Crianças têm alta capacidade de absorver diferentes idiomas sem grande esforço.
As crianças apresentam uma alta capacidade de absorver diferentes idiomas sem grande esforço. Contudo, a ciência também oferece uma visão mais complexa sobre como a relação das pessoas com as línguas evolui ao longo da vida. Isso porque diferentes idades têm distintas vantagens para o aprendizado de um novo idioma.
Bebês, por exemplo, têm um ouvido apurado para sons; crianças conseguem pegar sotaques nativos muito rapidamente; e adultos podem prestar atenção por mais tempo e expandir mais o vocabulário, por serem letrados.
Além dos diferentes estágios da vida, outros fatores também podem influenciar a quantidade de idiomas que as pessoas falam e a qualidade da pronúncia. Alguns exemplos são as técnicas de ensino, as circunstâncias sociais e as relações amorosas e de amizade.
A professora de desenvolvimento linguístico e diretora do centro Bilingualism Matters, da Universidade de Edimburgo, Antonella Sorace, observa que o ponto de excelência das crianças é no aprendizado implícito – quando a aquisição de conhecimento acontece independentemente das tentativas conscientes para aprender. A afirmação foi feita em entrevista à imprensa.
No caso do inglês para crianças, é possível aprender mais rápido quando os pequenos convivem com estímulos constantes, como a presença de nativos, por exemplo, pois os imitam, e de atividades lúdicas. Já os adultos contam com a vantagem de conseguirem focar por mais tempo em aulas expositivas, com regras sendo explicadas por professores. Além disso, eles têm mais controle cognitivo.
Aprendizado é importante para o desenvolvimento
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e publicada na revista Cognition, em 2020, a idade ideal para começar a aprender inglês, de maneira a chegar ao nível de conhecimento gramatical de um falante nativo, é aos 10 anos.
Dessa forma, dos 10 aos 12 anos, a criança e o pré-adolescente têm mais noções de estruturas gramaticais, enquanto os menores contam com mais facilidade em relação aos sons e à imitação deles. O levantamento foi feito a partir de um questionário on-line com quase 670 mil pessoas.
Faixas etárias anteriores aos 10 anos de idade, contudo, também são consideradas importantes para a criança que estuda inglês. Isso porque o ensino de outros idiomas promove um incentivo ao desenvolvimento cognitivo. É possível desenvolver, portanto, habilidades como maior concentração, criatividade, associação, memória e solução de problemas.
Explicando a facilidade para aprender mais de uma língua
Em estudo publicado no The Journal of Neuroscience, em 2013, cientistas do Kings College, em Londres, e da Brown University, em Rhode Island, descobriram que existe uma janela importante de formação no cérebro para o aperfeiçoamento da linguagem entre dois e quatro anos de idade.
Foram estudadas 108 crianças com idades entre um e seis anos. Por meio do escaneamento do cérebro, os pesquisadores identificaram que as influências exteriores têm maior impacto nas crianças com menos de quatro anos de idade – justamente quando as ligações entre os neurônios se desenvolvem para assimilar novas palavras.
Eles descobriram, portanto, que toda e qualquer influência ambiental sobre o desenvolvimento do cérebro é mais intensa na infância. A pesquisa sugere que esse fato explica porque a imersão de crianças em um ambiente bilíngue, antes dos quatro anos, pode garantir mais chances de elas se tornarem fluentes em ambos os idiomas, por exemplo.
(Luiz Affonso Mehl – Analista de Link Building – www.expertamedia.com.br)
