Sued Georges, nascida na Síria, chegou no Brasil quando menina, vindo morar em Novo Horizonte.
Em Araraquara, viveu de 1966 a 1993. Nessa época, abriu o restaurante Tartous na cidade. Em julho de 1993, foi para São Paulo, trabalhar no Caesar Park.
Agora, de volta a Araraquara, Sued abriu o restaurante árabe Kadicha, junto com o filho Elias Gibran Neto e Frederico Abranches Quintão.
Seu conhecimento da culinária árabe floresceu junto aos familiares, mas foi sendo aprimorado com o tempo, com as novas experiências que surgiram em sua vida no Brasil.
Indicada por Sarah Coelho Silva, ela é destaque em Gente, nesta edição.
Em São Paulo, você se preparou para voltar para Araraquara?
Claro que não. Fui a trabalho e sequer tinha tempo para projetar alguma coisa. Precisava sobreviver com dignidade.
Fale sobre as experiências adquiridas.
Atuei em vários segmentos: jantares, festivais, cozinha internacional no Caesar Park, assessoria na rede de fast-food Almanara.
E valeu voltar? O que pesou?
Com certeza. Voltei porque quis. As minhas raízes estão aqui, meus filhos Márcia, Elias e Eduardo e meu neto Beto, de 14 anos.
Você se armou de coragem para abrir este empreendimento?
Esta pergunta é, no mínimo, intrigante. Eu não me armo de coragem para nada. É preciso fazer, vou e faço. Só que coloco muito de mim em tudo que faço. Talvez isto tenha a ver com a minha origem. Meu povo é forte. As pessoas saíram do país sem saber para onde iriam.
E o nome Kadicha? Como surgiu?
Li uma reportagem sobre o Líbano, onde falava do Vale de Kadicha, terra natal do poeta Gibran Kalil Gibran, me chamou a atenção.
Foi difícil encontrar um local?
Sim, enquanto não tive interesse em ver esta casa, porque havia sido minha. Daí, quando entrei, me senti tão bem, tão em casa, que resolvi que esse seria o local.
O que os clientes podem saborear?
As melhores receitas árabes. Gosto de sentir o sabor do alimento. O tempero serve para realçar o sabor e não para mudá-lo. Carne tem que ter gosto de carne, não de tempero. Na culinária árabe, os sabores são bem definidos.
Como encara a competitividade?
É ótima para o cliente, mas, com sinceridade, você queima os neurônios. O risco é permanente.
Há projetos culturais para a casa?
Acho minha casa (Kadicha) extremamente agradável, mas ainda é nova e não tem muitas histórias. Quero fazer história aqui. A Kadicha pode ser, por exemplo, um local para dar oportunidade a talentos desconhecidos, como músicos e artistas.
Defina mulher moderna.
Mulher moderna sempre existiu e sempre existirá. É aquela que abra caminhos, que não usa a sua feminilidade como forma de alienação. Enfim, é a mulher que encara a vida de frente.
Agora, que está de volta, como se sente?
Muito bem. O meu lar, com os meus filhos, é muito gostoso. Araraquara me recebeu de braços abertos e com tapete vermelho. Obrigada.
Mensagem
O medo de ousar, ser agressivo ou inovar fechou muito mais empresas do que a ousadia.