2001 – Ano Internacional da Solidariedade.
O mundo se preocupa e anda agitado por muitas coisas. Porém… uma só coisa é necessária. É preciso escolher a melhor parte, aquela que “não lhe será tirada.”
O homem precisa reencontrar a hospitalidade…
O homem precisa reencontrar o equilíbrio entre o SER e o FAZER!
História da EBA
“Ao contrário do que se costuma fazer nas Escolas de Belas-Artes, não se quis, em Araraquara, ensinar aos alunos as pequenas receitas que fariam deles uns amadores medíocres. Tentou-se desenvolver em cada um a curiosidade pelos problemas da pintura, de modo a terem todos possibilidades de se exprimirem com acertos e sem preconceitos. Deu-se inteira liberdade aos estudantes, não se lhes exigindo que pintassem ou desenhassem em obediência a tal ou qual mestre. Uma tal orientação didática não era apenas uma orientação certa: era uma revolução.
Os resultados aí estão. Boa parte das moças e rapazes que se apresentam agora em São Paulo, poderiam figurar nos salões modernos da capital em igualdade de condições com os que costumam aqui expor. E, o que me parece mais importante, em nenhum dos jovens expositores se observa a presença do professor.”
(Sérgio Melliet crítico de arte – 1952)
“A arte é o esforço para concretizar no real o ideal do ser.”
(Lafayette C. Toledo)
“Apenas ficarão as palavras…
Vâs palavras
Que convergem
Nossos clamores letais
Palavras longe dos demais”
(Sidney Rodrigues)
Escola de Belas-Artes de Araraquara.
Final da década de 20: Começa a funcionar a EBAA, criada por Bento de Abreu Sampaio Vidal, subvencionada pelo município.
1935: Quirino e Hilda Campofiorito, casal de artistas do Rio de Janeiro, é convidado pelo presidente Bento de Abreu a dirigir a EBAA. Entretanto, a escola fecha, por falta de apoio financeiro.
Nasce o Núcleo de Belas-Artes de Araraquara. O professor Eduardo Bevilacqua é o diretor. Logo é sucedido por Mário Ybarra de Almeida.
Mário Ybarra de Almeida
Mestre e doutor em Belas-Artes, tal qual o pai, Almeida Júnior.
Aos 15 anos ingressou na Escola Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro. Estudou pintura, desenho geométrico, escultura, modelagem, entalhamento, história da arte e arquitetura.
Formou-se em Belas-Artes e Arquitetura. Na Europa, continuou seus estudos, tornando-se mestre e doutor em Belas-Artes, em escolas francesas, italianas e holandesas.
Como professor e diretor da EBAA trabalhou, sem cessar, para que a escola fosse reconhecida “de nível superior”. Luta vã.
“Nossa sociedade perdeu a arte de pensar por imagens. Nosso pensamento é predominantemente discursivo, verbal, linear. Entretanto, há mais realidade numa imagem do que numa palavra.”
(J. Campbell)
1936: realiza-se o primeiro Salão de Artes. Anualmente, o fato se repete e Araraquara desponta como pioneira. Mas, em 1941, fecha novamente.
1948: Comendador Hélio Morganti oferece apoio e a EBAA volta à atividade: curso regular de três anos, formando professores de desenho e artistas.
1950: 12 alunos diplomam-se pela EBAA. É a primeira turma. Arthur, Astir, Amêndola, Ernesto, Judith, Julieta, Lucila, M. Cecília, Rosalina, Sidney, Yolanda, Wilma… jovens cheios de idealismo, dirigidos por Mário Y. de Almeida e conduzidos por Lafayette, Aracy, Dr. Granata, Pezza, Romagnoli…
Lafayette Carvalho de Toledo
“Admiro, no setor da artes, o trabalho e a ação dos jovens dessa terra, que tudo fazem para melhorar as condições culturais do meio em que vivem. O que eu desejei ser, não consegui alcançar; o que sou não dependeu de mim.”
(L.C.T.)
Cursou o Liceu de Artes e Ofícios, a Escola Profissional Masculina e a Escola de Belas-Artes de São Paulo.
Em 35 ingressou na EBAA. Foi um dos responsáveis pela manutenção do Núcleo de Belas-Artes de Araraquara.
Permaneceu na EBAA até seu fechamento, tendo sido seu diretor três vezes e Professor de História da Arte e Estética, de 48 até 68.
“Lafayette lembra que a escola ficou muito conhecida em São Paulo, depois que uma turma de alunos seus realizou uma exposição no Museu Assis Chateaubriand. Foi um baque, uma bomba. Eles nunca poderiam imaginar que no interior se encontraria um grupo de artistas com tanto talento, modernos. A apreciação dos críticos e dos artistas foi a mais elogiosa possível , conta ele. Mas lamenta que não houve repercussão no resto do país. Infelizmente, diz, predomina no país a preocupação com três coisas: futebol, carnaval e samba. Para a Escola de Belas-Artes de Araraquara foram tempos de glória, aqueles: personalidades vieram à cidade, entre as quais o crítico Sérgio Milliet, para fazer conferências; artistas de boa parte do país participaram dos salões de arte.”
“A arte é a expressão mais pura da alma, é a terapia apropriada nos dias conturbados de hoje.”
“O lar do homem é o sonho. E o sonho não mora em lugar algum. Todas as ruas , todas as paisagens, todos os lugares são o endereço dos ciganos e dos sonhos. Não conseguiram ainda desenhar a geografia e o mapa-mundi do coração e da fantasia.”
