O salário mínimo já não compra uma cesta básica. O Procon – Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor – e o Dieese – Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos – informam que o custo médio ultrapassa os 200 reais balizados pelo aludido salário. Não pára de subir…
O número de alunos que cursam universidades e faculdades particulares, à noite, praticamente dobrou nos dois mandatos do presidente FHC. As matrículas, no período, passaram de 711 mil para 1 milhão 390 mil. Crescimento de 96%.
Na rede pública (não existe número determinado) a idéia é que as inscrições também cresceram. Enfim, nunca se procurou estudar tanto neste país… o que é ótimo. Nos recentes vestibulares da Fuvest, que deixam a moçada estressada e os pais na maior expectativa, mais de 160 mil disputam 8 mil vagas.
Vale um diploma que milhares de pais e mães procuram deixar aos filhos como a herança de maior significado. No Brasil, de amplas reformas e contradições, o conhecimento jamais será subtraído. Mas, depois de enormes sacrifícios e anos dourados investidos para curtir uma vida profissional digna e substanciosa – dinheiro suficiente para construir os mais lindos sonhos – como o mercado recepciona os que procuraram amealhar saberes?
Sem delongas, eis um exemplo triste e acabado: a vizinha prefeitura de Taquaritinga encerrou na sexta-feira (22) as inscrições para Concurso Público de Provas e de Provas e Títulos destinado a prover vagas existentes ou que venham a se abrir. Dentre elas, padeiro (ensino fundamental completo), 323 reais. Professor de Música (curso superior), 413 reais. Professor de Educação Infantil (Curso de nível médio – Normal – ou Licenciatura Plena em Pedagogia), 420 Reais. Professor Ensino Básico II (Licenciatura Plena), 650,00. Diretor de Escola (Licenciatura Plena em Pedagogia e, no mínimo, 5 anos de experiência no magistério), 1.230 reais.
Precisa dizer mais? Isso é uma vergonha desde que, obviamente, entendamos a educação como ferramenta indispensável para tirar o país de seu estágio subordinado de terceiromundista que, sem favor algum, tem potencial para não permanecer de joelhos.
Isso, como o sol do meio-dia, não será factível enquanto ficarmos em silêncio quando um professor é convidado a fazer prova de sua capacidade superior para ganhar 400 reais. Decisão vocacional, intensa preparação formal, disponibilidade para fincar-se na tempestade de informações através de “n” veículos, aprovação em concurso, plano de curso, reuniões pedagógicas, preparação de aula, correção de provas e arguições para mensurar a aprendizagem, enfim, o máximo para ensinar os brasileiros e o mínimo (duas cestas básicas de alimentos) como pagamento da performance. Dessa forma, caros compatriotas, onde pretendemos chegar?