Marilene Volpatti
Quando cometemos uma grande gafe, a vontade é de tomar um foguete e ir para a Lua. Mas existem maneiras de se recuperar.
Na hora tudo o que a gente quer é que o chão se abra e nos engula. Paralisados, incapazes de emitir qualquer som, sentimo-nos a mais idiota das criaturas.
A sensação de desastre, depois de um grande fora, pega a gente de muitas formas, mas a verdade é que não ficamos um dia sequer sem cometer alguma espécie de deslize, de abrir a bolsa e deixar cair um absorvente interno, chamar o novo namorado da amiga pelo nome do ex., e aí por diante. Tudo isso faz a gente morrer de vergonha. Mas é um sufoco momentâneo. Passados um ou dois dias já esquecemos o episódio.
O problema é um outro tipo de vexame. Aquele que, de tão constrangedor, nos faz ter a certeza que a vida nunca mais será a mesma.
A única saída
Outro dia, no cabeleireiro, uma senhora saiu do banheiro com a parte de trás da saia presa na calcinha – ficando parte do bumbum exposto. Deixou o salão antes que alguém conseguisse superar o constrangimento para avisá-la. A coitada foi para a rua, sem desconfiar de nada.
É bem provável que quando chegou em casa e descobriu o que aconteceu chorou humilhada, semanas a fio. Podemos não ter experimentado uma gafe tão constrangedora mas por muito menos já devemos ter tido vontade de sumir de circulação. O que ignoramos é que a memória das pessoas é muito curta quando se trata do fora dos outros.
Pra baixo do tapete
Quando dá errado, às vezes, a melhor saída é varrer tudo embaixo do tapete. A maioria de nossos erros deixa de ser embaraçoso se ninguém tomar conhecimento deles. Isso, Ana Maria aprendeu. Numa tarde, ao sair do serviço, tomou o coletivo com destino a sua residência. Sentou-se no banco ao lado de um senhor. Quando deu por si, estava com os braços cruzados puxando os pelinhos do braço do homem. Sem dizer absolutamente uma palavra, como se nada tivesse acontecido, desceu na primeira parada sem olhar para trás, e muito menos quis saber quem era o indivíduo que sofreu com sua gafe.
O jeito como enfrentamos certas situações pode determinar a intensidade de uma gafe.
Na profissão
Vale, também, para o ambiente profissional onde ninguém, nem mesmo o presidente da empresa, realiza um trabalho perfeito o tempo todo. Chamar a atenção para nós mesmo, a cada erro que cometemos, pode significar colocar na cabeça das pessoas a idéia de que somos incompetentes. Se estamos sempre dizendo “desculpe, errei”, o chefe pode começar a questionar nosso talento.
Resumindo, a maneira como lidamos com nossos erros no trabalho também sinaliza para os outros a nossa habilidade profissional. Portanto, quando nos defrontamos com um erro sério, a pior coisa que podemos fazer é fugir.
Maria Inês, secretária de uma grande empresa, estava em casa num sábado pela manhã quando se deu conta que os números que havia dado para o orçamento do próximo ano estavam errados. Ficou apavorada. A cúpula iria se reunir na próxima segunda-feira para analisar os dados. No auge do desespero, fantasiou a respeito de desaparecer da face da terra. A cabeça não parava.
À noite mal conseguia se agüentar. Decidiu ligar para o chefe. Evidentemente que ele subiu pelas paredes, mas encontrou uma luz no fundo do túnel. Ambos passaram o domingo refazendo o relatório.
Quando é para minimizar os estragos, cometidos na área profissional, um pedido de desculpas nem sempre basta. Devemos acompanhar a justificativa com um plano de ação capaz de corrigir o erro. Maria Inês, por exemplo, trabalhou o domingo inteirinho. Geralmente os chefes consideram esse empenho. E o melhor ainda é que, ao refazermos um trabalho no qual falhamos, recuperamos a nossa auto-confiança.
Rir por último
O importante é aceitar que, enquanto houver espaço para o aperfeiçoamento, ninguém jamais será perfeito. Então, procuremos sermos menos críticos conosco mesmos. De hoje em diante, quando enfrentarmos uma situação embaraçosa, sacudamos a poeira e caiamos na risada de nós mesmos. E quando encontrar uma daquelas pessoas que tanto admiramos, que tanto nos parece segura, lembremos: ela não nasceu assim. Sua autoconfiança foi conquistada. Equilíbrio, na verdade, é uma daquelas admiráveis qualidades que admiramos ao sobreviver de situações embaraçosas.
A primeira vez que nos defrontamos com elas trememos. Mas também podemos aprender a administrá-las.
Tentemos ser menos “carrascos” quando uma nova gafe invadir nossas vidas. Procuremos enxergar o lado positivo da situação – dificilmente cometeremos o mesmo erro. Da próxima vez, pensaremos dez vezes antes de falarmos ou escrevermos algo que nos deixe em situação embaraçosa. Isto chama-se experiência de vida.
Serviço
Consultoria: Drª Tereza P. Mendes – Psicoterapeuta Corporal – Fone:- 236-9225.