Professor de História faz sucesso na Uniara

Mivaldo Messias Ferrari é formado em História. Fez Mestrado e Doutorado na Universidade de São Paulo. Foi professor dessa disciplina por mais de 20 anos. Deixou de lecioná-la para ser o Chefe do Departamento de Ciências Humanas e Sociais que agrega os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Jornalismo, Normal Superior, Psicologia, Publicidade e Propaganda e Turismo com Ênfase em Hotelaria, além do Curso Técnico em Turismo.

JA- Considera problemático trabalhar com diferentes cursos?

M.M.F.- Não há problema algum. É até gratificante porque sou formado em Ciências Humanas. Os cursos tem características próprias, porém há determinações gerais pertinentes a todos eles. Devo também o sucesso desses cursos aos seus coordenadores que atuam com dedicação e competência.

Qual a diferença de se educar hoje em relação à antigamente?

Hoje os valores são outros. Comecei a lecionar no ensino médio em 1959, no Colégio Duque de Caxias. Lembro-me que até a década de 1960 os professores não davam aulas em manga de camisa. Usavam paletó ou jaleco. Não que eu achasse isso bom, mas era o costume. Os alunos se levantavam quando o professor entrava na sala de aula. Havia mais respeito. Talvez pela dificuldade de acesso aos meios de comunicação, o contato dos alunos ficassem mais restritos à família e à escola. Não havia espírito crítico aguçado, daí a maior receptividade dos ensinamentos ministrados. Hoje os costumes são outros, talvez pela agilidade dos meios de comunicação. As noticias boas e más (principalmente estas) circulam com espantosa rapidez. Os maus exemplos estão ao alcance de todos. A violência e o uso de drogas proliferam. As tecnologias mais avançadas, o computador e a internet aceleram os contatos e despertam cada vez mais os questionamentos. A dificuldade é saber como disciplinar tudo isso.

Antigamente era mais fácil lecionar. Porém, acredito que as normas didáticas aplicadas naquela época fossem inadequadas ao mundo de hoje.

Exposição Didática Debret, qual foi a sua motivação?

Debret é um sonho antigo. Em setembro de 1998 fiz, juntamente com o artista plástico Sidney Rodrigues e a professora de português Cleide Terezinha Bueno do Prado, a exposição Rugendas “Viagem Pitoresca Através do Brasil”, que acabou sendo muito visitada e quando deixou a sala do Centro de Artes da UNIARA, passou a ser itinerante, sendo exposta em muitas cidades da região. Já naquela época pensávamos em Debret, quando em 2001, o Prof. de Artes Paulo de Tarso Lins me informou que havia no sebo do Marcos Murad, a obra de Debret Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil em 3 volumes. A UNIARA adquiriu os volumes e a Profa. Cleide Terezinha Bueno do Prado selecionou os textos. Por falta de tempo os trabalhos foram paralisados e só agora em 2005 pudemos realizá-lo.

Fale de sua parceria com o Prof. Sidney.

Bem, o Sidney é um jovem de 78 anos que me incentiva muito. Sem ele essas exposições não sairiam. Tem muita sensibilidade e gosto artístico apurado.

Quais os passos para elaborar a exposição.

Primeiro fizemos a seleção e montagem do material. Do livro “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil” foram selecionados e organizados os textos que explicam o conteúdo das pranchas expostas. Assim, o próprio autor explica a sua obra. Os desenhos coloridos, em número de 46 pranchas, foram digitalizados na Publiara, Laboratório do Curso de Publicidade e Propaganda, na resolução de 300dpi, com a medida de 0,40×0,30cm. Dois têm a medida de 1,00×1,00m aproximadamente. Além disso há um expositor triangular iluminado, com duas pranchas laterais de Debret de 0,80×0,40cm e à frente ficam os dados da exposição.

Como conseguiu o material?

A exposição foi toda elaborada na própria UNIARA. Agradecemos o financiamento da reitoria e a colaboração dos técnicos Gabriel Arroyo e Rodrigo Sallun da Publiara e Elisabete Perassolli, secretária. Somente a plastificação das pranchas foi feita em firma especializada.

A programação das visitas.

O city-tour que todos os dias leva alunos para conhecer a cidade, incluiu em seu roteiro uma passagem pela exposição. Levamos também os alunos dos cursos superiores de Turismo, Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Arquitetura e Urbanismo e Normal Superior.

Em todo o período em que esteve aberta a exposição foi monitorada por alunos do Curso de Turismo com Ênfase em Hotelaria. As escolas também agendaram as visitas. Calcula-se que, fora as visitas individuais, mais de 700 jovens viram Debret.

Qual a importância histórica da exposição?

Como já disse, a exposição mostra ilustrações de Debret que são valiosos registros sociais, históricos e paisagísticos do nosso país da primeira metade do século XIX.

Tem importância histórica porque possibilita aos estudantes e ao público em geral, conhecer parte da obra do grande artista que foi Debret, cujos desenhos, por datarem da primeira metade do século XIX, são fortemente influenciados pelo romantismo da época. Mostrar a importância de suas pranchas que retratam cenas da escravidão, tipos raciais de negros e índios, paisagens e cenas de costumes regionais que se constituem documentos preciosos, bastante reproduzidos em livros didáticos de História do Brasil.

A exposição ficará à disposição de outras instituições?

A exposição já está à disposição de escolas, salas de exposição e museus de Araraquara e região. Basta agendar na UNIARA com a secretária Elisabete: fone (16) 3301-7188.

Qual a sua experiência nesses eventos?

Em 1995 fiz um vídeo comemorativo aos 50 anos do término da 2ª Guerra Mundial. Entrevistei os ex-combatentes residentes em Araraquara e montei o vídeo com reportagens da TV Globo e da antiga TV Manchete. O vídeo é muito rico em informações, mas foi elaborado com tecnologia deficiente.

Em 1998, como já disse, foi realizado o projeto Rugendas, nos mesmos moldes do projeto Debret.

Em 2000, com parceria da Unesp/Uniara, fizemos a exposição Brasil 500 anos. Novamente a participação do Sidney foi decisiva. A Unesp trouxe de São Vicente grande quantidade de objetos indígenas que compuseram a sala de exposições. No pátio montamos um altar onde foi rezada uma missa de verdade, simbolizando a 1ª missa no Brasil. Colocamos também uma caravela e uma oca, que foi o delírio da criançada.

Em 2003, novamente com a participação do Sidney foi feita a exposição “Trem de Ferro” em parceria com a ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária). Além dos objetos ferroviários da antiga Estrada de Ferro Araraquara, apresentamos em telão um vídeo fornecido pela EPTV onde mostra o estado de deterioração avançado das estações ferroviárias abandonadas. A ultima exposição foi a de Debret.

Como aluna do Curso Normal Superior, pergunto: qual a importância da visita para nosso conhecimento?

Muitos cursos visitaram a exposição, porém considero que foi mais importante para o Normal Superior. É um curso que forma professores para o ensino fundamental, onde a história iconográfica tem grande efeito didático na educação das crianças. Deve-se levar em consideração que o Normal Superior tem Artes Plásticas em sua estrutura curricular.

E os novos projetos?

Projetos nunca faltam, o que não temos é tempo disponível para realizá-los. Estamos pensando, eu e o Sidney, em fazer uma exposição sobre o Barroco Brasileiro. Essa exposição não contemplaria só as artes plásticas, mas também a música e a literatura, através de palestras e apresentações musicais.

Mensagem

Se a vida fosse só isso…

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Rir

Se a vida fosse só isso…

Bicho seria utopia de gente.

Sidney Rodrigues

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