Sociólogo português diz que governo Lula não pode falhar

Uma das presenças mais marcantes do Seminário Internacional sobre Cultura e Desenvolvimento, que está sendo realizado em Salvador (BA), o sociólogo português Boaventura de Souza Santos disse que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva "não pode falhar".

Para o sociólogo, o modelo brasileiro proposto pelo governo se apresenta como uma alternativa ao neoliberalismo.

Ele acredita que apesar de crises, movimentos sociais podem sustentar a política de Lula. "A experiência não pode falhar porque é um projeto político diferente, milhares de pessoas dedicaram décadas de suas vidas a propor esse projeto e aceitam que haja dificuldades. Os movimentos sociais do país vão sair para a rua, não para desestabilizar o governo, mas para fazer uma pressão", disse.

Em entrevista, Boaventura voltou a defender a necessidade de substituir o Consenso de Washington pelo Consenso de Porto Alegre. "O Consenso de Washington, precisamente porque dá a primazia ao mercado, entende que o estado deva abandonar muitos dos serviços públicos que tem a seu cargo e que, portanto, devem ser privatizados, daí a privatização da previdência, da educação… De fato, quem estava de acordo com ele era o G-8, os EUA e os países desenvolvidos", afirmou.

O sociólogo assinalou que até mesmo os organismos multilaterais, como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), reconhecem a ineficácia das regras dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento. Em 2005, segundo ele, alternativas para um novo modelo econômico devem ser apresentadas no Fórum Social Mundial. Entre elas, estão propostas relativas à extinção da dívida externa e à criação de uma auditoria da dívida, que será criada por meio de coligações entre grupos da Europa e da América Latina.

O cientista também falou sobre a dependência de países latino-americanos ao modelo imposto pelos países ricos e lembrou a militarização da Amazônia, por forças norte-americanas, através do Plano Colômbia. Sobre os interesses de militarização dos Estados Unidos na África, Boaventura respondeu que os fundamentos estão na busca de reservas de petróleo, existentes principalmente em Angola e na Nigéria, na África Ocidental. "As reservas de petróleo nos Estados Unidos estão relativamente baixas. E as reservas que ainda estão por explorar fica, sobretudo, no Oriente Médio. E por isso a guerra no Iraque, pelo controle do petróleo. E, ao controlar o Iraque, desarticular a Opep", explicou.

Boaventura também acredita que a oposição norte-americana ao governo do venezuelano Hugo Chávez está relacionada a esses interesses. Para ele, a África, neste momento, se apresenta como uma zona alternativa. "Acredita-se que toda a política norte-americana não vai conseguir estabilizar o Oriente Médio, e sem estabilizar o Oriente Médio, é preciso ter reservas alternativas, e estas estão na América Latina e na África", concluiu.

O sociólogo é o convidado para encerrar os trabalhos do Seminário Internacional de Cultura e Desenvolvimento dos Países de Língua Portuguesa, nesta sexta-feira, com a palestra "Novas Ciências, Novas Parcerias, Novos Conhecimentos".

Compartilhe :

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Santa Casa de Araraquara abre vagas para enfermeiro assistencial

Rede Municipal da Educação realiza VI Mostra Cultural da Educação Integral nesta quarta (6) e quinta (7)

Semana Nacional de Prevenção ao Câncer Bucal alerta para importância do diagnóstico precoce e prevenção

Confira o que será votado na Sessão Ordinária desta terça-feira (5)

Judocas da Fundesport conquistam pódios em Olímpia

CATEGORIAS