O mercado aplaude Antonio Palocci Filho, indicado pelo presidente Lula para ser o Ministro da Fazenda. O Dr. Pedro Malan, ainda dono da investidura, teve palavras de aprovação. O mesmo ocorreu com o presidente Armínio Fraga, do Banco Central. Palocci é uma unanimidade. Aliás, quase uma unanimidade porque alguns jornalistas e radialistas esparsos estão perplexos e, em nome dos milhões de lulistas dizem-se espantados.
Os ilustres sabem-tudo afirmam que Lula e círculo imediato vieram para nada mudar, apenas para agradar e falar ao mercado. Reclamam que Lula não tem dirigido a palavra para os outros brasileiros, interessados em providências práticas para dias melhores: uma chuva de empregos, muitos dólares, segurança total e tudo o mais que elimine a miséria.
Informam que as dezenas de milhões de eleitores votaram em Lula porque eram contrários à política econômica de FHC. A mesma que, agora, é elogiada por Antonio Palocci “sem ressalva”.
Os jornalistas assinalam que as classes médias, os assalariados, os aposentados, os servidores públicos, enfim, a grande massa que fez a vitória de Lula está frustrada com as falas da cúpula petista.
Os caríssimos jornalistas (preconceituosos?) não conseguem digerir os cumprimentos de Malan ao Palocci.
E, do alto de seu púlpito, questionam, em tom de cobrança: “quem acompanha o Congresso só pode concluir que o PT adotou a continuidade e não era essa a mudança esperada pelos eleitores de Lula”.
Ora, os jornalistas se comprometeram com a mudança proposta pelo PT e levaram o povo, de forma direta ou subliminar, a acreditar que era possível sair do purgatório econômico, cheio de incertezas, desemprego e escassez mensal. De repente, acabaria a figura do pobre e todos, pelo menos bem-remediados, estariam no céu. Doce ilusão e, para compensação de consciência, os tais jornalistas, comprometidos com a fala do PT, agora exigem mudança radical mesmo que isso signifique risco de jogar o país no inferno. É profundamente lamentável, trágico e cômico.
Para não aumentar a dor de consciência, desses senhores da comunicação, clama-se à Divina Providência uma dose de humildade para que deixem o novo governo trabalhar, sem pressão desnecessária e descabida. E que sirva de lição: jornalista não é dono da verdade e nem está acima do bem e do mal.
Já pensaram como fica a cabeça do radialista-jornalista comprometido com PT nacional e, ainda, com o PT local?
Por certo vai abandonar a estrela no meio do caminho, com críticas ácidas, ou ficar com os pés em duas canoas: mordendo e, rapidinho, assoprando para garantir as benesses. Tería sido adesista de graça?