Por que a gripe pode ser um risco à gravidez e como se cuidar

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Gripe crônica e mal curada na gestação aumenta o risco de aborto espontâneo ou malformações congênitas

Segundo o The Centers for Disease Control and Prevention (CDC), os adultos têm, em média, 2 a 3 resfriados por ano, que costumam ocorrer nos períodos de baixa temperatura, principalmente no inverno. Porém, na gravidez, o cuidado com a saúde deve ser redobrado nesta época.

De acordo com Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP, membro da FEBRASGO e especialista em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein; para comportar uma nova vida, o corpo da gestante passa por alterações importantes no sistema imunológico e cardiorrespiratório, além de mudanças hormonais.

“O organismo da mulher fica sob estresse constante, já que todos os seus órgãos estão trabalhando por dois, de modo a fornecer nutrientes e oxigênio o tempo todo para ela e o bebê. Ou seja, esse estresse corporal deixa a gestante mais vulnerável a contrair doenças, como a gripe, que pode gerar sérias complicações gestacionais”.

Para auxiliar as gestantes, Carlos Moraes, que também é médico nos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Pro Matre; orienta como se cuidar e quais os medicamentos permitidos na gravidez.

Atenção aos sintomas

Devido à baixa imunidade na gestação, os sintomas da gripe se tornam mais evidentes, crônicos e difíceis de combater. “Febre igual ou superior a 38ºC, tosse persistente com muco, falta de ar e fadiga excessiva são sintomas que podem evoluir para uma bronquite e até pneumonia”.

Quadros mais graves podem apresentar tontura; confusão mental; muco com sangue; dificuldade para respirar; não sentir os movimentos do bebê; febre alta persistente; dor ou pressão na região abdominal ou do peito; vômitos persistentes. “Nestes casos, busque ajuda médica imediatamente”, alerta Carlos Moraes.

Um estudo publicado no MedicalNewsToday mostrou que uma gripe crônica e mal curada na gestação pode aumentar o risco de aborto espontâneo, parto prematuro, baixo peso ao nascer e até malformações congênitas.

O que fazer

De acordo com o ginecologista obstetra, ao sentir os primeiros sintomas de gripe, é fundamental informar seu médico o quanto antes. “O ideal é fazer a avaliação nas primeiras 48 horas após o surgimento dos sintomas, período em que a infecção pode ser tratada com mais facilidade”.

Medicamentos indicados

Alguns medicamentos contra a gripe podem ser usados na gestação sem grandes problemas, mas apenas sob orientação médica.

Confira os mais seguros:

Analgésico/antipirético

O paracetamol, também conhecido por acetaminofeno, é um dos antipiréticos mais usados na gravidez contra febre, e também como analgésico para alívio dos sintomas associados a gripes e resfriados, como dor de cabeça e dor muscular.

De acordo com um estudo publicado no American Family Physician (AFP), o consumo do paracetamol (ou acetaminofeno) é seguro durante toda a gravidez, desde que a dosagem seja controlada (e seguida à risca) pelo médico responsável.

Xarope/antiviral

Segundo Carlos Moraes, para combater a tosse na gestação, os medicamentos mais indicados são o guaifenesina, um expectorante que atua como descongestionante das vias respiratórias, eliminando a secreção em tosses produtivas; e o bromidrato de dextrometorfano, um antitussígeno que ajuda a acalmar a tosse seca irritativa.

“Já o antiviral oseltamivir previne o risco de complicações nas 48 horas após os primeiros sintomas de infecção, sendo recomendado pelo The Centers for Disease Control and Prevention, como um medicamento seguro para as gestantes”.

Anti-histamínicos

Também chamados de antialérgicos, os anti-histamínicos são usados para minimizar os sintomas da alergia/rinite alérgica. Segundo o American College of Allergy, Asthma, and Immunology (ACCAI), até 15% das gestantes fazem uso, com orientação médica, do cloridrato de difenidramina, maleato de clorfeniramina, loratadina e dicloridrato de cetirizina. “Se o quadro alérgico for leve, evite os anti-histamínicos e prefira um spray nasal salino”, aconselha Moraes.

Importância da vacinação

A vacina contra o vírus da influenza é essencial para todas as pessoas, principalmente gestantes e puérperas, que fazem parte do grupo de risco, sendo mais suscetíveis a infecções.

Inclusive, o The Centers for Disease Control and Prevention ressalta que a vacinação é a maneira mais eficaz de prevenir a gripe e manter a gestação saudável e segura.

 Cuidados extras

O especialista alerta ainda sobre a importância de repousar, se hidratar e manter uma dieta saudável, rica em alimentos com vitamina C e zinco, como cereais, brócolis, couve, espinafre, tomate, laranja, abacaxi, amora, kiwi, framboesa, carne vermelha, frango, ovos, grão de bico e abóbora.

“Vale lembrar que você nunca deve se automedicar, especialmente nos 3 primeiros meses da gestação. No entanto, negligenciar a gripe é igualmente perigoso. Daí a importância de seguir corretamente o pré-natal e sempre comunicar o seu médico caso haja alguma alteração na sua saúde, por menor que seja”, finaliza Carlos Moraes.

(FGR Assessoria de Comunicação)

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