Ana Paula Grabois
A produção industrial brasileira voltou a crescer no primeiro mês do ano, com uma expansão de 0,8% em relação a dezembro de 2003. Segundo dados do IBGE, na comparação com o mesmo período do ano passado, houve uma alta de 1,7%, o quinto crescimento consecutivo.
Em dezembro, a trajetória de recuperação do setor havia sido interrompida, com uma queda de 1% na comparação com novembro.
Segundo o IBGE, o patamar de produção registrado em janeiro de 2004 retornou ao observado no último trimestre do ano passado.
“O quadro que se tem é de uma estabilização do nível de produção, considerando as últimas observações de 2003 e o início de 2004”, afirmou o coordenador da área de indústria do IBGE, Silvio Sales. Na sua avaliação, a indústria apresenta um movimento “discreto” de recuperação. Segundo Sales, o setor registrou, no primeiro semestre do ano passado, uma redução contínua da produção e, entre julho e setembro, uma forte recuperação. A partir de outubro, no entanto, o setor perdeu fôlego, disse Sales, ficando estável agora em janeiro.
O crescimento de dezembro para janeiro ocorreu de forma generalizada. Dos 20 ramos pesquisados, 17 tiveram expansão. O destaque ficou por conta da indústria mecânica, que voltou a crescer 4,5% depois de uma queda de 3,9% em dezembro.
O crescimento da indústria também foi generalizado quando se observa as variações de acordo com as categorias de uso. Os bens de capital (máquinas e equipamentos) tiveram expansão de 4,5%, seguidos pela alta de 3% nos bens duráveis (carros e eletrodomésticos), estes estimulados pelas melhores condições de crédito.
Os bens de consumo semi e não-duráveis (vestuário, calçados e alimentos), que vinham sofrendo com a queda da renda e desemprego elevado, registraram a primeira alta (+2,2%) depois de três meses em baixa. Entretanto, esse resultado não significa uma recuperação devido às condições ainda desfavoráveis da renda e do emprego no país.
“Ainda é muito prematuro dizer que começou um novo ciclo de expansão dos não-duráveis”, disse Sales. O técnico do IBGE acrescentou ainda que, em outras comparações, esse tipo de categoria industrial permanece em trajetória de queda –nos últimos 12 meses, acumula redução de 5,3% e, em relação a janeiro do ano passado, sofre uma perda de 4,6% na produção.
Os bens intermediários (siderurgia, celulose, cimento, produtos químicos e materiais plásticos) foram os únicos que registraram queda, de 0,8%.