Alister Doyle
O terrorismo e a guerra contra o Iraque vêm desviando a atenção das potências mundiais das causas globais de longo prazo, como a redução da pobreza e a proteção do meio ambiente, disse na quinta-feira o presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn.
“A maioria dos doadores teve sua atenção significativamente desviada”, disse Wolfensohn durante uma visita a Oslo. Segundo ele, os países ricos estão “de olho nos problemas imediatos e tirando os olhos dos problemas de longo prazo”.
No fim de abril, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, havia expressado a mesma preocupação, referindo-se principalmente à questão ambiental.
“O desenvolvimento e o meio ambiente foram relegados a segundo plano”, disse Wolfensohn. Para ele, os países estão preocupados principalmente com o terrorismo, com o Iraque, o Afeganistão e o Oriente Médio.
O presidente do Banco Mundial afirmou que os países ricos precisam agir com mais intensidade em relação ao livre comércio e à assistência financeira, para que as metas da ONU para 2015 sejam alcançadas. Essas metas vão desde a eliminação da fome até a melhoria da educação no Terceiro Mundo.
“Não estamos progredindo no comércio e não estamos vendo grandes fluxos de verbas assistenciais”, disse ele numa entrevista coletiva em conjunto com a ministra do Desenvolvimento da Noruega, Hilde Frafjord Johnson.
Para Wolfensohn, os países em desenvolvimento também precisam agir, realizando reformas democráticas e rejeitando a corrupção. “Não é só uma questão de reclamar dos países ricos,” afirmou.
“Parece que a morte silenciosa de 30 mil crianças por dia não merece a mesma atenção que as mortes nos locais mais visados do mundo”, disse a norueguesa.
Wolfensohn disse, porém, que é provável que o mundo atinja a meta de cortar pela metade a proporção de pessoas vivendo na miséria, ou seja, com menos de um dólar por dia, por causa do fortalecimento econômico da China e da Índia, os países mais populosos. As chamadas metas do milênio da ONU para 2015 também incluem garantir acesso total à educação básica, promover a igualdade entre os sexos, reduzir a mortalidade infantil, combater a Aids e a malária e assegurar a sustentabilidade ambiental.
“As metas podem ser alcançadas se todos se unirem”, disse Wolfensohn. “Mas isso não está acontecendo no ritmo que deveria”.