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Salvação da Lavoura

Antonio Delfim Netto (*)

A economia brasileira termina 2002 com uma taxa de crescimento do PIB próxima de 1%, uma performance medíocre para os padrões brasileiros. Nesses últimos dois anos de governança tucana estivemos muito próximos de uma recessão, o que só não aconteceu devido à reação da agricultura que ampliou a produção e as exportações depois da liberação do câmbio e mais recentemente beneficiou-se dos aumentos dos preços das commodities no mercado internacional.

A agricultura brasileira vem se recuperando da espoliação que sofreu no primeiro mandato de FHC, quando lhe cortaram o crédito e a garantia de preços mínimos. Com uma política de câmbio que desestimulou as exportações e facilitou a invasão de produtos importados a baixo preço, os agricultores ainda foram submetidos a um processo de descapitalização brutal, com a cobrança das maiores taxas de juro do mundo e a penhora de seus bens, inclusive pelo Banco do Brasil. São esses mesmos agricultores, chamados de “caloteiros” pela mídia servil ao governo, que evitaram nesses últimos dois anos que a economia brasileira resvalasse para a recessão. E mais ainda: foi o setor do agronegócio o responsável pelos saldos de comércio exterior que tornaram menos dramática a situação de vulnerabilidade externa do país.

A agroindústria brasileira, considerando o valor da produção, transporte, comercialização e exportações, representa cerca de 1/3 do PIB. Ela vem se recuperando apenas há dois anos e meio, depois que o Congresso Nacional obteve do governo a regularização das dívidas dos produtores e o Ministério da Agricultura venceu a queda de braço com a “equipe econômica”, forçando a liberação de crédito para custeio da produção e financiamento para a renovação de equipamentos. Essa recuperação ganhou fôlego com as exportações crescendo graças à modificação da política cambial em janeiro de 1999 e, mais recentemente, ajudada pela ligeira alta nos preços externos da soja, do açúcar, do álcool e do algodão principalmente.

Esses aumentos são internalizados e obviamente criam algumas dificuldades para a manutenção da estabilidade dos preços, mas por outro lado ajudam não apenas a melhorar os saldos comerciais de que dependemos vitalmente, como a restabelecer um pouco a paridade do poder de compra da agricultura. Não se trata de um ganho muito significativo porque uma boa parte dos insumos agrícolas são importados e portanto sofrem o efeito do câmbio, mas deve haver um resultado favorável aos agricultores.

O setor agro-industrial deve se preparar para enfrentar a má propaganda que começa a difundir a idéia que a inflação está de volta por causa da elevação dos preços dos alimentos. É preciso deixar claro que o maior problema que hoje existe com a meta da inflação é responsabilidade do governo, que não soube prevenir o choque de oferta produzido pela barbeiragem no setor energético, obrigou-se a conceder escandalosos aumentos de tarifas para uma energia que sequer foi consumida e tem tido uma leniente política monetária desde o início de 2001.

E-mail: dep.delfimnetto@camara.gov.br

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