O Jacaré mostrou a foto-surpresa: tubulões para recalque da água para a cultura de laranja. O assustador foi a dimensão dos três tubos.
Integrantes da Ong APAGA (Associação de Proteção Ambiental de Gavião Peixoto), acompanhados da guarnição do 2º Pelotão de Polícia Ambiental de Araraquara, participaram da 1ª Expedição Ambiental e Ecológica do Jacaré-Pepira, Tietê e Jacaré-Guaçu, recentemente, visando levantar dados e a atual situação dos rios que pertencem à bacia da região de Araraquara.
O presidente da APAGA, Reinaldo da Silva Lima, explica que a expedição tinha como principal objetivo possibilitar o conhecimento da área de preservação permanente. “Sabemos que esses rios possuem trechos degradados e que precisamos fiscalizar pescadores e empresas que possam estar utilizando a área de maneira irregular e em desacordo com o que é permitido”, comentou.
A expedição durou aproximadamente 12 horas e percorreu cerca de 50 km, sendo composta por seis barcos e 22 pessoas, dentre elas o presidente Reinaldo, o vice-presidente Chico Nagim, o advogado Alba e o biólogo Carlos Procópio.
Foram encontradas redes e materiais de pesca predatória abandonados, além de pescadores amadores. “Entretanto, o que nos causou maior admiração foi ver enormes tubos captando água do Jacaré-Guaçu. Sabemos que a empresa já foi autuada na parte florestal e que o processo está tramitando na Comarca de Araraquara. O DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica – está com o processo de outorga, que pode autorizar a utilização da água por parte da fazenda. Esperamos que proibam essa ação o mais rapidamente possível”, afirma Reinaldo Lima.
Agradecimento
O presidente da associação de Gavião Peixoto agradece o apoio do 2º Pelotão, especialmente do Comandante Luiz Gustavo Biagioni e Sargento Mota, das empresas e pessoas que apoiaram a expedição.
“Essa expedição marca o início de luta contra devastações ambientais. Se não cobrarmos uma mudança de atitudes e batalharmos pela conscientização da população, provavelmente nossos filhos, netos, enfim, as futuras gerações não terão chance de ver as belas paisagens, fauna e flora que pudemos apreciar naqueles dois dias da expedição. Por isso, temos que estar sempre vigilantes”, disse.
Segundo o Comandante Biagioni, embora a expedição tenha encontrado pesca amadora desembarcada – que está autorizada mesmo em época de Piracema -, os dois maiores problemas são a falta de tratamento do esgoto doméstico, que é despejado nos rios e afluentes da região, e a utilização da faixa e margem do rio para fins de agricultura, desrespeitando a mata ciliar.
“Nas próximas semanas realizaremos um trabalho de refiscalização por terra em alguns pontos que, provavelmente, apresentam problemas”, garantiu.
A APAGA tem planos de promover uma segunda expedição em fevereiro, do Rio Mogi-Guaçu a Cachoeira das Emas.
Esgoto no Jacaré
O grande absurdo, nesta região, é o esgoto doméstico de São Carlos (de quase 200 mil pessoas) sendo jogado no rio “in-natura”.
“Não dá para entender o descaso das autoridades do segmento e a morosidade política e administrativa da vizinha cidade”, reclama um defensor da natureza.