Aracy Nogueira
“A Arte é uma luz, protegida pelo Centro, irradiando permanente energia e aquecendo nosso mundo artístico”.
Aos 84 anos, lúcida, muito lúcida, trabalhando… amando sua arte, sua família, seus amigos. Recebendo com o mesmo carinho da profª. Aracy dos tempos do querido Instituto de Educação Bento de Abreu!
“O trabalho é a fonte de energia do ser humano”.
(Aracy Nogueira).
Que lição de respeito e de Amor! Que terra transformada em solo fértil! Sorriso, ação, compreensão fraterna, gerando bem-estar e felicidade para os que a cercam!
“Meu coração precisa do seu…
Por uma questão de sobrevivência.”
Com que carinho cita Quirino e Hilda Campofiorito!
“Eles foram meus primeiros professores, não só ensinaram, como uniram a turma da Escola de Belas-Artes. Até hoje mantemos contato uns com os outros. Tudo o que sou devo a eles. Sou eternamente grata ao casal Campofiorito!”
Uma luta solidária, nunca solitária!
Com que respeito Aracy cita Lafayette! Com que ternura fala do amigo Sidney! Com que despreendimento de Astir Jorge! E tantos outros…
“Como na festa das tendas (Mateus 13,54 – 58), a expressão da Cultura de cada povo é um momento onde a vida se realiza no seu esplendor. É um momento de descanso e um momento de recobrar as forças”.
Onde está o seu tesouro, aí está o seu coração, querida Aracy.
Apenas as grande almas, aquelas que estão além do que é perecível e transitório fazem referências tais… sem medo de apagar seu sol.
“Meu coração precisa do seu… por uma questão de sobrevivência.”
“A Arte para mim é a satisfação íntima que nos impulsiona à criatividade. Para os iniciantes aconselho perseverança. Aproveitem o dom que DEUS lhes deu e terão a alegria de se sentirem realizados com o que serão capazes de fazer”.
Pela lição qualitativa de vida, nosso respeito: “A fé é um risco, mas parece-me que é um risco muito maior o não ter fé”.
1951: Hélio Morganti traz da Itália Domênico Lazarini, para ministrar aulas de pintura. Até 1963, 12 anos de muita atividade.
DOMÊNICO LAZZARINI
Lazzarini nasceu na Itália. Veio para o Brasil, contratado para lecionar na Escola de Belas-Artes de Araraquara, onde permaneceu durante 5 anos.
Graças a seus ensinamentos é que artistas araraquarenses expuseram no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1952 e 1954, com comentários elogiosos dos críticos da capital.
É fundador da Escola de Belas Artes de Ribeirão Preto. Expôs no Salão de Arte de Lucca, nos anos de 1946, 47 e 48. Participou da Exposição Nacional de Pisa, do Salão de Pintura de Torre dell Ago Puccini e da Exposição da cidade de Florença. Depois disso, participou de exposições em Roma, Veneza, Nice, Milão, Viareggio, Miami, São Paulo, Ribeirão Preto e Rio de Janeiro.
Em Araraquara, ficou por pouco tempo. Mas, tempo bastante, para deixar sua marca dentro das Belas-Artes.
“A pintura de Domênico Lazzarini, em que o elemento cromático dominante é justamente o branco, aparenta, como queria Renoir – veja que maravilhosa coincidência aquele ‘joli effet’ não ultrapassado por qualquer outro. Vem se caracterizando, essa pintura, por austera, racional estruturação nada nela é deixado ao acaso, tudo obedecendo a um plano de construção previamente elaborado – e, por notável economia no emprego das cores, que se reduzem a quatro ou cinco tonalidades somente.
É que a arte de Lazzarini, estribada, diga-se de passagem, em bons conhecimentos técnicos, num momento em que preocupações de tal natureza mal costumam assaltar nossos pintores, não se entrega a uma só vez aos que a procuram, requerendo, muito ao contrário, convívio íntimo e prolongado.
É uma pintura calma e cheia de sobriedade, sem arroubos de grandiloqüência e sem acentos dramáticos. Microcosmos tranqüilos, aos que o souberem examinar, com minúcias e amor, não serão certamente poupados motivos numerosos de verdadeiro prazer estético”.
1963: realiza-se o último salão de Belas-Artes.
1969: Não conseguindo o cadastramento no Ministério da Educação e
Cultura (MEC), a EBAA encerra seus cursos.
Profª Terezinha Bellote Chaman
“Não são os lugares que dignificam os homens…
Os homens é que dignificam os lugares que ocupam!”
“O amor não pode ficar sozinho desse jeito nada justifica.
O amor tem que ser posto em ação
e essa ação é o serviço.
Como pomos em ação o amor a DEUS ?
Sendo fiéis à nossa família,
Aos deveres de que DEUS nos incumbiu.
Qualquer aparência que tenhamos,
quer sejamos capazes, quer incapazes,
ricos ou pobres
não é quanto fazemos,
mas com quanto amor o fazemos – partilhar com os outros uma vida inteira de amor!”
(Madre Tereza de Calcutá)
Obrigada, Senhor, por ter permitido a realização deste trabalho.
Ao Jornal de Araraquara, parabéns pela iniciativa, que ora se concretiza.
Obrigada a todos que nos deram apoio.