Marilene Volpatti
Sem conhecer o padrão de escolha amorosa, caímos em armadilhas. Estamos sempre procurando o mesmo tipo de parceiro e de “problemas”.
Assim como uns preferem a cor morena, outros ao loiro, pode-se dizer que cada um possui um padrão de escolha amorosa e que tende a se repetir automaticamente.
Além da aparência física o padrão se define, também, por um conjunto de semelhanças nos comportamentos.
Por que isso acontece? De que modo formam padrões? O que impulsiona para ir na direção de determinada pessoa e não de outra? Para os estudiosos a aproximação está ligada a aspectos do nosso psiquismo sobre os quais não temos conhecimento suficiente e muito menos controle. De contrário, seria fácil, eis que nos envolveríamos com pessoas certas e não haveria desencontros.
Berço
Evidentemente que alguns fatores pesam na balança. A influência da família, por exemplo. Tendemos a herdar os valores e crenças da nossa família, aceitando-os ou recusando-os. Ambos os casos acabam se refletindo na escolha amorosa, independente das razões que uniram o casal, convivendo-se com a contradição: o desejo de que aquela paixão se transforme em união duradoura. Só que o dia-a-dia exige afinidades e não arroubos sentimentais. A cultura nos fez acreditar em contos de fadas, filmes e crenças religiosas de que existe uma alma gêmea à nossa espera para partilhar e preencher todos os nossos desejos, os possíveis e impossíveis também. Na pratica, dificilmente acontece.
“Benefícios”
Segundo os psicanalistas, nas relações afetivas é que buscamos um complemento para as necessidades profundas e pouco expostas, ligadas às frustrações da primeira infância.
Acredita-se que esse comportamento que fere, machuca e há muita queixa, traz alguma “vantagem” psíquica. Assim como não existe chefe sem subordinado, um precisa do outro para desempenhar seu papel.
A pessoa que sempre se queixa de abandono é um exemplo típico de quem teve uma infância desamparada e desenvolveu um medo terrível de ser abandonado, de novo. É o mecanismo de defesa criado na tentativa de sofrer menos. Ela pode procurar no parceiro indícios de abandono que nem sempre são reais, para abandoná-lo primeiro. Mas, o que acaba acontecendo é que o companheiro a abandona.
Só se aprende errando
Não conhecendo nossos padrões amorosos estaremos, sempre, caindo em armadilhas, sem condições de refletir sobre o porquê dos fracassos repetidos e estar sempre à procura de situações parecidas. O indivíduo sempre acha que o próximo caso irá dar certo. Em vez de tentar mudar a situação, acredita que vivendo-a de novo vencerá os obstáculos.
Essa é a certeza que faz com que Regina, 32, comerciante, parta sempre para o mesmo tipo de relacionamento. É uma transformadora. Consegue imaginar os namorados depois do trato que ela der neles. Não é só na maneira de vestir a mudança que ela faz. Se for casado, acredita que deixará a família por causa dela. Se mora com os pais, quer que ele adquira a “independência”. Julga-se a toda poderosa na vida do indivíduo e fica magoada se não for reconhecida como tal. Está no terceiro casamento, sem contar os outros relacionamentos com duração ainda menor, e não percebeu que esse padrão não tem final feliz. O homem cansa e coloca fim na relação ou aceita, confirmando que ela é a maioral, o que faz com que o despreze e ela dê fim na união dos dois.
O que fazer diante desse impasse? em vez de ir contra a correnteza, ficar mudando de parceiro constantemente, o primeiro passo para uma relação mais duradoura e saudável é descobrir o padrão amoroso. Uma maneira de conseguir se compreender é rever o passado respondendo às seguintes perguntas: O que os paceiros de minha vida tinham em comum? O que me ofereceram? O que me tiraram? Onde demos trombadas? O que eu buscava nesses relacionamentos? Chegando a uma conclusão é necessário dar um “basta” no que está atrapalhando o crescimento.
Todo mundo quer chegar a algum porto seguro. Assim, é bom que se entenda que o ser humano é complexo e está sempre mudando. Encontrar a plena harmonia no amor é querer demais.
Vale dizer que entender como nos relacionamos com o sexo oposto é a única garantia de se amarrar num novo amor sabendo o que pode se esperar dele e si mesmo. Conhecendo o padrão amoroso é mais fácil evitar as armadilhas nas quais nos ferimos, algumas vezes, profundamente.
A chance de ser feliz é bem maior quando compreendemos que a sabedoria está em regular a si próprio e somente beneficiar-se do que o outro pode oferecer, sem esperar que aconteça o impossível.
Um amor, mesmo que não seja aquilo que se idealiza, torna a vida mais agradável. Somente isso, mais nada. O crescimento está dentro de cada um de nós. Basta querer, e a vida será melhor.
Serviço
Consultoria: Drª Tereza P. Mendes – Psicoterapeuta Corporal – Fone:- 236-925.