Geraldo Polezze (*)
Os benefícios do perdão são inúmeros. Mas, perdoar mesmo, de verdade, profundamente..não vale ficar na periferia já que o desgaste será inquestionável. Se algumas pessoas, adredemente convidadas, não participam de uma reunião que ficaram de comparecer não dê importância à falta de respeito e deselegância, pois, afinal, não é inteligente sofrer duas vezes a ponto de refletir em sua saúde. Ninguém dá o que não tem, certo? Então perdão para elas porque, caso contrário, a humanidade pára, estanca. Se alguns políticos, enquanto buscam o poder, combatem o que atrapalha o povo e desfraldam bandeiras populares, mas, ao depois de conseguir o intento fazem exatamente o contrário, esqueça e vá em frente com o indispensável equilíbrio do corpo e alma. O perdão, no caso, é uma decisão psicológica para que as relações humanas sejam reatadas e a política representativa continue sendo a maneira democrática de participar do processo decisório. Um mandato outorgado a um agente, a um cidadão pertencente ao mesmo contingente humano. Ele fazendo é como se eu estivesse realizando.
Não fosse o perdão os conflitos se acumulariam e tornariam impossíveis a continuidade de qualquer relação: familiar, profissional, acadêmica, enfim, de qualquer conjunto de pessoas.
Perdoar, nesse sentido e sem conotação religiosa, significa ter o direito de ficar magoado. Seria exigir demais: perdoar e esquecer tudo. Se for possível, no entanto, anime-se e vá em frente porque faz bem à sua saúde.
Uma pessoa que vive em sua tribuna, em seu púlpito, com sua arma de comunicação – sempre magoando os semelhantes – envolve-se numa gama enorme de ondas negativas e passa a se constituir em elemento que desequilibra o ambiente e transforma-se em um amontoado de células doentes que são capazes de levá-lo à apoteose mental. Já não separa o real do virtual. O seu poder não vislumbra limites e passa a ser perseguido por “fantasmas”. Essa pessoa terá dificuldade em pedir perdão: acha-se sempre certa e investida na função de paladino da verdade e dos oprimidos. Por conseqüência, pelos males espalhados, é difícil ser perdoada. O perdão não pode ser uma obrigação, tem que nascer naturalmente.
Estamos chegando ao fim de mais uma jornada, cheia de contradições. Somos levados a perdoar os especuladores que fazem o nosso real valer muito pouco. Pobre de quem compra no mar do dólar e vende no riacho do real. É o estágio atual de nossa imprensa, por vezes predatória. E de outras empresas que morreram na praia.
Não está fácil perdoar quem tem nos ofendido e não cair em tentação de mandar muita gente para o inferno. Poxa, Senhor, perdão!
(*) É jornalista-editor