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O Tempo que não sei

Léo Rosa de Andrade (*)

O tempo me ocupa e me preocupa. Antes me preocupou para depois me ocupar. É que primeiro me espantei com a percepção do tempo passando. Então, percebendo que a minha vida seria esse tempo que passava, cuidei de me preocupar com o tempo exatamente quanto e como eu me preocupava com a própria vida. A incógnita dessa equação é precisamente determinada: quando acabar o meu tempo, a minha
vida estará acabada. Eu estarei acabado. Não restará mais nada.

Essa atenção ao tema serve para eu administrar meus deveres e prazeres enquanto me situo na duração relativa das coisas no período incessante em que os eventos se sucedem. Então, se me acontece A Sinfonia do Tempo, vídeo criado pelo grupo Science and Nonduality (Ciência e Não-Dualidade), que pretende “representar um novo paradigma científico, com base na Física Quântica, trazendo uma nova forma de ver o mundo, como um todo, e não mais separado como a Física Clássica” (http://migre.me/kMoqb). Abaixo, a decupação: “Nossa experiência de tempo é uma ilusão, não há relógio lá fora, no mundo. Não há relógio, mantendo o tempo! Não há relógio no mundo afora! O espaço e o tempo são apenas ferramentas para o nosso entendimento. O tempo é apenas um conceito,
uma ilusão, uma construção da mente. O conceito de tempo cria o que chamamos de Eu. O que será o Eu sem tempo? A única razão para o tempo existir é para tudo isso não acontecer de uma só vez. Sua mente tem a capacidade de colocar tudo isso junto e construir a realidade.

O tempo é como uma supercola, mantendo a nossa história organizada, enquanto caminhamos neste mundo. Enquanto caminhamos pelo mundo afora! A ciência diz que o espaço e o tempo são esses objetos externos. O que precisamos fazer é reajustar o nosso modo de pensar. O conceito de tempo cria o que chamamos de Eu. O que é o Eu sem tempo? Para todos os seres humanos o tempo é de extrema importância. E talvez seja uma das principais características que nos diferencia dos
animais.

O tempo impulsiona nossa vida a cada segundo, de uma forma inimaginável. É um dos maiores mistérios da natureza! É o tempo que nos faz humanos e nos constitui.
O tempo também é íntimo, ele vem de dentro. Desde o relógio Solar até os relógios atômicos podemos medir com precisão o tempo. Mas o que é o tempo? Será que o tempo tem um começo ou é eterno? Isso é o verdadeiro desconhecido.

Que horas são? Não é tão simples como costumamos pensar. Este é um problema que tem nos confundido. Nossa percepção do tempo pode mudar, o tempo pode acelerar ou desacelerar. O tempo é apenas um conceito, uma ilusão, uma construção da mente. O conceito de tempo cria o que chamamos de Eu. O que sou eu sem o tempo? O tempo é uma supercola, mantendo a nossa história organizada enquanto caminhamos nesse mundo. Enquanto caminhamos nesse mundo!”

Fiz o vídeo rodar muitas vezes, e já estava entendendo alguma coisa. Compreendi que como o tempo é algo fora de mim, eu dele formo um conceito e, como qualquer conceito pode ser mudado, eu posso perfeitamente compreender o tempo de modo diferente do que aprendi. A ideia de tempo seria ideológica, pois. Também me ficou claro que o tempo está em mim, me constitui. “O tempo é a substância de que sou feito” (Jorge Luis Borges). Sobretudo compreendi que devo entender o tempo dentro da unicidade da Física Quântica, não do mundo em compartimentos, como sempre o
explicou a Física Clássica.

Aí, Dafner SH comenta o vídeo, lá no Facebook: “Interessante, mas faltou diferenciar o tempo (1,2,3,4 segundos) enquanto dimensão física, do tempo (passado, presente, futuro) enquanto base do livre-arbítrio e da noção do “eu”. São coisas completamente diferentes. Como livre-arbítrio em sentido estrito não existe, então, estou me referindo ao seu conceito amplo, como uma vivência ou impressão”.

Pronto, confundiu-me tudo outra vez. O tempo teria uma dimensão física? O que tenho de livre-arbítrio seria baseado no tempo? Maldito comentário! Baralhei minhas conclusões. Pus-me surpreso com minha ignorância sobre a grandeza do assunto.

Tempo me preocupa e me ocupa, contudo, como precaução. Agora, algo novo se me põe: pensar no tempo é perda de tempo ou é algo que convém?

(*) É Doutor em Direito pela UFSC, Psicanalista e Jornalista.

Foto Ilustrativa – Imagem de photoangel no Freepik

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