Marilene Volpatti
Dividir o poder é condição básica para uma relação saudável para que ambos se sintam respeitados.
Eduarda, professora, não tem controle sobre seu salário. Entrega tudo pra o marido, João Paulo, empresário, que administra o orçamento doméstico. Sempre que deseja comprar alguma coisa, ouve a explicação que “esse mês a coisa está feia”.
Quem manda na relação? Embora Eduarda seja uma profissional bem sucedida, a resposta está aos olhos de todos – menos dela.
Se engana quando diz que não gosta de mexer com dinheiro e que é um alívio o marido assumir as responsabilidades. Mas, ultimamente, tem brigado com ele por uma série de bobagens: quem vai ao supermercado, por que almoçar num restaurante chinês e não ir a uma cantina, sexta-feira é dia de faxina na casa e não na segunda…
Disputa de braço
A disputa pelo poder entre homens e mulheres é tão antiga quanto Marco Antônio e Cleópatra. Em todo relacionamento normal, existe uma espécie de quebra-de-braço. Com o dinheiro que se economizou, ele quer trocar de carro. Ela prefere terminar de mobiliar a casa.
Para sair desse disque-disque, o ideal é fazer pequenas concessões sem, evidentemente, desistir de tudo. Mas quando não existe equilíbrio de poder, a opinião de uma das partes quase nunca é levada em consideração.
Relações sem equilíbrio de poder, são menos afetuosas. Via-de-regra, o dono da situação costuma perder o interesse pela pessoa que se deixa subjulgar. “Em última instância” quando alguém sente que é capaz de controlar o comportamento do parceiro, tende a perder o respeito pelo mesmo”, dizem os psicólogos.
Até os filhos costumam tomar partido do mais forte. Se desobedece ao pai e a mãe fica sentada, olhando e achando graça, dá para se ter uma idéia de quem comanda o espetáculo.
Críticas
Um não ouve e nem pede a opinião do outro. Algum dia você já se pegou pensando: “Não consigo mesmo contar nada para ele” ou ouvindo: “Não dá para conversar com você”? Se as respostas forem afirmativas é preciso dar novo rumo às coisas. Quem nunca se dispõe a fazer uma concessão deixa o outro em desvantagem…
Pesquisas mostram que, na falta de equilíbrio do poder, o casal passa menor tempo possível junto. Há mesmo coisas que impedem os dois de usufruir da companhia um do outro, ou, então, estão se afastando de propósito. Se ela fica até às 3 da madrugada debruçada sobre o trabalho que leva para casa, e ele pula da cama às 5 para fazer seu cooper, é quase certo que as coisas não vão bem entre eles.
Quem adota quem?
Dá para perceber como é comum o casal acabar falando de um jeito parecido. Quanto menos força uma pessoa detém na relação, mais costuma “roubar” expressões e manias do todo-poderoso, como se estivesse brincando de “siga o mestre”.
Quando o casal está no sofá, ou mesmo na cama, vendo televisão ou conversando – quem se esparrama sem o menor constrangimento? O dono do poder, é claro! Ele toma conta do pedaço sem cerimônia, a vítima se espreme para abrir espaço.
Manda-chuva
Muro de lamentações. Ela chora, berra, se contorce e posa de vítima. Parece impotente… mas sempre acaba conseguindo o que quer. Age como uma pobre coitada, mas o marido, com ares machistas, não tem vez diante das suas artimanhas. A técnica favorita é esperar a calada da noite para atacar. Justamente quando ele está exausto, e pegando no sono, ela parte para uma vitoriosa guerra de lamúrias.
Depressivo. Ele está muito deprimido para fazer qualquer coisa. Fraco e impotente? Evidentemente não. Ele tem a mulher em suas mãos: ela não consegue se concentrar no trabalho porque liga de meia em meia hora para saber se ele já saiu da cama.
O fóbico. Ela tem medo de dormir sozinha, medo de guiar na estrada, medo de sair de casa, mas o importante é que cada gesto seu quer dizer “Não posso fazer nada sem você”. Consegue induzir seu homem a levá-la pela mão, cortando dessa maneira qualquer vôo independente dele.
O que fazer?
Muitos homens – e mulheres aos montes – acham que o macho deve comandar a relação. Em alguns casos, os maridos nem fazem força para agarrar o poder: é dado de bandeja.
Se você permitiu que ele tome todas as decisões sobre a casa, sobre as freqüências nas relações sexuais, sobre as férias da família, está na hora de ensaiar sua participação. Além do mais, não é justo vê-lo como o vilão da história se você não fez nunca o que a incomoda.
Nem sempre as mulheres são a parte mais fraca da situação. Muitas estão se tornando superativas enquanto seus parceiros mergulham cada vez mais na passividade. Resultado: Eles se sentem controlados e elas ficam com raiva (ser chefe em casa 24 horas por dia é exaustivo). Se for seu caso, e está cansada de ditar as regras, diga isso em alto e bom tom. Não esconda, diga o que sente e o que espera dele.
Depois de haver dito tudo, prepare-se para ouvir o que ele tem a dizer. Já que você colocou as cartas na mesa, pode ter certeza de que vai ouvir coisas que ele gostaria de que fossem mudadas. Se souber se abrir para as críticas construtivas a relação vai fortalecer.
Alterar padrões antigos requer tempo e muita paciência, mas os esforços no sentido de alcançar uma relação equilibrada são compensadores. Quando você e ele, finalmente, pararem de impor vontades, podem começar a pensar no que é melhor para os dois.
Serviço
Consultoria: Drª Tereza P. Mendes – Psicoterapeuta Corporal – Fone:- 236-9225.