o planejamento do setor energético, confessou-se “surpreso” com o apagão de 2001 que levou ao racionamento de energia e custou ao país o crescimento de 2% do seu PIB anual. Na história recente do Brasil, não se conhece demonstração de imprevidência e incompetência igual a esta que liquidou as esperanças de desenvolvimento em 2001 e 2002, agravando o quadro de insegurança social que transfere aos novos governantes.

O comportamento do Presidente eleito e a escolha de seus primeiros auxiliares (principalmente a do Ministro da Fazenda, administrador competente e que inspira confiança) permite alimentar novas esperanças de que o Brasil vai resolver os seus problemas e reencontrar o rumo do crescimento, com mais justiça, menos desemprego e portanto mais equilíbrio social. Esse na verdade é o ideário que está expresso na vontade do povo que o elegeu. E o futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou sensibilidade e competência ao dar prioridade ao combate à fome. A idéia do programa “Fome Zero” já fez a agenda de 2003, não apenas em termos de Brasil mas em escala mundial, pois imediatamente empolgou organismos como o Banco Mundial, a FAO, O BID e até mesmo a alta direção do FMI. É muito significativo que o lançamento desse programa no Brasil coincide com uma tomada de consciência da sociedade mundial de que a fome é o mais grave problema da humanidade. Isso mostra a importância que terá essa política na condução dos problemas nacionais.

(*) E-mail: dep.delfimnetto@camara.gov.br

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