Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves (*)
A prisão de um homem de 38 anos, que no sábado, ateava fogo nas proximidades da Estrada da Cama Patente, em São Bernardo do Campo, elevou para 11 o número de detidos sob a suspeita da prática de incêndio criminoso, que vem potencializando o fogo em mato e até nas cidades há mais de uma semana. Informa a secretaria da segurança Pública que testemunhas presenciaram o homem colocando fogo na mata e acionaram os policiais militares rodoviários que o prenderam em flagrante.
O caso foi registrado como incêndio, localização e apreensão de objeto no 3° Distrito Policial de São Bernardo do Campo, que requisitou exame pericial. Outras 10 pessoas já foram presas até a quinta-feira (29) por atear fogo em áreas de vegetação de São Paulo desde a semana passada. Dois suspeitos foram recolhidos em Franca, dois em Batatais, dois em São José do Rio Preto, um em Jales, um em Guaraci, um em Pindorama e o outro em Salto. Além disso, a Polícia Ambiental multou dois homens por acender uma fogueira para limpeza da vegetação, em Porto Ferreira-SP.
A Defesa Civil emitiu alerta, para o risco de emergência elevado para incêndios em quase todo o Estado de São Paulo, decorrente da elevação das temperaturas. De seu lado, as polícias Civil e Militar, ao mesmo tempo em que monitoram o território no objetivo de conter novos focos de fogo, também trabalham na investigação da motivação dos incendiários, que pode ir da simples ignorância que os faz continuar empregando modo antigo de limpeza das áreas agricultáveis até o objetivo delituoso de diferentes graus, indo do fogo recreativo até o estabelecimento do caos que interessa ao crime organizado. Cada motivo deverá receber um enquadramento e resultar em diferentes punições.
Em Batatais, um detido, de 42 anos, foi flagrado colocando fogo em uma área de mata na cidade no domingo, 25, disse ser ligado a uma facção criminosa. Ele chegou a gravar um vídeo comemorando o gesto de provocar a queimada. Com passagens por roubo, furto, homicídio e posse de droga, foi indiciado por causar incêndio
Todas as regiões onde correram incidentes estão em estado de alerta. Ribeirão Preto foi o município com maiores transtornos porque além do fogo na zona rural, a fumaça invadiu a cidade e prejudicou o funcionamento dos equipamentos urbanos e a saúde da população.
A Defesa Civil apontou risco máximo de emergência para incêndios em quase todo o Estado até o último domingo, Um mapa do órgão estadual aponta aumento diário de risco de fogo. em Andradina, Araçatuba, Barretos e Ribeirão Preto. Até sábado, 31, o número de municípios sob risco incluiu Assis, Bauru, Campinas, Franca, Piracicaba e Presidente Prudente. A boa notícia é que, a instabilidade de tempo com ventos de 75 km/h não se concretizou Mas todo o aparato do Estado continua mobilizado.
A Fundação Florestal, vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) do Estado de São Paulo, anunciou neste domingo, 1, o fechamento emergencial das 80 unidades de conservação nos (hortos florestais e assemelhados) da região metropolitana e do interior. Tais unidades são abertas à visitação pública e, em caso de incêndio, poderão ocorrer vítimas. A medida, que entrou em vigor imediatamente e se estende até 12 de setembro, responde ao aumento do risco de incêndios ameaçando tanto visitantes quanto áreas protegidas.
Não basta, no entanto, só o sistema público mobilizado para as possíveis emergências. A população deve estar conscientizadas de que não pode usar o fogo como limpeza de terreno e nem ateá-lo em pontos onde possam sair do controle e causar enormes prejuízos materiais e até pessoais. Atear fogo é crime e o quadro de seca que vivemos exige atenção especial. Para atender com rapidez as carências do momento, deveria o governo federal remeter ao Congresso Nacional uma Medida Provisória (que entra em vigor imediatamente, mesmo antes de sua discussão e votação pelos parlamentares) tratando do assunto e, entre outras coisas, equiparando o atear de fogo doloso a ato de terrorismo com severas penas. Os desordeiros ou incautos que fazem do fogo uma arma letal precisam ser desencorajado s ou, então, continuarão espalhando sofrimento à população e prejuízos aos investidores. Parem-nos já”
(*) É dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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