Carlos A. Nascimento (*)
Prometo fazer deste ano, um-ano chave na luta pelo fim das queimadas em nosso município.
Não podemos ficar a mercê da cumplicidade do governo do estado junto ao setor alcooleiro. A nova legislação que estipula prazo de décadas para o fim das queimadas de forma gradativa, nada mais é do que um golpe na sociedade. É o tempo que os usineiros precisarão para implementar por completo as novas tecnologias da mecanização do corte da cana no país e principalmente na nossa região, uma das maiores áreas produtivas de cana de açúcar.
Os usineiros sempre usam do discurso da geração de trabalho e renda para justificar todo o mal que promovem contra o ecossistema e a saúde. Criaram até o bordão “E se não fosse a cana”. Com isso conseguem nos fazer de refém, mas a verdade é que do ponto de vista real, a contrapartida do setor aos interesses da comunidade sempre foram ínfimos perto de seus lucros.
Podemos com tranquilidade responder que se não fosse a cana, seria com certeza, o gado, o feijão, o arroz, dentre outras lavouras, bem menos degradantes.
Históricamente a monocultura nunca foi o melhor exemplo de exploração econômica e desenvolvimento balanceado e auto-sustentável. Acreditamos ser urgente pensarmos na diversificação das culturas num país de grande potencialidade como o nosso.
Não descartamos a importância do setor alcooleiro para a economia do país, mas é muito clara a falta de compromissos sociais dos usineiros com nossa sociedade. Além dos terríveis malefícios que a monocultura apresenta, os impactos ambientais e sobre a saúde são enormes.
É importante que o setor possa equalizar sua importância econômica e seus lucros crescentes com a devida importância que têm o meio ambiente e a saúde das pessoas.
Estamos prestes a entrar no período da colheita deste ano. Queremos impedir que, novamente, a nossa comunidade seja castigada, ou ao menos minimizar estes efeitos. Um dos grandes problemas que temos no município, é a inconseqüente queimada promovida junto às casas de bairros periféricos.
Acompanhamos e fotografamos canaviais à beira dessas casas que, além dos animais que lá proliferam, a cada queimada é como se essas pessoas estivessem num verdadeiro inferno.
Por isso, protocolamos na câmara uma lei que aumenta o perímetro do município no que tange à promoção das queimadas, ou seja, pela nossa lei nenhuma cultura e, sobretudo a cana de açúcar, poderá ser queimada numa distância mínima de três quilômetros da última rua urbanizada que circunda o bairro.
Se existe uma lei estadual que dá o direito da queimada aos usineiros, por outro lado podemos e temos o dever de produzir leis que defendam o interesse da nossa comunidade.
Vamos pedir inclusão da lei e esperamos vê-la aprovada o mais rápido possível.
(*)É vereador e líder do Pt.