Cleiton R. de Almeida (*)
Fez um ano que minha mãe faleceu. O tempo passou tão rápido que parece que foi ontem. Ainda vejo minha mãe, que morava em Batatais junto com minha irmã, sentada numa cadeira disposta ao redor de uma mesinha de centro, ao lado da garagem da casa, escutando um radinho colado ao ouvido, enquanto me aguardava quando das minhas visitas aos domingos. Minha mãe já idosa, sempre reclamava de dor nas pernas quando começávamos a conversar e depois, com o desenrolar do assunto, ela se esquecia das queixas e passava a falar com mais entusiasmo. Gostava de saber de tudo que acontecia com a gente e com os irmãos; não queria que escondêssemos nada dela, tanto as notícias boas como as más.
Ela conhecia o prato predileto de cada um dos filhos e sabia também das comidas que não gostávamos. Sabia até dos pedaços de frango que cada um mais apreciava, tanto assim que os colocava no prato conforme o gosto de cada um.
Mãe é insubstituível, e com a sua morte cria-se uma lacuna que jamais será preenchida. É a mãe que protege os filhos dos pais mais bravios, é a mãe que dá presente aos filhos escondida dos pais, os defende perante tudo e a todos.
Nossa mãe não morre para nós, ela é imortal. Somos um pedacinho dela, que continua eternamente viva na nossa lembrança. Só que não a vemos fisicamente, sentimos a falta de sua presença material, o que nos dá saudade.
(*) É médico e colaborador do JA.